6ºCapítulo

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Três dias se passaram e eu não tinha uma única gota de sangue no corpo. Já mal me conseguia levantar do chão de terra batida da cela.

Mas por estranho que pareça, eu não pensava em sangue. Pensava na Alicia, queria que ela estivesse comigo, sei que me sentiria bem com ela ao meu lado.

A Kyra foi fazer-me uma visita:

- Como é que estás, Zayn?

- Como é que achas que estou?- disse, fraco.

- Custa-me tanto ver-te assim, Zayn... Mas, foste tu que escreveste o teu próprio destino. Tu é que quiseste acabar aqui.

- Não me venhas com essas tretas, Kyra! Foi o teu marido que me pôs aqui, não fui eu que lhe pedi!

Ela abriu a porta da cela e veio sentar-se, no chão de terra batida, ao meu lado. Ela arriscou esta atitude, porque sabia que eu mal tinha forças para me levantar:

- O Liam contou-me que tu conheceste uma rapariga. É aquela de que a Layla falou?- ela pousou a mão no meu rosto e fez-me uma carícia.

Não respondi. Na minha mente, só me apetecia matar o Liam:

- Como é que ela é? É bonita?

- Ela é cega- sorri ao lembrar-me dela a tocar na minha pele, para me tentar ver.

- Cega?! Coitada.

- Ela disse-me que eu era bonito, mesmo sem me ver.

- E tu és muito bonito, Zayn. Ela deve ter-te feito tão bem, eu nunca te vi com um sorriso tão genuino.

- Mal a conheço e só sei que nem a Pearl me fez sentir assim.

Ela agarrou na minha mão, mas eu estava tão fraco, que nem consegui retribuir o aperto.

Ela olhou-me com pena e deu-me um beijo na testa:

- Tenho tanta pena de ti, Zayn. Se sobreviveres a este encarceramento, tens uma força incrivel.

- Kyra, se eu não sobreviver a isto, irá ser melhor assim. Se eu morrer, talvez tenha paz.

A Kyra começou a chorar, apertando a minha mão contra o rosto dela, nós éramos os melhores amigos. ela vinha ter comigo quando estava preocupada com o Liam ou quando queria que eu a ajudasse em alguma coisa. Ela e o Liam eram a única familia que eu tinha:

- Não digas isso, Zayn. Tu tens pessoas que gostam de ti e que te querem aqui junto de nós.

Fechei os olhos e respirei fundo. Eu era um monstro há quase 800 anos e tudo o que eu queria era um pouco de paz:

- Kyra, posso pedir-te um favor?

- Sim, tudo o que quiseres, Zayn.

- Corta-me os pulsos, por favor. Se eu ficar sem sabgue no corpo, entro em coma e não dou pela passagem dos dias. Eu vou ficar mais louco do que já estou, se continuar acordado.

Ela tirou um pequeno punhal do cinto, pegou na minha mão e cortou o pulso, fez-me o mesmo na outra.

Antes de eu adormecer completamente, ela despediu-se de mim:

- Descansa em paz, Zayn.

Fear of BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora