capítulo 12: a melhor decisão

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Metade dos assentos no auditório está ocupada pelos alunos de biologia

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Metade dos assentos no auditório está ocupada pelos alunos de biologia. A Srtª Abernathy discursa com entusiasmo acerca dos variados tipos de vírus e seu potencial letal. As imagens apavorantes de uma garota, vítima de herpes, estão sendo divulgadas através do projetor.

Com uma atitude típica, mordisco a ponta da minha caneta, ganhando um olhar de reprovação de Geórgia, sentada ao meu lado.

— O que está te preocupando?

Ela realmente sabe me ler como ninguém.

— Absolutamente nada. — eu me esquivo.

— Você mente muito mal. Cailyn Shields, minha velha amiga, só morde a ponta da caneta quando está estressada com alguma coisa ou preocupada. Me conta.

— Certo. — eu a encaro, vencida. — Tem haver com o Benjamin.

Ela solta um suspiro de frustração.

— Sempre tem haver com ele. Você sabe muito bem o que eu acho dessa sua relação estranha e conturbada com o Clifford.

— Você ojeriza, eu sei.

— Quem, em pleno século 21, ainda fala ojeriza? — zomba, me fazendo rir.

— Alguém como eu, tá bom. — sorrio. — Voltando ao assunto principal, ele foi ao meu quarto ontem à noite.

— E...?

— Bom, eu finalmente disse o que estava engasgado há muito tempo.

— O que você fez? Transou loucamente com aquele babaca?

— Não! — faço uma careta. — Eu definitivamente tomei uma decisão, após mandá-lo embora. Não rolou nada mais íntimo, se é que me entende.

— Sério que você o afastou? — ela amplia os olhos. — Isso realmente vai entrar para a história americana. Qual foi a decisão?

— Passei a noite inteira me revirando na cama, pensando que isso precisa acabar. Tenho que dar um basta nessa situação de uma vez por todas. Preciso me valorizar mais.

Ela abre um sorriso.

— Você me surpreendeu. E tomou a melhor decisão. Esse cara só ia te afundar. O que ele falou?

— Ainda não falei com ele, mas espero que ele tenha percebido que isso não pode mais seguir em frente. O que realmente me fez acordar foi quando o Ben disse que ama a Hilary.

— Belo banho de água fria. — ela faz uma careta. — Ele é um idiota.

— Ah, é sim.


***


— Meu irmão está me esperando no estacionamento. Quer uma carona? — Geórgia murmura durante a tarde.

Estamos seguindo pelo corredor abarrotado de alunos.

— Eu vou passar na biblioteca. Preciso devolver um livro.

— Posso te esperar.

— Não precisa. Não quero ser a responsável por arruinar o seu momento em família.

— Você não arruinaria. São os preparativos para um jantar com a família da Paloma e eu realmente não quero ser alvo do estresse da minha mãe. Isso ganha uma dimensão assustadora quando ela tem uma meta.

— Então você não pode se atrasar. Tenho uma vasta experiência com mães irritadas. A minha vale por dez.

Geórgia ri.

— Tudo bem. Eu vou indo, então. Tchau.

— Tchau.

Eu a vejo se afastar pelo corredor e pego o caminho contrário, seguindo para a biblioteca. Devolvo os livros que peguei para a senhora Cooper e procuro outros referentes à matéria de história. Depois eu os registro e os enfio dentro da mochila, seguindo para fora da sala enorme.

No caminho para a saída da escola, alguém puxa o meu braço, me fazendo parar.

Fico sem reação ao me deparar com o Benjamin, aparentemente frustrado com alguma coisa. Ele sequer se importa com os demais alunos no corredor e, para quem disse que precisamos manter segredo, essa é uma atitude bem estranha.

Antes que eu possa dizer alguma coisa, ele me corta: — Pensou sobre nós?

— Pensei. — murmuro, tentando não encarar seu belo rosto.

— E...?

— Cheguei à conclusão de que isso não vai dar certo. Precisa acabar.

— Como é? Que porra! — ele xinga, passando a mão sobre o cabelo. Confesso que eu nunca o vi tão chateado. — Isso é bobagem. A gente não devia terminar. Nem é um namoro.

— Exatamente. — eu o interrompo, cansada. — Não é um namoro porque você já tem namorada. O que nós fizemos foi errado e não pode continuar. Então isso termina aqui.

— Para com isso. Você tá com a cabeça quente. — ele se aproxima, puxando meu braço.

Eu me afasto do seu toque, abalada.

— Não estou. Acabou tudo entre nós.

Ele fecha a cara.

— Foda-se!

Meu rosto esquenta para sua evidente imaturidade.

— Acho melhor eu ir. Sua namorada está te procurando. — aponto a garota seguindo em nossa direção pelo corredor e lhe dou as costas antes que ele possa sequer abrir a boca.

Apesar de doer ter que ficar definitivamente afastada do Benjamin, sinto que fiz a coisa certa. Preciso me valorizar. 

Desejo ReprimidoOnde histórias criam vida. Descubra agora