no control.

eight.

O caminho de volta foi razoavelmente tranquilo. O silêncio que se formava entre nós duas já se tornava normal. Às vezes, eu a observava de lado enquanto ela tamborilava alguma música entre os dedos. Ou, quando pensava em falar algo e desistia. – Aquilo era irritante.

– Porquê não pergunta logo? – Suspirei, impaciente.
– Perguntar o quê? – Virou-se para mim.
– Volta e meia você parece querer falar algo, e não fala.
– Não sabia que tu tava prestava atenção em mim. – Deu de ombros, encarando a janela.

Engoli seco.

– Não usaria essa expressão "prestar atenção". Talvez, "observo".
– Tu realmente parece ranzinza. – Soltou simplesmente.
– Nossa, o que isso tem a ver com o assunto? – Olhei para ela, e para a estrada em sequência.

Deu de ombros. Aquilo era outro ponto irritante.

– Nada. – Mudou de assunto, bruscamente. – Essa boate em que vamos, é legal mesmo?
– Se você gosta, ou está com vontade de dançar, beber, conhecer gente nova. Sim.
– Então tu é uma frequentadora assídua? – Riu. – Mike e eu não vamos te atrapalhar?

Respirei fundo. Claro que iriam.

– Casal de nerds em uma populosa casa noturna, comigo, de guia. Talvez... – Suspirei, um pouco mais fundo que o normal. – Talvez não fiquemos juntos lá. Vocês vão querer curtir juntos e..

– E tu não pode perder um tempo com teu irmão, claro. – Soou sarcástica e realmente foi. Quem ela pensa que era? – Tranquilo, Clarissa.

– Não vou dar de babá só por que vocês querem. – Encarei-a, desligando o carro na frente de casa. – Tudo bem pra você?

Ana levou a mão até a trava da porta, mas parou. Eu continuava olhando para ela sem piscar. Seus olhos buscaram os meus, e quando os encontraram, soou mais calma que nunca.

– Não precisa ser babá de ninguém, Clarissa. – Abriu a porta do carro, e antes de sair, me encarou novamente. – E obrigada pela companhia hoje.

Droga. Climão com a cunhada em menos de 24 horas? Temos. Eu estava com a razão e a perdi sendo grosseira? Claro, pra variar. Minha noite começaria mal das pernas porquê havia sido chata com Ana, e notei que estava me importando com isso? Parece que sim. Que merda tinha dado no mundo hoje? Parece que hoje é o dia de chatear Clarissa Muller.

Não que eu não mereça.