capítulo 21: presenciando uma discussão

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Março

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Março

Benjamin se tornou um estranho para mim. Pelo menos externamente.

Nós nos vemos pelos corredores da escola, mas sem trocarmos uma palavra. Eu pedi que fosse assim, na última vez que nos falamos, e ele respeitou minha decisão. Quanto mais ele falava comigo e eu o ignorava, mais frio ele se tornava com relação a tudo. Ignorá-lo se tornou minha atitude mais frequente. Trocávamos poucas palavras na aula de leitura as sextas, mas não passou disso.

Benjamin continua com a Hilary e eu tento não pensar muito nisso, afinal nosso lance, ou seja lá o que tivemos meses atrás, acabou. Apaguei seu número da minha agenda telefônica, cortei os laços. Continuo sendo a garota invisível da escola e não lamento nem um pouco. A invisibilidade é na verdade, ou ironicamente, uma camuflagem contra predadores em potencial.

— Quando vocês vão assumir o namoro? — Geórgia me encara, conforme seguimos pelo corredor.

— Somos amigos, okay?

— Alex não parece achar isso.

— Acho que ele pensa da mesma forma que eu. Combinamos mais como amigos do que como namorados. Rolou até alguns beijos, mas eu não quis prolongar isso. Não estou pronta pra relacionamentos ainda.

— Discordo totalmente.

— Ele...

— Não é o Clifford, eu sei. — revira os olhos.

— Eu não ia dizer isso, só acho que não posso iludir o Alex. Não quero destruir nossa amizade por algo que não tenho certeza se vai dar certo.

— Para isso, basta tentar.

— E correr o risco de arruinar tudo?

— Mas é justamente assim que funciona um relacionamento, significa correr riscos, brincar com a probabilidade.

— Desde quando você gosta de matemática? — sorrio.

— Eu sei o que você está tentando fazer. Não vai funcionar.

— O quê?

— Essa sua tática em mudar de assunto.

— Por favor, vamos esquecer isso. Quero distância de relacionamentos. O último foi um fracasso.

— Tudo bem, Cailyn. Ignore minha chatice. — ela passa seu braço por cima do meu ombro.


***


O Sr. Castilho está parado em frente ao projetor, descrevendo com entusiasmo a vida e obra de Thomas Keneally.

— Esse incrível romancista passou um bom tempo, em torno de dois anos, entrevistando sobreviventes salvos pelo alemão Oskar Schindler em alguns países, incluindo Estados Unidos, Israel e a Áustria. Com base nesses depoimentos, Keneally recriou a história através de A Lista de Schindler. É valido dizer que os motivos que levaram Schindler a salvar tantas vidas em um cenário de guerra, considerando-se o seu papel, suscita muitas dúvidas até hoje. O que realmente o levou a fazer isso e a, consequentemente, despertar o interesse de Keneally?

Desejo ReprimidoWhere stories live. Discover now