Fim dos tempos

105 13 0
                                    

Um estrondo me acordou bruscamente. Sentei na cama com o coração disparado. Começo a tossir. Sinto cheiro de fumaça.
Andrew entra repentinamente no meu quarto. Ele está com uma expressão desesperada, e, meu deus, sem um braço.
- Andrew, o que?
- Tenho que tirar você daqui!
Ele me suspende com apenas um braço, eu tossindo muito, muita fumaça.
- O que aconteceu?
Segurei com força seu ombro e o abracei.
Ele me segurou forte e rompeu pela porta, entrando em um inferno de chamas. Vi uma das pilastras da sala desabar. O corpo do Andrew estava ficando quente demais para eu conseguir segurar.
- Temos que tentar pelo outro lado, a porta está bloqueada.
A calma com o que ele disse isso me deixou ainda mais em pânico.
Eu não estava mais conseguindo respirar. Comecei a desfalecer.
- Fique comigo, Lindy.
Senti um forte empurrão e algo queimando minhas costas.
Gritei, estava desesperada.
Andrew me colocou no chão e pegou uma cadeira e arremessou contra à janela limpou os cacos que sobraram com o braço. Nesse momento a minha visão ficou turva. Pensei, um segundo, que estava morrendo.

Me lembro de estar em movimento. Me lembro de alguém colocando uma máscara no meu rosto. Ouvi o som das sirenes.
- Cadê o Andrew?

O teto branco. Já fazia tempo que não o via. Olhei para o lado e vi uma cadeira vazia. Notei que estava com um cano na boca. Bateu um desespero tremendo. Um pequeno alarme começou a tocar.
Uma jovem enfermeira entra no quarto.
- Que bom que você acordou.
Enquanto ela falava comigo, injetava algum medicamento no meu soro.
- Vou avisar o médico, e por enquanto, tente descansar.
Senti muito sono. Meus olhos não conseguiam ficar abertos.

Não tinha certeza de quanto tempo eu tinha dormido, mas estava lá, olhando para o teto branco, sentindo muita dor nas costas, não podendo falar com aquele tubo na minha garganta. Apenas sentia as lágrimas escorrendo no meu rosto.
Minha memória estava meio confusa pois não conseguia me lembrar de como sai da casa em chamas, onde estava o Andrew.
Me sentia muito sozinha naquele quarto. Às vezes um médico vinha, anotava alguma coisa e saia. Às vezes uma enfermeira vinha, limpava minhas costas me causando muita dor.

Mas nada doía mais que a solidão que eu sentia naquele quarto branco.

Atrás da tela azulWhere stories live. Discover now