FLASHBACK: Ruby Sheridan

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"Era apenas uma manhã de mais um aniversário em que eu ficava mais e mais velha. Estava em todas as manchetes como Ruby Sheridan se aproximava dos quarenta anos. Talvez uma mulher velha não seja tão grande coisa, foi o que eu pensei.

Donna estava na escola ainda, ela iria se formar esse ano e depois ia fazer uma viagem de dois anos para onde ela quisesse antes de entrar para a faculdade, esse foi o combinado. Vinte de maio de 1978, eu estava com trinta e oito anos completos. Sabia que eu tinha algo para me lembrar mas eu estava no porão de minha casa trancada olhando as lembranças de 1959.

Gostaria muito de ver Fernando mais uma vez, as fotos que eu via, acho que nem mesmo ele se lembrava que existiam. Levantei-me, larguei tudo e subi para o meu quarto deixando para trás aqueles anos todos em que eu esperava ser feliz.

Fui tirada de meus pensamentos quando meu celular começou a tocar, sabia que era Donna, ela estava tão animada em terminar a escola. Minha menininha havia crescido. Por mais que ela odiasse que eu a chamasse de 'Minha Menininha', era involuntário, totalmente involuntário.

- Mãe, me diz que você não esqueceu da minha formatura. - sorri escutando aquilo. Ela estava tão radiante.

- Não, filha, eu não esqueci. Falando nisso, quero te encontrar depois da sua viagem para conversarmos. Tenho algo para te contar.

- Tá bom, mamãe, me conta na volta da viagem é melhor, ok? - ouvi ela e suspirei.

- Está bem, meu amor. Vou desligar e arrumar as minhas coisas para viajar, ok? Te encontro na sua escola.

- Tá, ok mãe! Te amo. - ela desligou e eu olhei o celular.

Subi para o quarto e comecei a arrumar as coisas para viajar. Arrumei apenas o básico, algumas saias, blusas, casacos, maquiagem e assessórios para minha higiene.

Cedo da manhã, estava quase saindo de casa quando olhei para o outro lado da rua e parei, fiquei petrificada, não consegui respirar, falar ou me mover. Fernando estava no outro lado da rua olhando a outra casa.

Dispensei o carro que me esperava, peguei minhas coisas e entrei na casa novamente. Me lembrei que desejei tanto o encontrar novamente, que coloquei a mão na maçaneta, me acovardei, não queria que ele fizesse tantas perguntas, que em algum momento eu abrisse a minha boca e falasse de Donna.

Era um risco que eu não podia correr, minha filha estava tão animada e eu chegar lá e estragar tudo? Nunca faria isso com ela, seria melhor eu não ir. Isso, eu não irei na formatura dela.

Fiquei trancada no quarto, porque com certeza era um castigo de Deus o que estava acontecendo. Só por eu não ter contado à nenhum dos dois que eram família. Isso é um castigo.

Donna a esse horário deveria estar muito triste comigo, triste de mais. Não vou poder ver a minha filha antes da viagem dela, não vou poder.

No dia seguinte, meu empresário me ligou dizendo que eu fui convidada para ir em um programa. Eu aceitei, afinal não ia ficar mais horrível do que eu já estava. Levantei coloquei uma roupa.

Esperei que fizessem meu cabelo, minha maquiagem e sai sem falar com ninguém, apenas segurando meu celular entre as mãos

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Esperei que fizessem meu cabelo, minha maquiagem e sai sem falar com ninguém, apenas segurando meu celular entre as mãos. Meu empresário falava algo que eu não conseguia acompanhar.

- Ruby, querida, o que irá cantar no programa? - ele tocou meu braço e me olhou.

- Irei cantar a minha música nova. - O olhei e vi ele sorrindo. - Vou cantar "Fernando".

México, 1959!Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt