capítulo 6: ouvindo conversas de garotas

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— Ele fez isso? — Geórgia arregala os olhos em minha direção

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Ele fez isso? — Geórgia arregala os olhos em minha direção. — Isso é... nossa, nem sei o que dizer.

Estamos sobre minha cama, à noite, e a janela aberta permite que entre vento suficiente dentro do quarto enquanto nossas mães conversam, lá embaixo. Provavelmente estão bebendo o famoso café amargo do meu pai que todos fingem gostar, inclusive eu, para evitar transtornos desnecessários.

— Ele me tratou como um objeto. — encaro o pôster de Riverdale pendurado na minha parede.

— E você? Não me diga que aceitou ser o brinquedinho daquele babaca!

— Uh, não. Eu jamais aceitaria algo assim. — não sei por que o jamais saiu como uma mentira, mas acho melhor ignorar isso por agora.

— Que ótimo. — ela solta a respiração como se esperasse que eu dissesse o contrário. — Você não pode deixar esse cara se aproximar outra vez. Eu não confio nele.

— Você esqueceu que agora ele namora a Hilary? Essa notícia se espalhou na escola. Até o Sr. Chapman, motorista do nosso ônibus, sabe. — contenho a decepção na voz o máximo que posso.

— Todo mundo está sabendo disso. Eu ouvi a Shelly fazendo a cabeça das amigas contra a Hilary, no estacionamento. Só acho que vai ser muito difícil de isso acontecer e todo mundo sabe por quê.

— A resposta é óbvia. — dou de ombros. — Shelly Harrison pode ser a princesa da escola, mas Hilary é a rainha da colmeia.


***


Ir à escola dia seguinte é como saber que você está condenado à morte e seu dia chegou. Eu sei! Isso soa bem dramático, mas não quero cruzar com o Ben e a Hilary agarrados em um dos corredores e saber que eu nunca vou poder ter um terço disso com ele.

Assisto às primeiras aulas sem qualquer encontro inesperado e tudo corre razoavelmente bem.

— Cailyn, quer um conselho? Chega de ficar se escondendo. Vamos pelo menos aproveitar a hora do almoço. Eu não sei se o meu estômago faminto suporta até às 16. — Geórgia comenta.

— Tudo bem. Vamos. — eu me empurro para fora da carteira e seguimos para o refeitório. Não vou perder o bandejão por causa do casal do momento.

— Você sabe... — mordisco as batatas fritas da bandeja. — Eu vou começar a frequentar as aulas de leitura na sexta, durante a próxima semana. Posso conseguir mais créditos, já que não sou fã de esportes.

— Isso é legal. Eu já estou matriculada na aula de teatro, então não preciso. E você tem mais paciência com essa coisa de livros.

— "Essa coisa de livros" é ótima. Você devia tentar.

— Hm, não. Não sou uma das grandes fãs de leitura clássica. Prefiro algo mais contemporâneo. — abaixa a voz até virar um sussurro. — Algo mais quente que o diretor Stone jamais permitiria aqui.

— Você é terrível. — acabo me engasgando com a comida.

— Você está bem? — ela me encara, preocupada. Bebo um pouco de água antes de assentir.

Geórgia olha para o outro lado do refeitório.

— Olha só. É impressionante o quanto elas fingem se suportar. Acho que tem haver com o status. — ela aponta com um gesto de desdém a mesa barulhenta meio distante da nossa.

Hilary e Shelly parecem as melhores amigas do mundo, eu diria até irmãs. Elas sorriem e conversam, animadas. Alyssa, a mais quieta, está sentada no colo de Carter Brackston e olha para as unhas, completamente alheia ao seu redor. Acho que é a mais simpática das outras garotas. Hope, tão loira quanto Shelly, já que são primas, sorri de alguma coisa que Trenton diz.

Ei. — diz Hilary com um sorriso antes de se virar e praticamente se jogar nos braços de Ben, que está usando uma camiseta do time. Ele faz parte do varsity que disputa os campeonatos

Benjamin é bom em muitas coisas, sobretudo em ser o namorado perfeito para a menina mais popular da escola. Eu me obrigo a desviar o olhar, mas é claro que continuo observando o quanto eles combinam e parecem saídos de um daqueles filmes melosos de amor.

Quando eles se beijam de forma intensa, ignorando os amigos, desvio o olhar. Encaro Geórgia ao invés disso. E como eu pensava, ela está me avaliando, em silêncio, enquanto mastiga seu bolinho de batata.


***


Eu me esgueiro pelo banheiro feminino.

Preciso urgentemente fazer xixi ou sinto que vou explodir nessa calça jeans justa. Procuro a torneira e molho o rosto suado antes de entrar em uma das cabines e passar a trave na porta frágil. Desço a calça, sentando-me na privada e é inevitável um suspiro de alívio.

Observo a luminária retangular no teto antes de voltar os olhos para a porta branca, examinando os rabiscos sem sentido grifados na madeira com marcadores de texto. Vejo algo como "Leslie é uma vaca".

Termino de fazer xixi e subo a calça pelas pernas, antes de meus dedos tocarem a pequena trava da porta.

— Vocês acham que o Phoenix Leader vai ganhar os campeonatos dessa temporada? — arregalo os olhos ao ouvir a voz de Hope e freio meus movimentos.

— Sim. Sem dúvida. O técnico Rogers é muito bom e os meninos são incríveis. — reconheço a voz de Hilary.

Droga. Elas não podem saber que estou aqui. Controlo a respiração e dou um jeito de não fazer qualquer ruído que me entregue.

— Eles têm um grande potencial. — Shelly murmura e eu ouço o barulho da água corrente. Tenho certeza que estão retocando a maquiagem. Quase consigo imaginar Hilary bancando a superior em frente ao espelho enquanto suas amigas a observam e pensam como ela pode ser tão linda, embora seja um poço de futilidade.

— Vocês estão mesmo namorando? — uma das garotas questiona.

— Estamos sim. Ele me levou à casa dos pais ontem e foi perfeito. — consigo imaginar Hilary sorrindo triunfante ao dizer isso. — Depois fomos a um encontro na beira do lago e...

Fico tão curiosa quanto às amigas de Hilary, que soltam um suspiro coletivo.

— Transamos no banco de trás do carro.

Um bolo de decepção cresce no meu peito e só então percebo a minha vontade colossal de chorar. Eles estão mesmo namorando e até foram a um jantar na casa do Ben. E depois... fizeram coisas nojentas no banco de trás de um carro. Logo no carro que eu tenho certeza que o Benjamin morre de ciúme.

Hilary é especial para ele. Muito mais do que eu poderia ser.

Incomodada, destravo a porta da cabine e saio dali, sendo alvo de uma série de olhares chocados. Hilary me lança um olhar assassino antes de eu sair do banheiro e me enfiar no corredor.

Desejo ReprimidoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora