3. As regras

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Vou começar falando que eu não boto nessa fanfic, mas eu vou continuar escrevendo porque eu gostei muito da história. Mesmo que ninguém esteja lendo eu vou escrever.

Pi...pi...pi...pi...

Finalmente o menino desce para o primeiro andar da casa. Depois de um longo tempo observando a bela e florida casa, Hoseok vê o garoto sorridente descendo levemente as escadas, como se nada tivesse acontecido antes. Hoseok realmente não deveria se meter na vida do garoto, mas o mesmo era um ser humano tão curioso que fazia com que Hoseok cogitasse quebrar uma de suas malditas regras. As 10 regras do casamento Jung. Ele nunca as quebrava. Mas agora não existe mais casamento, e consequentemente, não existe mais regras.

As 10 regras:

• não olhar pra um homem/mulher na presença de seu companheiro;

• não perguntar nada a menos que seja um atendente de alguma loja ou pra pedir informação;

• nada de roupas muito curtas ou apertadas;

• não pode ter senha no celular;

• nunca ser curioso com outra pessoa;

• apenas amigos heterossexuais;

• não ter mais de 100 contatos no celular:

• apenas aplicativos necessários;

• não brigar em público;

• tudo deve ser na base de confiança;

Essa última sempre intrigou Hoseok. As outras regras estavam literalmente dizendo que um não tinha confiança no outro, mas a última falava que tudo deveria ser na base dessa tal confiança que Hoseok desconhecia. Ele sempre acreditou em sua esposa, e quem criou as regras fora a mulher. A ex-esposa que ele tratava como uma rainha, dava pra ela tudo que a mesma queria. Sem nenhuma exceção. Sempre a amou com todo o seu coração, mas agora ele só sente ódio.

Ódio dela, por ter o traído. Ódio dele mesmo, por nunca ter percebido que não era o suficiente para a mulher. Sempre que passava na frente de seus amigos exibia sua maravilhosa esposa, e todos olhavam como se soubessem de algo a mais. E todos sabiam. A mulher já havia passado o rodo em (provavelmente) todos os homens da cidade, tudo por baixo do nariz de seu próprio marido. E agora quem sofre as consequências é ele, chorando toda vez que lembra dela, lembra de todos os "Eu te amo" ditos á alguém que não merecia.

Ele volta a focar no garoto que descia as escadas com uma caixa na mão. Parece que ele nem ficou lá em cima por quase meia hora, mas assim Hoseok teve tempo pra explorar muito bem a sala de estar do menino. Tudo parecia muito bem organizado ao ponto de vista de Hoseok. E realmente, tudo era muito bonito, arrumado, cada caixa tinha uma cor diferente, cada armário tinha um papel com os itens presentes nele, e toda a estante era organizada por ordem alfabética, algo realmente impressionante.

- E então... o que foi fazer lá?

- Eu fui pegar esta caixa. Por favor abra.

Ele a abriu com todo cuidado, retirando cada um dos itens como se fossem pedras preciosas que poderiam cair da sua mão a qualquer momento e se quebrar. O álbum foi o que mais o chamou atenção. Era decorado com lantejoulas e glitter, além de ser grande e grosso. Ele deixou tudo na mesa de centro. O garoto o olhava com tamanha animação, como se aquilo fosse o momento mais especial de sua vida, e talvez fosse mesmo. Alguém que estava predestinado a aparecer na sua vida finalmente descobre sobre o seu passado. Nenhum dos dois sabia que tinha sido feito um para o outro. Mas eles iriam descobrir. Com total certeza.

- V-você t-tem Alzheimer? - ele pergunta assustado para o menino que desfez seu sorriso na hora.

- Por favor, não trate como se eu fosse um monstro que vai te engolir agora. Eu só sou um pouco diferente.

- Me desculpe, de verdade. Eu só fiquei um pouco surpreso. Acho que nenhuma das nossas vidas é boa.

- Muito pelo contrário. Eu tenho uma doença grave, mas eu não me impedi de continuar vivendo. Quanto mais coisas a gente passa, mas nós aprendemos a viver.

- E isso quer dizer que...

- Que eu não vou me impedir de fazer algo ou ficar triste. Eu vou mostrar pro mundo que eu consigo. Que eu sou capaz. Que eu posso viver como uma pessoa normal. Só basta querer.

- Entendi. Mas você não acha que precisa trabalhar?

- Bem... Eu acho que tem uma carta dentro da caixa falando sobre isso.

E realmente tinha uma carta. Hoseok leu o pequeno papel explicando porque os pais o deixaram naquela casa e o quanto de dinheiro ele teria. Os pais haviam deixado ele lá. "Monstros". Hoseok pensou, mas guardou esse sentimento pra si. Ele sabia que deveria ajudar o menino, ele, o melhor corretor de imóveis da cidade, ia ajudar alguém. Alguém que realmente precisava. E assim ele fez.

Contou seu plano para a garoto e fizeram um acordo: ele trabalha e ganha dinheiro para sustentar a casa, e em troca ele mora lá e ajuda o menino a não se esquecer das coisas. Sim, isso com certeza irá funcionar. Pelo menos ambos acham isso.

Pi...pi...pi...pi...

Se eu ainda me lembrasse de você • VhopeWhere stories live. Discover now