13ºCapítulo

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- Continuas gelado, como da última vez- ela deslizou a mão pela meu maxilar e eu aproveitei para lhe dar um beijo na palma.

- É o truque para o meu charme natural, ser frio- ironizei e ela riu-se.

A Kylie estava a olhar para nós, e como percebeu que estava a mais, saiu para as traseiras.

- Queres ir dar uma volta comigo?- perguntei.

- A pé?

- Não, vamos na minha mota, eu não gosto de andar a pé. Espero que não tenhas medo.

O sorriso dela aumentou e aí percebi que ela era apaixonada por motas, levei-a para junto da minha, dava para ver que estava feliz:

- É uma Harley, mas o meu modelo é muito melhor. É pena, que depois do acidente, eu nunca mais pude andar na minha- ela entristeceu.

- Não vamos falar de coisas tristes! Eu vou levar-te num dos melhores passeios de mota da tua vida. Prometo-te.

Ajudei-a a pôr o capacete e subimos os dois para a mota, uma sensação de calor atingiu-me quando percebi que ela tinha os braços á volta da minha cintura.

Olhei para ela e perguntei-lhe:

- Pronta?

- Já nasci pronta.

Acelerei para fora da movimentação frenética da cidade, o vento que nos batia na cara transmitia uma verdadeira sensação de liberdade.

Eu sentia-me bem em cima da minha mota, sentia que podia fazer tudo, que podia ser tudo e viajar para todos os sítios sem que ninguém me impedisse. A Alicia estava tão feliz, com aquela liberdade, os pensamentos dela estavam luminosos, o que me deixou contente comigo mesmo, fazendo-me pensar nas poucas réstias de humanidade que ainda havia em mim.

Parámos num restaurante á beira da estrada, ao almoço:

- Quero levar-te a um síto especial.

- Que sítio?- perguntou-me, enquanto metia uma folha de alface na boca.

- É um dos lugares na Terra onde me sinto bem, para onde vou para pensar. É completamente mágico.

- Mal posso esperar.

Acabámos de almoçar, pagámos e continuámos a viagem.

Passadas três horas, chegámos ao destino: aquela era a minha floresta, cheia de árvores altas, rochas antigas e cavernas escuras. Ali era o sítio onde eu sentia paz.

Guiei a Alicia até á clareira, onde estendi um cobertor, para nos sentarmos:

- Está frio aqui. Onde é que estamos?- a pequena mão dela tremia sobre o meu braço.

- Estamos na floresta, o meu paraíso.

- É para aqui que vens pensar? Isto parece realmente pacifico, só se ouvem os passáros- ajudei-a a sentar-se e ela fechou os os olhos, para sentir os sons que eram a alma da floresta.

- Vou buscar uma coisa para te dar. Não saias daqui.

Fui buscar um frasco velho á minha mota e tratei de conseguir cumprir o que tinha em mente.

Quando voltei á clareira, a Alicia esta deitada no cobetrtor:

- Zayn, és tu?

- Sim, sou eu. Já voltei.

Ela olhou para o céu:

- Sabes uma das coisas de que eu sinto mais falta? De ver o pôr-do-sol, dava tudo para voltar a ver um outra vez.

Aquilo entristeceu-me, ela sofria por não poder ver.

Eu decidi animá-la com o meu presente:

- Toma, isto é para ti. Sei que não podes vê-los, mas são lindos- entreguei-lhe o frasco.

- O que são?

- Pirilampos, para te protegerem e iluminarem quando te sentires sozinha.

Queria dar-lhe algo que se tornasse importante para ela, mas que, quando eu estivesse longe a fizesse lembrar de mim.

Ela abraçou-se ao frasco e começou a chorar:

- Obrigada, Zayn.

- Porquê? Não precisas de me agradecer.

- Preciso, sim. Fizeste-me sentir viva e livre outra vez. Sinto-me feliz, como já não acontecia há muito.

Fear of BloodWhere stories live. Discover now