Ciúme

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  Na casa do Coronel Brandão, estavam reunidos ele, sua esposa Mariana, seus amigos, Luccino e o Major Otávio, sua cunhada Cecília e seu marido Rômulo. Fazia tempo que Mariana não via sua irmã e seus amigos, afinal quando viajava ao lado de Brandão, acabava levando a saudade na mala.

E agora, de volta ao Vale do Café, os seis amigos desfrutavam de suas companhias com boas histórias e uma taça ou duas de vinho.

— Ai, Mariana, deve ser um sonho viajar o Brasil inteiro dentro de um aeroplano. — Exclamou Cecília, que invejava a coragem da irmã que vivia as aventuras que ela só via em livros.

— Na verdade, deixou de ser sonho e virou realidade. — Mariana disse, convencida. — É tudo que eu sempre quis, viver aventuras, ao lado de um homem igualmente aventureiro. — Suspirou apaixonada e beijou seu marido. Todos da sala visualizaram a cena com afeto.

— Mas nada se compara a alegria de voltar para o lar e para a família, — Suspirou Brandão, e olhou para a direção do italiano. — falando nisso, Luccino, onde está meu filho ?

— Está dormindo no quarto, hoje eu vim arrumar tudo para a chegada de vocês, com a ajuda do major Otávio. — Luccino apontou com os olhos para o major. — E o pequeno caiu de sono, antes de vocês chegarem.

— Mas amanhã de manhã terá uma bela surpresa. — Garantiu Otávio, tomando um gole de vinho.

— Vocês são a família mais diferente que já vi, Victor. — Rômulo disse sorrindo. — Eu não sei se conseguiria deixar o Mário sozinho por tanto tempo.

— Morremos de saudade do Brandãozinho, mas ele ainda é muito pequeno para ir conosco nas  viagens, quem sabe quando ele fizer uns...cinco anos. — Mariana colocou a mão no peito ao declarar.

— Quem diria, não Mariana ? Você casada e com um filho do grande e "enfadonho" Coronel Brandão. — riu Cecília, lembrando da época que Mariana não queria nada com o seu atual marido.

— Eu disse isso ? — Se fez de rogada. — Não me recordo.

— Sabe, minha irmã, até eu cheguei a duvidar que algo entre você e o Coronel fosse acontecer. — Cecília tomou um gole de vinho. — Pensei até que você poderia descobrir um novo amor, como daquela vez que você me contou que o Luccino tinha te beijado e...— Cecília não terminou a frase pelo barulho de engasgo que veio do Coronel e do Major. Luccino e Mariana se entreolharam, pensando na confusão que isso traria aos dois.

— Eu acho que chega de vinho pra você, minha querida. — Rômulo tirou a taça dela delicadamente e colocou na mesa. — Eu acho que deveríamos ir agora.

— Sim, eu também acho. — Cecília estava envergonhada de revelar aquilo diante da reação que obtivera.

Ela e Rômulo se despediram e saíram da casa. Aos estarem sozinhos, os dois militares olharam para seus companheiros.

— Então, vocês tem alguma explicação plausível pra essa história ?  — Brandão cruzou os braços enquanto se sentava de frente para Mariana.

— Nós temos. — Ela garantiu e olhou pra Luccino logo depois. — E vou lhe explicar, mas antes...

— Otávio podemos conversar em casa ? — Luccino se virou para o companheiro, este que não sabia bem a reação que deveria ter, mas ainda sim, assentiu.

Os dois se despediram com um aceno e saíram pela porta. Mariana suspirou.

— Então, qual é a explicação ?

— Primeiro, Cecília falou a verdade. Segundo, quando Luccino me beijou nós dois nem tínhamos nos acertado ainda.

— Então eu acho que desconfiei do homem errado, não foi Mário que me traiu, foi Luccino. — Brandão usava de um tom misturado de zombaria e raiva.

Contos LutávioWhere stories live. Discover now