A jornada se inicia

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Charlotte se tornou a capitã.
Enquanto conversava com Gery, Celine viu a mesma mulher loira que estava na taverna adentrar o navio e, esperando por ela do lado de fora, o cachorro.
- Ele ficou com medo de você. - cutucou o mais velho.
- Ele é inteligente. - resmungou.
- O que você veio fazer aqui? - Celine se aproximou.
- Boa tarde. Temos um problema. Em uma das três ilhas de Dom Sagam há uma mulher alta, loira e, possivelmente, uma cultista, segundo meus informantes. Há uma taverneira, busque-a, ela vai te dizer o paradeiro dela.
Enquanto se preparava para partir, viu o cachorro se aproximar.
- É meu. Seu nome é Billy. Leve-o contigo, será um bom companheiro.

Indo até o local indicado, Celine encontrou-a.
Se aproximou. A taverneira era robusta, de boa aparência.
- Preciso de uma informação. - Celine cutucou a mulher.
- Toda informação tem um preço. - respondeu - Tenho uma missão para você, a menos que queira pagar sete peças de ouro. - deu as costas e continuou a limpar o balcão, como fazia antes.
- Fico com a missão. - disse a contragosto
- Um rei pirata, é como se autonomeia. Ele me deve quinhentas peças de ouro. Busque-as. Caso consiga, te dou a informação. - deu de ombros.
A garota saiu à procura do homem.
Chegando até a embarcação, avistou dois homens à frente, dois guardas.
Respirou fundo.
- Preciso entrar. - apontou para o navio.
- Não podemos deixar que entre. Aliás, sequer sabemos quem é. - o mais alto respondeu.
- Se eu vos desafiar para uma queda de braços, vocês me deixam entrar nessa merda? - perguntou impaciente.
- Você não está em condições. - o outro apontou para o braço que faltava.
- Perdi meu braço esquerdo, mas ainda tenho um. - Celine revirou os olhos - E, se eu ganhar, quero todo o dinheiro dos dois. - arqueou uma sobrancelha e pôs um sorriso cínico nos lábios.
Como esperado, aceitaram. Afinal, é o que piratas fariam e a garota sabia muito bem disso.
Puxaram uma mesa e sentaram-se, com olhares desafiadores.
A morena primeiramente se dirigiu ao mais baixo. Apesar de não aparentar ser tão forte, foi um bom adversário, se mantendo firme. Após muito esforço, a pequena virara o braço do rapaz, torcendo-o e observando o mesmo se afastar praguejando.
Esperou que o outro viesse e tomasse seu lugar.
- Seu mariquinha! - o maior deu um peteleco na orelha do outros, antes de se sentar.
Este era mais fraco, apesar de toda a força que fazia, o braço da jovem sequer se mexia, logo Celine fez com que seu braço fosse de encontro à mesa.
O rapaz praguejava alto para quem quisesse ouvir, afinal, a morena quebrara seu ombro e a mesa.
- Maluca! - foi a última coisa que ouviu antes que adentrasse o navio e pegasse suas peças de ouro.
Chegou até um espaço parecido com um saguão, onde estavam vários homens sentados, conversando e bebendo.
- Preciso falar com o rei, capitão, ou o que quer que ele seja de vocês. - disse já impaciente.
Viu um homem alto e corpulento se levantar, desembainhar a espada e apontar na sua direção.
- Você só poderá passar com uma condição. - proferiu.
- Que seja. - concordou.
De repente, viu-o começar a despir-se, lhe causando espanto e confusão.
- Você vai aceitar, ou vai querer lutar? - indagou o homem.
- Vou aceitar. - segurou em sua mão e seguiu-o até um quartinho próximo.
Sem demora estava completamente desnudo e apoiado na cama que ali havia.
Prontamente Celine pegou sua faca, apontando para o pênis do homem.
- Olha, eu não sou qualquer uma. Então se você não me deixar entrar naquela merda agora e me deixar falar com seu capitão, você será um homem castrado, se é que me entende. - disse com tom ameaçador na voz, pressionando mais um pouco sua faca na pele do outro.
Com sua intimidação, a morena pode observar o medo do maior, por segundos, pôde ver até seus órgãos genitais tremendo.
- Vá! - apontou para a saída e se jogou na cama, afim de proteger o que achava tão precioso.
"Que não seja mais um retardado." - pensou Celine assim que abriu a porta da outra sala.
- O que quer aqui? - uma voz forte tomou o ambiente.
Viu à sua frente, um homem roliço sentado atrás de uma mesa.
- A taverneira para quem você deve está exigindo seu dinheiro, então vim aqui buscar. - foi direta.
- Já paguei tudo o que lhe devia. Não devo mais nada àquela vagabunda. - lançou seu olhar em direção à garota e cuspiu no chão.
- Se não deve, por que ela me mandou aqui?
- Ela deve estar louca! Não devo a mulher alguma.
- Se não deve, por que ela está te cobrando? - insistiu.
O homem fez silêncio e virou a garrafa de vinho na boca, dando mais um longo gole.
Celine levantou da mesa e andou até o roliço. Sentou em seu colo, sentindo o hálito cheirando a álcool.
O capitão deu outro longo gole.
A garota, aproveitando a oportunidade, ajudou-o a virar a garrafa, ingerindo toda a bebida. Segurou a cabeça do homem e chacoalhou-a de um lado para o outro.
Sorriu vitoriosa ao ver que o álcool já fazia um forte efeito.
Celine segurou a garrafa e bateu contra a mesa, quebrando-a. Viu o gorducho saltar e engasgar com o susto.
- Você quer um outro jeito de pagar essa maldita dívida? - a morena esboçou um sorriso no canto da boca.
- Depende. - disse com a voz arrastada.
- E que tal sexo? - deslizou seu dedo no peito do homem, sentindo o mesmo estremecer.
- Aceito. - respondeu sem hesitar.
Se levantou e ajudou o mais velho a despir-se, o que fez com que praguejasse mentalmente, desejando que o homem tivesse um melhor porte físico.
O empurrou na cama usando as duas mãos, com força.
Quando o corpo se encontrou com a cama, Celine viu um dos pés da cama de trás quebrarem.
Ainda de pé, a garota analisou o quarto rapidamente, logo avistando uma corda. Correu e usou-a para amarrar o capitão à cama.
O homem a encarou com medo.
A jovem sacou sua faca, subiu na cama, se sentou sobre o homem com uma perna de cada lado do grande corpo.
- Olha aqui. - apontou a faca para o pescoço do maior - Eu juro que tava tentando ser paciente e o mais delicada possível com você, mas insistiu em me contrariar. - forçou uma expressão de piedosa - Mas como não aconteceu como o esperado, me paga logo essa merda, ou você vai morrer. Sem pressão, claro.
O roliço não a respondera, mas sua expressão mostrava que queria fazê-lo.
Celine respirou fundo.
- Onde eu acho o dinheiro? - fechou os olhos por alguns segundos, buscando o restante de paciência que existia em seu corpo.
Com dificuldade, o homem apontou seus cinco dedos para um cofre que se encontrava próximo à cama.
- Qual a senha?
58876, foi a resposta que obteve.
Ainda receosa, caminhou até o objeto. Pôs a senha e o viu abrir.
Viu que lá haviam no mínimo mil peças de ouro.
Claro que pensou em pegar tudo, não era tão tonta assim, mas resolveu tomar consigo apenas a metade, que era o que o homem devia.
- Obrigada pela contribuição, meu caro capitão. - se reverenciou, diante do homem ainda nu, com um sorriso irônico nos lábios e fechou a porta atrás de si.
Ao sair da sala, notou o pirata que enfrentara anteriormente à sua frente, apontando-lhe uma espada.
Celine revirou os olhos e sentiu vontade de apenas dar a volta e seguir com seus deveres.
- Vai pagar pelo que fez. - sua voz saía num tom feroz.
- Mas não fiz nada, você tem orgãos que podem provar que o que eu digo é verdade. - apontou para o pênis do homem e se conteve para não rir da situação.
Sem mais palavras, o indivíduo partiu para cima da garota, que conseguiu desviar, tendo tempo para sacar seu chicote.
Chicoteou a perna do maior, que evitou gritar de dor, porém a jovem se desequilibrou e caiu.
Billy, que ainda a acompanhava, avançou na perna do homem, mas acabou por receber um chute nas costelas, caindo longe.
Ainda no chão e tomada pela irritabilidade, Celine pegou rapidamente sua massa e bateu-a no saco do homem.
Ao puxar de volta a arma, viu sair junto dela as bolas, pênis, partes de orgãos e pedaços de ossos fraturados e ouviu o outro urrar de dor, mas o seu olhar carregava ondas de surpresa, dor, indignação e fúria, logo a vida deixara os olhos dele.
Celine deu a volta no corpo morto e avistou toda a tripulação de aproximando.
- Vamos comemorar! Mais uma pessoa morreu! - falou em tom festivo e debochado.
- Não se faça de tola. - um dos homens mal encarados apontava uma espada em sua direção - Você matou nosso chefe.
- Isso não tem importância agora. - prosseguiu - Eu estava quieta e ele mexeu comigo. Apenas me defendi. Não é o justo?
- Que seja. Ele mexeu com você e agora, garota, pagará com sua própria vida.
A morena bufou. Sacou seu chicote em formato de crucifixo. Este tem suas laterais em lâminas, quando arremessado, suas cordas são igualmente lâminas.
Ao atacar, o mesmo enrolou-se no pescoço do homem, quando puxado, acabara por degolá-lo.
- Mais alguém para tentar me enfrentar ou já posso ir? - abriu os braços em sinal de afronta, vendo os outros negarem - Obrigada pela consideração, rapazes. - se curvou e começou a caminhar - Ah, é melhor vocês irem ver o capitão. Creio que ele está precisando de ajuda. - sorriu e saiu.
Os guardas ainda se encontravam à frente. Celine passou por ambos, acenando e jogando um beijo no ar, como quem diz "até a próxima".

Retornou à taverna e foi direto até a proprietária, lhe entregando a moeda.
- Certo. - a senhora arranhou a garganta - Preste atenção. Esta jovem, Jéssica, tem um irmão que está nesta ilha. Ele é alto, loiro, de olhos verdes. Caminhe por um tempo e facilmente encontrará sua embarcação. Isto é tudo. Agora, se não vai fazer nada, vá embora. - apontou para a saída e deu as costas.

O Culto e a AliançaWhere stories live. Discover now