Silêncio

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Eu não era idiota.
Cada fibra do meu corpo estava gritando.
Nessas horas, eu odiava completamente o fato de ser tão boa na porra do meu trabalho. Eu queria não precisar ser. Queria não ter que viver em um mundo em que vermes nojentos encostam em crianças.
Eu senti que tinha alguma coisa errada. Eu devia ter tirado ela de lá.

Assim que me aproximei da casa, 30 minutos depois que recebi a ligação, eu pude ver o movimento do carro de Jason se aproximando.
Eu não podia simplesmente chegar na casa sozinha, era burrice.
Liguei pra ele no caminho e ele tinha acionado a polícia.

Primeiro Jason foi até a porta e vimos quando uma luz se ascendeu lá dentro. Aquele verme em forma de homem abriu a porta com cara de bravo.

-Como ousa vir a minha casa a essa hora da madrugada? - ele perguntou pra Jason.

-Quero ver a Ash. Agora. - Jason foi firme.

-A menina está dormindo! - o verme quase cuspiu. E nesse momento ele me viu. - Isso tinha que ser coisa sua, né sua intrometida. - falou pra mim.

-Cadê ela? - eu gritei e então cheguei mais perto dele.

O verme usava uma cueca samba canção e dava pra ver pela marca na roupa, que ele estava ereto. QUE NOJO! QUE NOJO!

No minuto seguinte, ouvimos passos na escada e Ash desceu correndo até mim.

-Me tira daqui, tia Thali. Por favor me tira daqui. - ela chorava.

Seus cabelos estavam bagunçados e ela vestia um trapo que não podia ser chamado de pijama, boa parte da blusa estava rasgada e o short estava em fiapos.

-Você está bem? Ele tocou em você? - eu perguntei a ela.

-S-sim... E-ele disse que eu tinha que co-colocar minha mão na qui-quilo. E-eu não queria ti-tia Thali. - ela soluçava ainda mais. Eu a apertei em meus braços. Minha pobre criança.

-Não acredite nela, crianças mentem! - o repugnante gritou.

Jason fez um sinal com a mão e no minuto seguinte, a polícia se aproximou da porta.

-Vocês não podem me prender sem provas. Ela é uma mentirosinha e essa mulher é uma intrometida! - ele vociferava.

Eu apenas andei com Ash no colo, até o meu carro. Ela chorava baixinho, agora.
Eu a acomodei no banco, entrei no carro e dei partida.
Eu não ficaria lá para ver o que ia acontecer com ele, eu não faria isso com ela. Cada vez que chorava, ela se encolhia mais.
Fomos durante todo o caminho até minha casa, no mais profundo silêncio.
Quando cheguei lá, eu a levei direto para o quarto de hóspedes e lhe mostrei o banheiro.

-Tome um banho pra relaxar, pequena. Vou pegar uma roupa minha pra você dormir hoje e te fazer um chocolate quente daqueles que você ama, tá bom? - eu falei com ela.

Recebi um aceno de cabeça como resposta. A minha Ash estava tão triste, que partia ao meio o meu coração.
Eu queria matar aquele homem. Mas na hora certa. Agora era a hora de cuidar da minha menina.

Ela demorou muito pra dormir, fiquei ao seu lado por toda a noite e ela parecia bem inquieta  o tempo todo. Eu lhe fazia carinho. Não preguei os olhos.

O sábado amanheceu ensolarado e eu fiz um delicioso café da manhã pra ela.

-Ash meu anjo, você precisa comer. Nem que seja só o pão.

-Pão é amarelo, sábado é dia de comer vermelhos, vermelhos. - ela sussurrou.

Okay, o susto regrediu o tratamento de TOC.
Fui até a geladeira e peguei alguns morangos.

My Destiny - Thabie  (Concluída)Where stories live. Discover now