Tava ouvindo Lana Del Rey e sem querer pensei numa fic aonde a Cheryl é uma stripper. Talvez poste algum dia, quando Marlboro acabar.
A figura degradada de Cheryl, trajando no tronco esguio a predileta camisola de fina renda vermelho-escuro como rubi, jazia de maneira miserável, engolida pelas almofadas de seda meticulosamente postas em cima de sua enorme cama de dossel digna dos aposentos de uma verdadeira monarca. Parecia uma vítima abandonada num beco escuro, visto que seu rosto de expressão neutra, quase morta, tinha um mórbido ar natural de sofrimento. E sofria, pois estava no mesmo lugar maldito, de lençóis impregnados com o aroma de morte, aonde antes havia dado a luz à sua amada menina natimorta. Sua mente traiçoeira insistia em recordar de sua maior culpa, sua maior vergonha e decepção, sempre que fechava os olhos ao se deitar para dormir.
Desde o incidente do parto, o sono havia se tornado algo distante, avoado e afetado como um maníaco que murmura devaneios para si mesmo no corredor da morte. Não foram uma ou duas as vezes em que acordara ao calar da noite aos prantos, com tremores violentos ressoando pelo corpo e ensopada de suor gelado como se estivesse nua numa tempestade de neve. Os demônios que perturbavam sua cabeça insistiam de fazer dela uma refém dos próprios pecados.
Era doloroso quase mesmo podê-la sentir ali, consigo, sempre parecendo tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante e inalcançável, como um sonho. Imaginava-se a observando dormir com as bochechas redondas e rosadas de bebê, admirando seu pequeno peito subir e descer conforme respirava e provava que no final, tudo estava bem. Passaria as mãos pelos seus pequenos cachos de cabelo, veria seu primeiro sorriso sem dentes, choraria aos seus primeiros passos tortos. Toni tiraria uma foto dela tomando um banho de banheira.
Ela havia florescido em seu ventre como um botão de rosa, e durante nove meses era uma parte de si, uma perfeita extensão de seu próprio eu gerada em seu corpo, o fruto do mais puro amor de verão que levaria consigo para o resto da vida. Mas tão rápido quanto isto, sem avisos prévios, Cherie se tornara apenas uma lembrança que realmente não existia mais, como tantos outros antes dela. A menina se fora, e de certa forma, outra vez Cheryl sofria pelas cicatrizes do abandono de quem tanto havia amado.
As longas madeixas ruivas, espalhadas ao seu redor no único travesseiro branco, eram como um rio corrente feito de cobre derretido. Os volumosos cílios úmidos e sem brilho, pesados pelas lágrimas. Os olhos cansados e irritados de quem chorou a noite inteira ainda opacos e sem vida, como se fossem feitos de vidro. Odiava aquele quarto mais do que tudo. Odiava aquela maldita casa e o que ela representava – sua vida se passando sem ser propriamente vivida, uma casca de si mesma, aprisionada atrás de grandes grades invisíveis. Era como um pássaro de penugem vermelha que jamais cantara, pois fora nascido em cativeiro e nunca tivera permissão de seu carcereiro para voar.
Assistia ao teto mórbido de seu quarto como um fantasma bonito, apenas presente de corpo, com a mente vagueando para longe, presa num devaneio distante. As trilhas de lágrimas secas em seu rosto de boneca estavam ali para lembrá-la de que era ela a culpada, que se algo saíra errado fora porque era impertinente e desviante, havia nascido errada e estava longe de concerto. No dolorido pulso esquerdo, as ardentes contusões de fortes e enjoativos tons de violeta se destacavam em sua pele leitosa de boneca de porcelana, as marcas que por um acaso se encaixariam sem margem de erros nos moldes da mão direita de sua mãe tirana.
Penelope descobrira que agora toda a cidade estava ciente de seu erro. Agora, toda Riverdale sabia do ilegítimo segredo que os Blossoms tão arduamente tentaram enterrar e abandonar numa lápide polida em seu quintal de terra ainda fresca do dia em que enterraram o querido filho prodígio. Penelope sabia. E a matriarca Blossom costumava conversar com seus punhos quando perdia a razão, por isso Cheryl fazia o seu melhor para evitar de tirá-la do sério e desencadear uma reação de fúria, como um tornado que destrói tudo em seu caminho. Mas desta vez não houve escapatória, o tapa ardido desferido contra sua bochecha fora inevitável.
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marlboro. |choni - intersexual|
Подростковая литератураCheryl e Toni fumam do mesmo cigarro, e por isso se conheceram. E por se conhecerem, tão simplesmente assim, elas acidentalmente criaram uma vida nova - uma vida na qual Toni não teve conhecimento, e de que Cheryl foi forçada a desistir. Mas após a...