a luta continua

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O feminismo é um conjunto de movimentos sociais e políticos e ideologias que partilham o mesmo fim: definir, estabelecer e assegurar igualdade política, económica, pessoal e social dos sexos.

A história do empoderamento feminino não é tão antiga como deveria ser. No geral, até ao século XIX, as mulheres eram vistas como inferiores aos homens. Não tinham hipótese de estudar, aprender a ler ou escrever ou simplesmente ter uma escolha para o próprio futuro. Aqui começou o movimento feminista e a maior influência foi a Revolução Francesa e as mudanças sociais que começaram a acontecer neste período. As mulheres aperceberam-se da desigualdade a que estavam sujeiras e, pouco a pouco, começaram a lutar pelos seus direitos. Começava a primeira onda feminista. Neste período, surgiu também o movimento sufragista, formado maioritariamente por mulheres inglesas, para garantir o direito da mulher ao voto.

Porque é o feminismo tão importante, hoje em dia? As estatísticas respondem: as mulheres podem hoje votar, trabalhar e ser independentes mas, 98% das mulheres admitem ter sofrido alguma forma de assédio, 66% já sofreram discriminação de género no trabalho e as mulheres ganham, em média, 28% menos que os homens. Mulheres continuam a ser julgadas pelo que vestem e como se comportam. Continuam a morrer, a sofrer, a ser oprimidas. E não podemos esquecer que, em muitos países, muitas mulheres ainda não têm os direitos merecidos e as negras, asiáticas, latinas, transexuais que não só sofrem com o machismo mas com preconceito e racismo.

Inúmeros casos ilustram a opressão feminina nos nossos dias. Como exemplo, usaremos a violência doméstica e o abuso sexual, algo tão terrível mas, infelizmente, usual. No ano passado, na Irlanda, uma adolescente de 17 anos foi abusada sexualmente por um homem de 27. Em tribunal, a advogada de defesa alegou a culpa ser da menor, por esta usa roupa interior com um lacinho na frente. Parece inacreditável. Em casos de abuso sexual, mesmo quando o criminoso é encontrado, a culpa acaba na vítima, seja porque estava sozinha na rua, porque já era tarde, pelas roupas, porque estava a dançar num bar, porque estava bêbeda, porque foi o namorado, porque não protestou e por aí em diante. Desde janeiro, 10 mulheres já morreram vítimas de violência doméstica em Portugal. Esse é um dos grandes pesadelos, não só do país mas do mundo. Um deles aconteceu dia 31 de janeiro, quando o corpo de uma mulher de 25 anos, mãe de dois filhos, foi encontrado. Discutiu com o ex-namorado e este atacou-a com uma faca, no pescoço e no peito. Quantas mais terão de morrer? Porque a justiça e a sociedade não ouve e não apoia as vítimas? As mulheres continuam sem escolha e sem voz. Crimes sexuais e de violência doméstica continuam a acontecer todos os dias, a ambos os sexos. É por isso que precisamos de feminismo.

Dia 8 de março celebraremos, lembrando mulheres que lutaram e marcaram a história. São inúmeras, mas frequentemente caladas, esquecidas, apagadas. Dia 8, lembrem-se das mulheres das vossas vidas, da vossa cidade, do vosso país, do nosso mundo. As que nos colocaram no mundo, as que nos deram o que temos hoje, as que lutaram para que hoje pudéssemos ter os nossos direitos. Seja a luta delas silenciosa ou barulhenta, diária ou de um período, estejam vivas ou mortas, lembrem-nas, celebrem-nas e procuremos imitá-las, guardá-las e mantê-las na memória.

O feminismo não é o contrário do machismo. O feminismo procura igualdade, liberdade e justiça, para todos, não só mulheres, mas todos. Papéis de género, raça, sexualidade, religião tanta coisa que nos rotula e separa. O feminismo procura que todos tenham a sua própria escolha, sem barreiras. 

Há uma frase de Virgina Woolf que diz "Na maior parte da história, "Anónimo" foi uma mulher". Não deixes que te calem, assume as tuas ideias e luta pelo que acreditas, mesmo que tenhas medo, mesmo que estejas só. Lembra-te que atrás de ti estão todos os que lutaram, os que lutam e aqueles que no futuro agradecerão a tua luta.

O feminismo está vivo! E nós também.


FEMME AIN'T FRAILWhere stories live. Discover now