16. Dor e amor

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Pi...Pi...Pi...Pi...

Dar um passo para dentro da bonita e impecável casa não era tão difícil como na última semana. Dawon recebera alta naquele dia depois de tantos e mais tantos exames feitos. Durante os 10 dias que estivera no hospital pôde conhecer melhor o namorado do irmão e como os dois se conheceram, e ela adorou ainda mais a parte de que o menino, de alguma forma maravilhosamente milagrosa se recuperara da doença, até então, sem cura: o Alzheimer.

Os dois estavam fazendo de tudo para cuidar da mais velha, que agradecia a cada passo que a ajudavam a dar, já que depois de ter sido tão torturada pelos seus pais ela ainda caminhou e atravessou a cidade inteira para chegar á casa que o irmão estava morando. E era nessa mesma casa que ela pensava que iria passar o tempo de recuperação que a mesma necessitava até poder voltar a andar e se mexer como uma garota normal conseguiria.

Ela não imaginava que atrás daquela porta branca de madeira não teria apenas um sofá, uma televisão e todas as outras coisas que qualquer casa teria. Ela não fazia a menor ideia de que todos os seus colegas de faculdade, amigos e - inclusive - sua namorada. Seria uma surpresa e tanto, e todo o trabalho que os dois garotos tiveram pra conseguir convidar todas aquelas pessoas para fazerem uma "simples" surpresa valeria a pena.

Além do mais, Dawon merecia tudo de bom no mundo, porque mesmo depois de tudo o que viu, sentiu e ouviu não abaixou a cabeça para a humanidade e qualquer comentário sobre sua sexualidade ou seja lá o que for não faria ela se sentir mal, apenas seria mais um empurrão dizendo que ela deveria continuar e nunca se diminuir para qualquer pessoa sequer nesse mundo.

Ao subirem o último degrau da pequena escada e pararem em frente á porta branca pediram para a garota se preparar para o que viria a seguir. De início ela não entendeu nada, mas depois que os dois meninos abriram a porta ela abriu um sorriso enorme e já pôde sentir seus olhos marejarem pela emoção de ver todos que ela amava reunidos na casa do namorado de seu irmão.

E os dois cúmplices de toda essa mini festinha estavam felizes e muito animados gritando um "surpresa" extremamente eufórico. Preparar não foi fácil, arrumar tudo depois também não vai chegar nem perto de ser uma coisa de se fazer em menos de 5 minutos, mas ver o sorriso da Jung mais velha em seu rosto valeu e valeria todo o esforço que tiveram e que iriam ter depois que tudo acabasse.

Ela estava mais do que feliz, nem se lembrara de seus machucados quando correu para os braços de seus melhores amigos, fazendo assim os dois atrás de si terem um mínimo ataque de pânico, que logo foi amenizado ao verem que todos ali presentes a seguraram em um grande abraço, que pouco a pouco foi juntando todos ali presentes em um abraço coletivo gigante.

- Maninha, eu sei que você está feliz com todas essas pessoas aqui com você, mas você não tá se esquecendo de ninguém não? - A frase sugestiva do irmão fez um grande ponto de interrogação se formar em seu rosto.

- Acho que não... realmente eu não me lembro, de quem vocês estão falando?

- Hoseok, meu lindo e querido namorado, se algum dia você esquecer de mim, em qualquer ocasião, eu juro que arranco esses fios castanhos e super macios da sua cabeça.

- Oh, mas eu não sou igual a minha irmã que esquece do próprio namorado, ou no caso dela, da namorada.

- Espera... de quem? - Se a garota já estava animada antes, agora ela estava ainda mais.

- Aiaiai bobinha... Soah, a sua namorada é uma abestada e esqueceu de você, mas vem aqui por favor.

A de cabelos negros entra na sala, e seus olhos verdes se prendem no único motivo de ter faltado na faculdade e dispensado o almoço em família: a sua namorada. Todos sabiam o quão apaixonadas eram as duas, se amavam tanto a ponto de sentirem tudo que a outra sente, e talvez por isso no dia em que Dawon sofreu todos aqueles maus tratos, a mais nova passara o dia inteiro em casa por sentir uma tontura e uma dor de cabeça insuportável.

Kim Soah era um ano mais nova que Jung Dawon, as duas cursavam a mesma faculdade, mas em áreas diferentes, Dawon a de Direito Civil, e Soah a de Direito Comercial, mas nada as empedia de ficarem juntas, e dentro da faculdade ninguém as julgava, era até emocionante de se ver.

E naquele momento a única coisa que queriam era abraçar uma a outra e a mais velha apenas queria sentir o perfume do cabelo da pequena, era tão macio, e cheirava á perfume de abacaxi. E o cabelo, antes apenas preto, agora estava com algumas mechas na cor azul. A cor favorita de Dawon.

E como Soah era a única que poderia correr ali, ela foi o mais rápido possível para os braços da amada. Se puxaram para um abraço apertado, que fazia com que os machucados de Dawon voltassem a doer mais um pouco, mas nenhuma das duas estava se preocupando com aquilo naquele momento. Era um abraço repleto de dor e amor.

Hoseok e Taehyung, ao verem aquela cena não se conteram em se abraçarem também, e assim foi iniciada uma corrente de abraços, era tudo tão bonito e contagiante que qualquer um á um raio de aproximadamente 3 quilômetros poderia sentir aquela onda de sentimentos bons.

Era tudo tão maravilhoso que os dois namorados esqueceram do processo em que colocaram o senhor e a senhora Jung por agressão física, verbal e corrupção, porque aquela belíssima rede de advocacia não era formada apenas por pessoa boas, confiáveis e de boas atitudes. E a vida de cada um que trabalhava lá, sabia das coisas e colaborava, desceria ladeira abaixo se dependesse daquele casal que ama, odeia e ama ainda mais em conjunto.

Sempre poderia ser um final feliz, mas nunca é.

Pi...pi...pi...pi...

Próximo capítulo dia 26/12




Se eu ainda me lembrasse de você • VhopeWhere stories live. Discover now