Capítulo III

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"Foi muito lindo te ver pela primeira vez e pensar, sem palavras: eu quero."
-Caio Fernando Abreu

Bruno Cavallieri

Adentro a casa do meu pai e respiro o cheiro de bolo de limão recém saído do forno.

- Tia Maju, você adivinhou que eu viria aqui? (Digo enquanto deixo o casaco do meu terno em cima do sofá.)

- Ah querido, escutei aquele velho babão exigindo sua presença aqui. (Dou risada do apelido nada carinhoso dela.)

-Falando nele onde está?

-Não Biblioteca como sempre.

- Então vou vê-lo e depois vamos comer esse bolo que já estou com água na boca!

Subo as escadas antigas, passei toda a minha infância aqui, cada lugar me traz a lembrança de uma família feliz e alegre. Lembro-me do natal na sala de estar mamãe fazendo o famoso pernil recheado e até meus aniversários de temas diferenciados, mamãe era a alegria em pessoa, mesmo que você não quisesse sorrir ela fazia você gargalhar, tudo era perfeito! Era, até a chegada da escuridão, quando mamãe partiu dizendo adeus para meu pai, eu e sua vida. Foi totalmente inesperado, em um dia estávamos juntos no parque e no outro ela se encontrava muito doente, com pneumonia e logo depois veio ao óbito. Algumas lágrimas surgem em meus olhos, eu já tinha meus 20 anos, porém sempre fui brincalhão e extrovertido, até esse fatídico dia. Papai, ficou tão triste que seu coração não funcionou direito e precisamos correr para fazer uma cirurgia de emergência para a inserção de um Catete, um aparelho que ajuda no funcionamento do coração. Desde então sua irmã, minha Tia Maju, veio morar conosco e passou a cuidar dele como uma verdadeira enfermeira particular. Ela não tem filhos e nem marido e nesses últimos anos tem dedicado sua atenção ao seu irmão, meu pai!

Afasto as lembranças e vou para a biblioteca, a porta está entreaberta, porém faço questão de bater antes de entrar. Uma coisa que aprendi desde criança, nunca entre em um cômodo sem bater. Após três batidas a voz grave do meu Pai ecoa pelo ambiente.

- Pode entrar! (E assim faço)

- Pai, como o Senhor está?

- Filho, que demora! Achei que não viria mais. (Ele diz levantando da poltrona marron escura que contrasta com o restante da sala.) Eu estou bem, e você?

- Estou cansado admito, mas bem.

-Percebe-se sua mãe não gostaria de saber que você trabalha tanto e não cuida da sua vida pessoal meu filho. (Ele diz com repreensão vindo até mim e analisando meus olhos.) Olhe, veja isso ( ele me leva até uma pilastra onde deu revestimento é feito de espelho) Olhe para você Bruno, está com olheiras. O semblante cansado. ( Olho para o meu reflexo e vejo a figura a minha frente, um homem cansado não só fisicamente como psicologicamente.)

- Hoje é sexta-feira pai, o trabalho da semana inteira está sendo Refletido hoje. Não se preocupe comigo, estou bem.

-Não Bruno, você não está! Está quase com 34 anos, não tem uma namorada. Só pensa em crescer mais e mais como profissional e não cuida da parte sentimental.

- O senhor também era assim, viciado em trabalho. E eu não preciso de uma vida sentimental agora pai.

- Eu não era viciado, era dedicado, mas sempre que afundava ou estava prestes a me afogar em trabalho. Sua mãe me resgatava, era uma maneira de manter sanidade e felicidade juntas.

-Pai, eu ainda tenho tempo suficiente para ter algo tão lindo quanto sua relação com a mamãe.

-Sim filho, você pode ter até uma melhor, mas ficar dentro de um escritório a semana inteira e sair apenas a noite p beber e transar não vai lhe dar isso.

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