Capítulo Vinte e Seis: Quem Fomos, Quem Somos

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Eae carai



 "T-Toni!" Um mussito entredentes, um lábio mordido. "Oh- Oh, Deus!"

Em um ato de paixão (paixão imoderada, maljeitosa, devassa e, a princípio, desconcertante), dedos níveos se embiocaram autocraticamente por entre os longos feixes de cabelo rosa-elétrico; mas, no entanto, os acúleos amolados das unhas difusas foram o que se afincaram ao cume do couro cabeludo sob a selva de madeixas tingidas em fúcsia, marcas em formato de meia-lua na pele acanelada advindas das garras esmaltadas em sangria, aguçadas pela preponderante mão direita de Cheryl Blossom. O braço esquerdo polidamente asseado para trás, aferrado e decisivo em um ângulo agudo, para que amoldasse-se assim um suporte para o corpo etéreo, arquejante e concupiscente bem assentado à borda da enxuta mesa redonda localizada na cozinha do constrito trailer do avô de Toni, em Riverdale. A cabeça ruiva arcada para trás e os lábios semi-abertos, como se estivesse prestes a murmurar por esta fresta de prazer um segredo libidinoso. Um ardor mútuo, uma necessidade matinal, fez com que Toni encontrasse seu desjejum por entre as coxas de Cheryl – desprezadas eram àquelas panquecas ainda mornas ao lado do fogão. E entre suas pernas, suas pernas estonteantes e impacientes, estava ajoelhada Topaz, um pouco para baixo de seu nível.

A pontinha do nariz lhe tocava a tênue penugem ruiva florescida por baixo da seda vermelha da camisola, e Cheryl se desbordava pelo comprimento de sua língua, Cheryl se alastrava por seu queixo, e Cheryl gotejava por entre seus joelhos. As sobrancelhas se encontravam assim encarquilhadas pelo rosto enrubescido, mas em suas feições nascia uma expressão utópica, nínfica, seguida de movimentos exauridos e custosos realizados com a cabeça arruivada. A boca crispada, palpitante, enquanto que Toni sugava açorada por sua seiva, voraz nos lábios, mas apaixonada aos toques. Um par coruscante de mãos inteligentes acepilhavam a face interna de suas pálidas virilhas para mantê-las distantes uma da outra, e Topaz, ali encaixada como se àquele lugar sempre pertencesse, tinha os olhos cerrados enquanto que lhe delineava o impetuoso clitóris com a ponta da língua nacarada. Língua esta que trafegou por seus lábios e, então, abrenhou-se por sua fenda rosada, recebendo, em resposta, um alto grunhido oxítono. Os músculos de seu abdômen se constringiram – estava presa em uma realidade paralela.

"Toni, puta que pariu-!" Seus joelhos nus comprimiram sua namorada num aperto adjacente em direção ao seu fruto proibido, demandando, clamando por mais, mais dela, mais de sua língua ardente. Se desdobrava, perante a namorada, como uma obra de arte. "Puta que pariu, Toni, puta que pariu..." Era este o seu mais novo mantra.

"Porra, você é tão gostosa, Cher." Seus dedos direitos migram da coxa da namorada para arrojar um punhado de cabelo cor-de-rosa que transpassava a sua visão, antes de assim regressar ao centro de sua amada como um viajante que retorna à casa, faminta por seu líquido como uma necessidade de vida – como se fosse esta essência o seu vício, e não mais nenhuma outra.

A língua se assentava ao clitóris necessitado e então declinava à sua entrada em um empenho regado em idolatria, uma ação contínua que trazia à tona o lado mais sórdido, vil e animalesco de Cheryl, que reprimia tantos ganidos na garganta desafortunada (na esperança de livrar os jovens ouvidos adormecidos de sua filha de ouvir as mães presas em um êxtase beirando a insanidade) que parecia mesmo ser capaz de chorar enquanto que Toni lhe comia com fervor em cima daquela mesa. Então um dedo fez-se presente. Depois outro. E seguido deste, mais outro. Resvalando, explorando e preenchendo o seu interior em brasas. Alongando-a, distendendo-a e abrandando-a. Antes que pudesse guinchar (os puídos pulmões faiscando para o fazer), outra mão englobou-lhe a polpa dos lábios, uma palma pungente asfixiando o ganido de volta à sua garganta. Toni estava com os joelhos esticados, soerguida à sua altura, de pé por entre as suas pernas. As mãos pálidas, famintas por algo para se amparar, lhe percorreram o comprimento das costas acaneladas para dentro da camisa de banda que vestia – uma mão ainda em sua boca, para precaver reações irascíveis, e o cotovelo direito trabalhando, bombeando em direção ao seu centro gotejante.

marlboro. |choni - intersexual|Where stories live. Discover now