Atrás da tela azul

Gravidade

Alguns dias se passaram desde a revelação. E sinto que passei a tratar Andrew diferente. Passei a prestar mais atenção nas suas atitudes. Fiquei um pouco "coruja", tudo que ele fazia eu me derretia. Com certeza ele percebeu.
- Lindy, você está bem? Anda meio estranha...
- Não é nada. Mas me diga, aprendeu alguma coisa nova hoje?

Meu pai iria chegar no dia seguinte. O estava ansiosa. Nunca consegui bater as altíssimas metas de boa filha que meu pai impunha, mas minhas notas sempre eram as melhores. Sempre tentei ser uma filha perfeita, já que o via tão pouco.
- Andrew, amanhã você vai conhecer meu pai, tente ser ... hum ... Ah, seja você mesmo. Ele vai te adorar!
O pobre androide me olhava sem entender o meu nervosismo.
Fui deitar mais cedo para acordar bem disposta. Não haverá aula a semana toda. O tal festival da primavera, qual não estava nem um pouco interessada em participar.

Na manhã seguinte pulei da cama e comecei a fazer os preparativos para a recepção. Pedi ao Andrew para comprar as coisas para mim enquanto eu cuidava da casa.

As horas avançaram e comecei a ficar preocupada. Andrew notou.
- Deve ter ocorrido algum atraso no voo.
Pensei em ligar para a companhia aérea, já que não adiantaria ligar para ele.
Resolvi ligar a tv quando vejo no noticiário.

' O Boeing 777 que saiu de Frankfurt com destino Detroit caiu sobre o oceano pacífico. Ainda não foi possível visualizar os destroços. Imagens do satélite mostram a possível localização...'

Parei de ouvir a partir daí.

Abro meus olhos e vejo um teto branco em uma sala iluminada. Possivelmente um hospital. Olho para o lado e vejo o Andrew me observando de maneira calma.
- Que bom! Você acordou. Vou chamar o médico...
-Não! - grito, histérica. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Não consigo pensar direito. Soluço compulsivamente.
- Por favor, não me deixe aqui sozinha...- eu o sinto me abraçar forte, empurro meu rosto contra seu peito - não me deixe aqui sozinha...