Capítulo 16 - Tensão

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O som do teclado só não era maior que o da música que preenchia a sala de Gaara naquele momento. Era quase três da manhã, mas o sono não tinha se feito presente, e Gaara aproveitava o tempo para terminar de preencher a documentação para o estágio que queria na empresa Suna. Ali estava o seu sonho... Desde o momento em que optou por fotografia, aquele tinha sido o seu mais ambicioso sonho.

Suna era uma empresa de Marketing, ou seja, trabalhava em desenvolver logística, publicidade e propaganda para outras empresas para a divulgação de um novo produto, mudança na imagem de uma pessoa pública, produto ou empresa, dentre outras funções. Há dez anos, ela havia criado um programa para estudantes de fotografia e profissionais da área que tinha o intuito não só de oferecer uma oportunidade única de trabalhar com eles em alguns projetos durante trinta dias, como também dar a chance de se destacarem ali dentro e serem escolhidos para um contrato de dois anos na empresa.

Mas não era isso que a fazia especial para Gaara... era o foco dela. Suna era a responsável pela maior parte dos registros que se tinha de áreas de conflito; se tinha algum lugar do mundo que ninguém ousava ir, era certeza que Suna iria! E ele queria aquilo, queria poder fazer parte daquela equipe! Não seria fácil, é claro, tinha que primeiro conseguir o estágio, depois se destacar, depois dois anos trabalhando no básico e reivindicando seu lugar lá dentro, e só depois disso, quem sabe, conseguisse o que desejava.

Anexou os últimos documentos no site da empresa e respirou fundo ao clicar enviar. Era três da manhã do primeiro dia para envio das inscrições, Pain havia elaborado uma carta de recomendação junto, e Gaara sabia que seu esforço com Konohamaru naquele mês em terminar todos os trabalhos de Hanabi havia pesado na decisão do chefe. Agora, era só esperar e, enquanto isso, começaria o novo trabalho de Ino para a campanha de esportes.

Massageou os olhos, queria tanto dormir, mas o sono não vinha de jeito nenhum... Fechou o computador e foi até à cozinha onde a chaleira já apitava há alguns minutos. Tomou o chá de camomila sem muita esperança; se aquilo resolvesse seus problemas, não estaria acordado ainda, mas quem era ele para contrariar as recomendações do irmão mais velho, não é mesmo? Bebeu com preguiça, encostado na pia e ouvindo o relógio da cozinha contar os segundos. Deixou a xícara vazia sobre a mesa e foi para o quarto, ligou a televisão em um canal qualquer e se cobriu; dormiria quando tivesse que dormir, não adiantava ficar se revirando por isso.

Contudo, o lado ruim dessa impotência era que sua vontade de tacar o celular na parede quando o despertador tocava era quase incontrolável. Sete horas da manhã. Lavou o rosto mais de uma vez, a água gelada apenas o torturando porque acordá-lo, como era a intenção, não fez. Apertou os olhos, irritado consigo mesmo e considerando amargamente ir em um médico como a irmã tanto mandava.

Organizou o material do trabalho e foi o mais rápido possível para a agência. Quanto antes chegasse, mais tempo para cochilar teria antes da reunião com Pain e Konohamaru. Aquele era um dia importante... Pela manhã, discutiriam sobre o novo projeto e, à tarde, Gaara, Ino e o diretor de arte veriam se havia uma forma exata de se fazer as fotos. Além disso, já haviam perdido um dia...

A empresa que os tinha contratado possuía dias certos para planejamento e discussão, e Ino tinha justamente desmarcado a primeira reunião do projeto. Konan não lhe dera muitos detalhes, apenas dito que Ino participaria de audições na companhia de ballet e que não havia como comparecer no dia anterior porque um dos professores havia se disposto a ver a coreografia dela antes para ajudá-la. O cliente não tinha gostado daquilo... Gaara estava na sala enquanto Konan explicava que a modelo havia tido um imprevisto e, como eles sabiam que aconteceria, aquilo não fora visto com bons olhos.

— Essa campanha é importante para a minha empresa. Se a sua modelo não nos vê como prioridade, então sugiro que escolham outra. Nós não podemos contar com alguém que não se dedique a esse trabalho. Sei que é o primeiro trabalho profissional dela, mas, exatamente por isso, eu esperava mais comprometimento.

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