Arruma o colarinho.
"Impossível,Otávio..."
Fecha o colete.
"Só preciso que aceite"
Abotoa o último botão.
"Não vão nos deixar entrar na igreja"
Põe a gravata.
"Não precisamos de uma igreja, se me disser que sim já é mais que o necessário."
Penteia o cabelo.
"Diga que sim"
- Luccino,posso entrar ? - Mariana bate na porta,Luccino se vira pra ela,dizendo que sim. Mariana entra no quarto e se aproxima. - Você está lindo!
- É apenas um terno novo.
- Mas o motivo pelo qual comprou é que te deixa mais lindo. - Ela se aproximou dele e acariciou suas bochechas.- Como se sente ?
- Sinto que vou explodir, não é como se eu tivesse esperado a minha vida inteira por isso,mas agora que veio, me parece tão...inédito. - Luccino sorria fracamente.
- Finalmente você encontrou a felicidade,meu amigo. - Mariana o abraça. - Está pronto pra caminhar pelo altar ?
- Quase. Eu não consigo lidar com esta gravata. - Luccino se virou pro espelho.
- Deixa que eu ajudo. - Mariana o virou e se colocou a fazer o nó da gravata. - Está ansioso ?
- Muito...sabe o que sempre achei estranho ? Homens demoram muito pouco para se arrumar em seus casamentos,e as mulheres passam o dia se enfeitando pra casar.
- É...por acaso quer que eu te maqueie ? - Riu Mariana, Luccino negou e tentou explicar,mas Mariana o interrompeu. - Estou só brincando, até porque você não precisaria de maquiagem, só o seu sorriso já te deixa perfeito,Luccino. - Mariana acariciou o rosto sorridente e doce de Luccino.
- Mariana, Luccino - Flávia abriu uma fresta da porta. - O carro chegou, está na hora.
Otávio respirava ofegante na oficina de Luccino, que fora toda arrumada, as ferramentas e peças foram todas movidas para o segundo andar. As Benedito - que ficaram empolgadas com a ideia do casamento - lideradas por Mariana, arrumaram todo o lugar,limparam o chão, dispuseram as cadeiras e até mesmo fizeram quitutes para a festa dos dois, Brandão iria oficializar o casamento. Os poucos convidados - que prometeram sigilo da cerimônia - foram chegando e se acomodando.
Família Benedito. Família Bittencourt. Família cavalcante e família Pricelli. Januário,Ludmilla e Mariko. Vinte e um convidados.
Pensou Otávio enquanto admirava nervoso o pessoal se ajeitar nas cadeiras, nenhum dos rostos demosntrava estranheza ou desaprovação, era como se todos ali estivessem apenas em um casamento normal.
- O que foi, Major ? Está nervoso ? - Brandão se aproximou de Otávio.
- Todos eles...parecem ter aceitado tão bem o meu casamento com Luccino, como se fosse a coisa mais normal do mundo. - Otávio ainda mirava as pessoas, preocupado.
- É porque eles estão aqui pra celebrar o amor de duas pessoas, uma nova forma de amor. São pessoas que entendem o que é a dificuldade para encontrar um amor e poder vivê-lo. - Brandão sorriu para Otávio.
- Eu nunca pensei que me casaria numa oficina, ou que meu coronel seria o oficializador da cerimônia, ou que eu me casaria com um homem. - Otávio se sentou num banco. - Mas o Luccino...ele me trouxe pra outro mundo, pra outra realidade, a minha realidade.
