Capítulo 24 - Montanha Russa

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Olá! Postado em dia ;) 

Espero que gostem!


Shikamaru conferiu o relógio pela quinta vez. Se bem conhecia Sasuke, ele chegaria com uma hora de antecedência dependendo do que o havia desestabilizado. Se chegasse no horário, não era tão grave; se chegasse atrasado, provavelmente já havia encontrado um meio de solucionar o problema e, ainda assim, queria sua opinião, mas, se chegasse antes, no meio daquela chuva, Shikamaru ficaria preocupado de fato.

Ainda eram três e meia, conferiu os vinhos que possuía e as taças, Sasuke com certeza beberia, e isso lhe lembrou de checar o quarto de hóspedes. Seria melhor já deixar tudo pronto, pela falta de resposta às mensagens que enviara depois ao amigo, estava com péssimos pressentimentos. O que se comprovou quando a campainha tocou assim que fechou a porta do quarto recém arrumado.

15h48min. Aquilo era preocupante.

Caminhou à porta já se preparando no caminho, mas talvez tenha se preparado de menos porque a imagem de Sasuke ensopado e sem reação lhe tomou bons dois minutos antes de reagir.

— Tsc.. problemático... — Puxou-o para dentro e franziu o cenho ao notar zero resistência.

— Não tinha onde estacionar e eu esqueci o guarda-chuva — ele explicou, indiferente.

— Tá, vem, você precisa trocar essas roupas.

Sasuke não respondeu, jogou as chaves e o celular sobre o sofá de Shikamaru e não o seguiu. Parado no meio da sala, ficou a observar o outro correr ao quarto e voltar com duas toalhas.

— Aqui. Vou deixar umas roupas minhas que sirvam em você no quarto. Se aqueça primeiro e então conversamos.

A falta de resposta era alarmante. Shikamaru tirou o maço de cigarros do bolso e acendeu um com pressa após deixar Sasuke no banheiro e ouvi-lo trancar a porta. Sentou-se na poltrona próxima à janela e fumou em silêncio enquanto tentava buscar na mente alguma vez que já havia visto Sasuke em tal inércia. O som da música clássica o fez encarar o celular no outro sofá, e ele se levantou para pegá-lo. Não atenderia, tinha um senso de privacidade muito parecido com o de Sasuke e sabia que o outro odiaria que o fizesse; mas, considerando o estado do outro, não se culpou nada por verificar o nome de quem enviava as mensagens na tela bloqueada.

Era o pianista, mas isso não lhe dizia muita coisa. Deixou o celular no mesmo lugar e voltou a tragar o cigarro enquanto andava pelo cômodo. Ignorou o som da porta do banheiro sendo aberta e esperou pacientemente até que Sasuke entrasse no quarto para se vestir. Seria melhor guardar o vinho ou Sasuke se embebedaria mais que o normal. Chegou a segurar a garrafa para retirá-la da mesa de centro, mas parou, estático ao ver Sasuke.

Ele estava no corredor, bem na entrada da sala, o ombro e a cabeça apoiados na parede numa postura de desistência, mas não era isso que chamava sua atenção a ponto de quase derrubar a garrafa... Sasuke estava com os olhos sem foco, baixos, o rosto pálido, nas mãos ele segurava a camiseta de manga comprida que lhe havia separado, deixando o tronco à mostra. O corpo estava repleto de marcas, pescoço, tórax, ombros, e Shikamaru não duvidava que as costas devessem possuir mais dos roxos e vermelhos que lhe coloriam a pele como tinta em uma tela em branco.

A camiseta caiu no chão, Sasuke engoliu em seco, o olhar ainda perdido num ponto qualquer enquanto erguia as mãos aos ombros e ao pescoço. Shikamaru viu o corpo dele escorregar pela parede até o chão, os braços abraçarem o corpo de forma protetora, apagou o cigarro no cinzeiro da mesa de centro antes de ir até ele, abaixando-se com cuidado. Hesitou em tocá-lo. Aquela não era uma cena comum, em nenhum sentido. Sasuke nunca tinha aparecido tão abalado e havia as marcas, marcas que ele, em todo o tempo que tinha namorado Sasuke, nunca conseguira fazer, marcas que Sasuke abominava e não permitia...

Não pare a MúsicaWhere stories live. Discover now