two.

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No trem, poucas horas de Londres, Ana Clara Caetano suspirava através da janela.
Maravilhada com a paisagem fria e acinzentada que a neve trazia as montanhas da região.. – "quão incrível não deve ser cada história que teve como cenário um lugar lindo desse?" – perguntava-se mentalmente, enquanto segurava uma xícara de chá próxima ao rosto.

Um homem acabara de sentar-se ao seu lado e tomara sua atenção.
Sorria animadamente para ele, enquanto recebia um beijo em sua testa.

– Feliz, amor? – o rapaz perguntava simpático.
– Muito! Não vejo a hora de tu me apresentar Londres. – disse, sorrindo

O rapaz ria, admirando aquela euforia de sua namorada (em breve, noiva, se assim seus desejos fossem atendidos).
Quase semelhante á uma criança que mal pode esperar para conhecer a Disney.

– Estou contando os segundos para nossas aventuras. Mas a velha Londres não é tudo isso. – disse pretensiosamente, atiçando a garota e sua paixão pela Inglaterra.

– Tu fala isso porquê criou-se lá! – deu-lhe um tapa nada violento.

Ele sorria apaixonado. Ana Clara era a personificação de tudo que ele sonhava.

– Somos os brasileiros mais falsos que existe! Eu sou criado aqui, mas nasci lá.
E você também! Tenha compostura patriota, por gentileza. – debochou, apertando-a num abraço.

– Fácil falar pra quem criou-se longe dali. Tu foi muito sortudo.. – suspirou.

Ana havia nascido no Brasil e nele vivera até seus 16 anos, quando passou em primeiro lugar em um concurso no colégio Santa Cruz – o mais rígido do estado de Tocantins.

A família ia razoavelmente bem nas finanças, uma vez, que seu pai havia iniciado um negócio nas fazendas da região, um tipo de irrigação tecnológica, abastecendo sempre que necessário os plantios dos mais ricos fornecedores da região. Logo, em crescente, seus irmãos encaminhavam-se para estudar fora, e com ela, não seria diferente. De início, não gostou da ideia: era extremamente horrível ficar longe de sua mãe. Porém, não tinha jeito:

Ana Clara Caetano, a filha do meio, iria ser a próxima á estrelar a bolsa de estudos fornecida pela rica – e para gênios, instituição católica. Aos poucos, absorvendo as novidades, foi colocando para fora toda sua paixão pelos filmes, peças e sons estrangeiros.
Ela ficara popular na cidade. "A garota-intercâmbio".

Quando completou 21 anos, decidiu não voltar ao Brasil. Terminara os estudos  na Irlanda do Norte, local onde foi escolhida pela diretoria da instituição. Não queria voltar ao velho e louco país tropical, e decidiu continuar seu trajeto de vida, estudaria letras e música na por ali mesmo.

Lá, conheceu seu namorado. O amor por violão e bossa-nova aproximou-os nesses últimos seis meses juntos. Recostando a cabeça na poltrona, Ana voltou-se novamente para a janela.

– Espero que tua família goste de mim, Mike. 

no control.Where stories live. Discover now