A realidade já não é a mesma

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Ainda sem compreender as atitudes, Lizzie conjurou um campo de força, finalmente suas aulas de feitiçaria estavam sendo úteis.
- Nos dê os nomes! - Celine começou a fazer cortes mais fortes.
- Não adianta mais. - Jéssica ria em meio a leves gemidos de dor.
- Diga agora! - gritou Celine, segurando o pescoço da jovem, ameaçando torcê-lo.
Antes que a loira pudesse proferir outra palavra, Gerath segurou sua cabeça, fazendo-a dar meia volta e quebrando seu pescoço.
- Gerath! - Celine o olhou indignada.
- Ela não ia falar mais nada. Vamos. - apontou para a janela e fez sinal para que o campo de força fosse desfeito.
Pularam a janela e seguiram correndo.
Enquanto corriam, Lizzie torceu seu tornozelo ao tentar olhar para trás. Gerath voltou e a pegou no colo, voltando a correr.
Encontraram um pequeno quarto que era guardado por um guarda não muito alto, mas de silhueta forte.
- Por que estão fazendo isso?! - Lizzie perguntou nervosa, segurando o choro.
- Vocês são os fugitivos! - falou assim que os viu, se pondo em posição de ataque - Rejane mandou matar os três e quem matar irá ganhar uma alta recompensa.
- Que seja. - Gerath deixou a elfa no chão, correu até o guarda e o golpeou no rosto, derrubando-o, agarrando em sua armadura e batendo sua cabeça no chão, fazendo com que desmaiasse.
Se levantou, pegou a espada do guarda e a entregou à Celine.
Correram mais um pouco, até chegarem à casa da senhora onde haviam passado antes.
- O que fazemos agora? - Celine perguntou.
- Temos que entrar lá de novo. - Lizzie disse enquanto massageava o tornozelo.
- Como? Se nos acharem, pode dar adeus à sua vidinha no castelo. - a azulada andava de um lado para o outro.
- É exatamente por isso que temos que voltar! De uma hora para outra aparece uma desconhecida dizendo com uma conhecida é perigosa, de repente ela está certa e, para finalizar, minha mãe manda nos matar. Eu não sei o que está acontecendo! - Lizzie esbravejou, sentando-se e escondendo o rosto nas mãos.
- Bom, - Gerath tocou o ombro da elfa e olhou para Celine - se vamos voltar, não podemos continuar com esses rostos.
O rapaz preparou outras três máscaras. Colocou uma, entregou outra à Celine, que igualmente colocou-a e estendeu a restante para Lizzie, que o olhou confusa.
Paciente, se ajoelhou à frente da garota.
- Vai ficar tudo bem. As coisas vão se resolver antes que perceba. - afastou alguns fios de cabelo que pendiam na frente de seus olhos e esboçou um leve sorriso.
- Estou com medo.
- Todos temos medo, mas hoje é o dia de encará-los.
Gerath parou e olhou fundo em seus olhos, antes de se distrair com as cores incomuns de suas íris, sentiu a paz que não sentia há tempos.
- É... - a elfa apontou para a máscara - Não sei usar.
- Certo. - segurou o rosto da jovem e a ajudou a se arrumar.
Seguiu segurando o rosto da jovem, sua pele macia apoiada sobre seus dedos. Inconscientemente, sentiu seu rostos se aproximarem, a ponto de poderem sentir a respiração um do outro.
- Vamos. - Lizzie desviou seus olhares e caminhou até a porta.
- Ótimo. - Celine levantou os braços em agradecimento - Estava a ponto de vomitar com essa cena.
Agora Lizzie estava com o rosto da garota que Celine desmaiara no banheiro, Gerath com o do pai desta e a outra, com o da mãe.
- Sei onde conseguir outra roupa para você. - a morena sorria para a outra enquanto caminhavam até o banheiro do salão de festas.
Ao adentrarem o local, Lizzie viu uma nobre desmaida.
- O que você fez?! - disse indignada.
- Eu me confundi. Todo mundo erra. - a menor deu de ombros e começou a tirar o vestido da garota que ainda estava no chão - Vista.
Trocaram de roupas e começaram a caminhar pelo castelo.
Este já estava vazio, a festa já havia acabado.
Ao cruzarem um corredor, encontraram o conde Monspiet.
- Boa noite. Onde está o resto dos convidados? - Lizzie fez uma reverência.
- Creio eu que em suas devidas casas. A festa acabou há uma hora, no mínimo. Está tarde, o rei precisou sair e disseram não ser aconselhável saírem de suas residências.
- E por que o senhor ainda está por aqui? - Celine arqueou uma sobrancelha.
- Sou convidado do rei, temos assuntos para resolver. Parece que sua filha teve problemas. - apontou para Lizzie, sinalizando o galo que havia em sua testa.
- Ela desmaiou no banheiro. - disparou Celine - Caiu e então bateu a cabeça.
Monspiet concordou com a cabeça.
- Nossa casa é um tanto distante. Sabe onde podemos passar a noite?
- Naquele quarto. - apontou para uma porta adiante - Tenham uma boa noite. - seguiu seu caminho.
Entraram no quarto. Era simples, mas espaçoso, com duas camas.
- O que fazemos agora? - Celine se sentou à cabeceira de uma das camas.
- Provavelmente ainda estão nos caçando, vamos esperar que a madrugada chegue, então saímos.
Concordaram.
Lizzie se deitou em uma das camas e logo adormeceu. Estava realmente exausta física e psicologicamente. Os outros dois acabaram por adormecer também.
Quando a madrugada chegou e o silêncio dominou o castelo, enfim decidiram sair.
Começaram a caminhar, evitando serem percebidos.
De repente, viram um guarda passando distraído, enquanto carregava uma jarra, que julgaram estar com água.
Seguiram-no.
O homem entrou em um dos quartos, que era guardado por outros dois guardas.
Gerath nocauteou os dois e "pegou" o rosto de um deles.
O rapaz entrou no quarto.
- O que quer aqui? - o guarda ainda segurava a jarra.
- Me dê, a jarra, eu faço isso. O conde Monspiet está precisando de seus serviços.
O guarda concordou e se retirou. As outras duas entraram.
O ambiente estava parcialmente escuro, iluminado apenas com velas.
Lizzie reconheceu o espaço imediatamente, apesar de não ter se lembrado do lado de fora, sabia que já esteve ali. Era o quarto do príncipe.
- Nos desculpe por incomodar, meu príncipe. - a elfa fez uma reverência - Não o vimos na festa. - mesmo sabendo que não estava sendo reconhecida, era impossível não agir como o esperado de sua parte.
- Estou muito doente, não tenho forças para sair daqui. - esboçou um sorriso tranquilizador.
Celine andou até ele, tentou usar as habilidades médicas que adquiriu ao longo do tempo.
Detectou veneno.
- Você achou o quê?! - Lizzie disse alto.
- Para de gritar, surtada! - a mais baixa a repreendeu - Eu vou ficar aqui para curar ele, enquanto isso, vão procurar outra coisa lá fora.
Os dois obedeceram e voltaram a caminhar, prestando uma atenção maior em achar Rejane.
- Vão atrás do conde. - o príncipe proferiu em voz fraca - A conselheira saiu com meu pai.
- Por quê?
- Apenas vá. - Celine obedeceu - Obrigado. - ouviu o príncipe dizer antes que saísse.
Assim que alcançou os outros dois, correram atrás de James, que provavelmente estaria em seu aposento.
Celine e Gerath decidiram entrar, Lizzie os esperaria do lado de fora.
O cômodo era simples, porém requintado. Se encontrava escuro, com uma lamparina em cima de uma escrivaninha onde havia alguns papeis.
Celine começou a procurar pistas nas gavetas, achando uma carta assinada por Jonathan Monspiet. Ao ler aquilo, um turbilhão de perguntas percorreu sua mente. Junto desta, outra carta, esta dizendo que esperavam ele para o culto.
Reparou, em cima da cômoda, um porta-retratos simples, com uma foto igualmente simples. Era uma família, que demonstrava felicidade, uma mulher e um homem, acompanhados de duas crianças, dois meninos gêmeos.
De repente, ouviu o som de um corpo indo de encontro ao chão.
Seu interior gelou.
Olhou para trás e viu Gerath nocauteado, em pé, próximo dele, Monspiet.
- Vocês tem que aprender seus lugares. - o homem estava com um sorriso de canto nos lábios.
- Quem voce é? O que estão planejando? - a garota aumentou o tom de voz.
- Para que gritar? Seja educada pelo menos uma vez. - James passou a mão em suas roupas para limpá-las, mesmo que estivessem impecavelmente limpas.
- Por favor, não vou aturar isso. - a morena partiu para cima do outro, empunhando sua espada.
Fez um corte em seu braço, recebendo um golpe em resposta, que acabou a jogando longe.
Celine sacou sua massa, desta vez, bateu-a no joelho do homem, quebrando-o.
Monspiet ajoelhou à sua frente, praguejando alto e com dor aparente na voz.
- Por que vocês sempre dificultam tudo? - Celine revirou os olhos se preparando para levar sua arma à testa do homem.
- Espere... - James disse com a voz falha por conta da dor, a garota parou seu movimento - Diga ao meu irmão que eu o amo, por favor. Peça que me perdoe por tudo e que pretendia revê-lo antes desses imprevistos. - viu lágrimas surgirem sutilmente em seus olhos.
- Ser sentimental é de família ou algo do tipo? - a morena bufou - Você desmaiou meu amigo, quase me matou e faz parte de um grupo de cultistas, mas vamos fazer assim: - se ajoelhou para poder olhar em seus olhos - eu te ajudo a achar seu irmão, sei onde ele está, isso se você nos ajudar a achar os outros de seu grupo.
James concordou, deu os nomes e características de cada um.
Celine o ajudou em processos de cura, amenizando sua dor. O homem andou até sua mesa e lhe entregou um mapa que a ajudaria a chegar onde ocorreria o culto.
- Boa sorte, garota. - disse Monspiet, que já estava sentado na cama, vendo Celine pegar seu manto de cultista e sair.

Lizzie cansou-se de esperar, a ansiedade era maior que seu próprio raciocínio. Correu até o quarto de Rejane.
Revirou as gavetas no criado mudo, em seguida, passou para o baú onde Rejane costumava guardar coisas importantes. Achou uma carta, assinada pelo Líder, dizendo para que desse um jeito de levar o rei para as montanhas. Pegou também uma adaga que se encontrava junto a carta, a suposta adaga do sacrifício. Antes de sair para encontrar os outros, tomou o manto da mãe e fechou a porta com cuidado.
No meio do caminho, decidiu passar em seu quarto. Pegou seu arco e suas flechas, trocou de roupa e voltou aos outros.
- Parou para trocar de roupa? Sério? - Celine, que ajudava Gerath a andar, disse em tom indignado.
- Você tem noção do quão estranho é andar com roupas que não são suas? - Lizzie deu de ombros.
Saíram do castelo e andaram até o cais.
Retiraram os rostos, ficando com suas próprias faces.
Celine avistou, de longe, um navio com a bandeira de Jonathan no mastro, deste saiu um homem de aparência parecida. Pediu para os outros dois continuarem e correu para alcançar o homem.
Lizzie e Gerath foram até a casa da loira que Celine desmaiara no banheiro. A elfa sacou duas flechas, as atirando com perfeição nos dois guardas que estavam em frente à porta da grande mansão.
Ambos correram até os corpos caídos, Lizzie pegou as duas espadas que portavam e guardou consigo.
Adentraram a casa e foram até o quarto da jovem, onde a mesma já estava adormecida.
Viu no canto do quarto, um manto igual ao de sua mãe, deduziu, então, que fosse uma das cultistas esperadas para o evento.
Achou uma carta onde estava escrito que esperavam por ela para o sacrifício.
Lizzie andou até a jovem e cravou uma das espadas no peito da mesma, matando-a.
- Eu nunca vi tanta gente morta na minha vida! - a elfa exclamou enquanto pegava o manto pendurado.
- Se torna mais natural antes que você perceba. - Gerath abriu espaço para que saísse.

Na taverna, Celine sentiu seu coração palpitar em seu peito. Estava certa, era Jonathan.
- Olá. - tentou parecer o mais natural possível.
- Estou quase concluindo de que está realmente me seguindo. - o rapaz esboçou um sorriso leve.
- Está tudo bem com você? - ignorou a fala anterior - O que está fazendo por aqui?
Não obteve resposta.
- Certo, não responda. - Celine torceu o nariz - Corra para o castelo. Achei seu irmão e ele está precisando de sua ajuda.
O capitão agradeceu e saiu em disparada rumo ao local indicado.
Se encontraram novamente.
Lizzie ficou com o manto de Rejane, Celine com o da jovem nobre e Gerath com o de Monspiet.
- Vamos para o culto! - a azulada ajeitou sua espada na bainha.

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O Culto e a AliançaWhere stories live. Discover now