capítulo 5: sobre atitudes precipitadas

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Uma sexta-feira sem aula é tudo que eu menos queria

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Uma sexta-feira sem aula é tudo que eu menos queria. Isso significa aguentar o meu pai por várias horas seguidas.

Agora mesmo ele está jogado sobre o sofá, roncando alto.

Sigo para o meu quarto após ter preparado o jantar com o pouco que consegui comprar com alguns dólares, que encontrei dentro da carteira do meu pai. Ele nem percebeu que peguei e isso me encheu de alívio. Ser espancada por roubar meu próprio pai não está na minha lista de opções, mas foi preciso.

Isso só me faz chegar à conclusão de que preciso trabalhar, estagiar, qualquer coisa.

Sigo para o quarto, deitando de lado sobre minha cama. Encaro a parede branca e lisa, então puxo o porta-retratos de cima da minha escrivaninha.

Minha mãe era linda. Seu rosto me encara sorridente direto da foto tirada há muitos anos atrás, quando ela era uma simples adolescente aproveitando um dia na praia com os amigos.

Sua família a desprezou assim que ela se casou com o meu pai. Eles não aceitaram que, ao invés de um cara rico, minha mãe tenha escolhido um simples carteiro, então ela deixou de ser a filha querida e se tornou a filha rebelde, esquecida rapidamente pelos pais. Depois, eu nasci.

Éramos felizes apesar das dificuldades e eu costumava rir com frequência. Meu pai também era um cara feliz. Quando minha mãe se foi, ele explodiu. E eu me tornei o bode expiatório de sua dor. O vazio cresceu dentro de mim, assim como a raiva que eu sinto pelo meu próprio pai.

Eu não tive culpa. Só queria que ele entendesse isso.

Esfrego as lágrimas traidoras em meus olhos e acendo a tela do meu celular, vendo as horas.

21h14min

Nesse momento o Phoenix Leader está jogando no estádio e até consigo imaginar os meninos sob os refletores enormes.

Carter está lá.

E eu estou aqui; entediada como sempre.

Com uma baita ideia maluca na cabeça, procuro um número em minha agenda telefônica; o único, na verdade, depois do número da ambulância e da polícia para casos extremos.

O nome de Rebeca está sob meu dedo e eu abro a caixa de mensagem, digitando algumas palavras.

Agradeço mentalmente a essa garota por ter insistido para eu gravar seu número.

Eu: Oi.

Ponho o celular em cima da cama e encaro a paisagem do lado de fora da minha janela, pensando no que acabei de fazer.

O celular vibra sobre o colchão.

Tremendo de ansiedade, eu o pego novamente.

Rebeca: Oi. Tudo bem?

Perigo IminenteWhere stories live. Discover now