Prólogo

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Clarissa.

– Não podemos fazer isso..  – Quase inaudível, Ana sussurrava contra meus lábios palavras que nem ela gostaria de pronunciar.  .. Tu tá me ouvindo?

Sim. Eu a ouvia. Mas não escutava.

Enquanto encarava seus olhos castanhos – ainda molhados das lágrimas que derramara há pouco, o meu corpo involuntariamente pressionava o dela.
Conseguia sentir seus soluços de choro, cada vez mais fracos, darem espaço á uma respiração serena. Ana continuava á me encarar, quase como se suplicasse que eu desse um fim á tudo aquilo que acontecia em nossa volta.

Com calma, como se fosse a única coisa que me cabia fazer naquele momento, levei uma mão ao seu rosto, ajeitando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. Sua respiração antes tranquila, agora começava a acelerar o ritmo. Em segundos, uma cena dela sorrindo ao cavalgar naquela tarde me tomou a cabeça. Passei o polegar por seu rosto, limpando a umidade restante.

Num ato impulsivo, eu diria, Ana suspirou profundamente e com uma longa pausa depositou um beijo na palma da minha mão. Senti-me no céu.

– Tem certeza que não podemos fazer isso? – falei entre os lábios, fechando os olhos ao encostar nossas testas.

Silêncio.

Sinto cada célula do meu dna enlouquecer, como se fizessem festa e estourassem fogos com a aproximação de nossos corpos..

Com a boca entreaberta, sentia o ar escapar, quente e ácido pelo vinho consumido nas horas anteriores. O meu coração parecia querer rasgar o peito..

 Eu não aguento mais, Clarissa. – senti seu hálito invadir meu consciente, fazendo-me abrir rapidamente os olhos. – Não aguento mais fingir não querer você.

Bastava. Eu havia chegado no limite e, talvez, até tivesse esperado demais.
Avancei em sua boca antes que minhas mãos conseguissem alcançar seu rosto. Com um braço, puxei-a pela cintura, encaixando nossos quadris e apertando aquela área como forma de descontar toda a vontade que sentia.

Ana puxou fortemente meu lábio inferior, para que, em seguida, passasse lentamente a língua sob eles, assumindo com delicadeza a vergonha de cada toque seu em mim, sua mão subia pela minha nuca e aninhava os dedos entre meus cabelos. Acho que estava no paraíso.

Pelo o amor de todos os deuses, se isto fosse sonho, que não me acordasse.

no control.Where stories live. Discover now