Longe demais para desistir

16 2 0
                                    

O lugar era no topo de uma montanha, antes desta, havia uma floresta não muita densa, porém fria, Lizzie lembrou-se de agradecer a si mesma por ter trocado de roupa.
Andavam juntos e cuidadosos, para evitar desventuras inesperadas.
De repente, à sua frente, viram um cervo sem um dos chifres e com uma parte de seu pescoço faltando, no lugar, apenas uma marca de mordida. Adiante, um lobo fêmea já morto, com a provável galhada que faltava no pescoço, dentro do animal, viram algo se mexer, como se lutasse para poder sair.
- Abre ela. - Lizzie disse simplista.
- Abre você! - Celine cruzou os braços em protesto.
- Eu não tenho estômago pra esse tipo de coisa!
A morena respirou fundo e pegou sua faca, ajoelhando a frente da fêmea e, sem pensar muito, cortando sua carne.
Ouviram grunhidos fracos.
Do corpo, saíram três filhotes, ambos não hesitaram em sorrir de imediato.
- São duas fêmeas e um macho. - Celine pegou-os com cuidado.
- Quero o macho. - Lizzie apanhou-o.
- Você vai levar? - Gerath indagou.
- E você não? - Celine respondeu.
- Vocês pretendem carregar animais enquanto combatem cultistas?!
- É só pensar grande! A branca é sua, a da Celine, a cinza, e eu fico com o preto. Vamos.

O ambiente era iluminado por velas, deixando um ar sombrio tomar conta de tudo.
No centro, seis altares pequenos, com estes, cinco grandes pilares em volta.
Cinco dos altares, continham um corpo desacordado, restando apenas um vazio.
Lizzie se esforçou para ver, por mais que estivesse um tanto distante.
Sentiu suas pernas bambearem. Eram conhecidos. Apenas nobres.
O rei, que ainda estava vivo, via pelos seus movimentos de respiração já fracos, a melhor amiga de sua mãe, sua melhor amiga e mais dois jovens rapazes que estavam na festa.
Antes que pudessem se aproximar, ouviram vozes familiares.
Se esconderam.
Viram Rejane e Monspiet entrarem lado a lado, junto de outros dois homens robustos.
- Onde aquela inútil está? - o tom de voz da mulher demonstrava inquietude.
- Tenho certeza de que já está para chegar. - o conde mantinha sua serenidade.
- E os trajes de vocês dois? Onde estão? - indagou um dos homens.
- Perdemos. - afirmaram em uníssono.
- Isso tudo é ridículo. Quero ir para minha casa! - observou Lizzie, sussurrando.
- Não adianta tentar desistir agora! - Celine sussurou em resposta.
- Vocês chegaram longe, voltar não é uma opção para pessoas tão fortes assim. - Gerath segurou seu braço, transmitindo segurança para continuarem ali.
Outro homem coberto por um manto entrou, arrastando um mais velho pela roupa.
Lizzie sentiu sua garganta apertar, era o pai de sua amiga, que igualmente estava ali.
Sem que ninguém se pronunciasse, o encapuzado cravou uma adaga na cabeça do nobre, matando-o.
A elfa comprimiu um grito e seus olhos encheram de lágrimas, Celine não pôde conter o espanto por tal ação repentina.
Lizzie entregou rapidamente seu arco e flecha para Gerath.
- Fica aqui com os lobos. - disse à Celine.
A elfa se levantou e tentou lançar uma magia para congelar os inimigos, mas errou, acabando por chamar a atenção para onde estavam.
Gerath sacou duas flechas e lançou-as, acertando dois dos homens desconhecidos.
Tentou novamente congelá-los, acertando apenas o outro encapuzado.
- Lizzie. - Rejane a olhou - Eu me dediquei tantos anos para sua educação, eu tinha tantos planos...
- Eu não sei quem você é. - uma onda fria percorreu sua espinha.
- Você poderia se tornar uma cultista como eu. Poderia ser forte. - deu dois passos em sua direção.
- Fique longe de mim! - tentou dar passos para trás, mas tropeçou, caindo e levantando-se rapidamente.
- Está vendo? Mesmo com todo o meu esforço, você continua fraca. - usava o tom que Lizzie temia desde que era criança, o tom de decepção e fúria - Não consegue sequer escolher as pessoas com quem andar.
- Você não me conhece! - avançou em passos curtos.
- Abaixe esse tom para falar comigo! - a mulher gritou, dando mais dois passos para frente.
- Ela mandou ficar longe! - Gerath gritou e atirou uma flecha, errando-a.
- Insolente... - levantou uma mão para tentar atacar, mas Lizzie lançou-lhe outra onda congelante, errando propositalmente.
- Ainda ousa usar a magia que eu lhe ensinei contra mim mesma... - balançou a cabeça em negação - Você é inútil, mas eu ainda lhe amo, minha garotinha. Eu poderia lhe dizer para vir comigo, o Líder a tornaria forte, mas, concordemos, seria uma perda de tempo. - sorriu.
Tomada pela ira e dor, Lizzie correu em sua direção e cravou uma de suas espadas no peito da mãe. Viu a vida deixar aos poucos os olhos de cor forte da mulher, o corpo se enfraquecer e cair lentamente em seus braços, até que já estivessem no chão.
- Você sempre foi rápida. - Rejane disse fraco - Eu falhei...
- Mãe. - era a única palavra que lhe vinha à mente em meio às lagrimas.
- ...me desculpe.
A morte chegara.
Lizzie apenas abraçou o corpo da mãe e chorou. Se permitiu chorar pela única família que já tivera um dia. E, mesmo com a raiva, agradeceu-a por tudo.
Celine correu até o rei, curando-o suficiente para continuar vivo até chegarem ao palácio.
Monspiet os ajudou a levá-lo em segurança.

- Meus leais súditos. - o rei dizia em júbilo - Ressalto que esta é uma celebração muito especial em agradecimento aos nossos condecorados heróis! Aproveitem a festa!
Celine agora trajava um vestido vermelho de veludo com mangas longas, com detalhes em dourado, escolhido por Lizzie, esta com um vestido azul, igualmente com mangas longas e os cabelos presos cuidadosamente com uma tiara prateada.
O rei se aproximou da elfa.
- Lizzie! - abraçou-a - Devo lhe agradecer por salvar minha vida! Sempre soube que tinha um grande potencial.
- Não foi só ela! - Celine gritou ao fundo, arrancando gargalhadas do monarca.
- Agradeço. - a jovem fez uma leve reverência em agradecimento.
- Aceite este arco em agradecimento, sei que é sua arma favorita. Depois discutiremos seu futuro no reino.
- Muito obrigada mesmo!
Após isso, o rei levou Celine até uma sala reservada, que, em seu interior, havia apenas um baú.
- Minha jovem, diga-me seu nome.
- Celine Stormwind.
- Isto significa que é parente de Gaythan, um honrado guerreiro, esteja ciente disso.
- Minha família sempre será honrada.
- Acredite, ele ficaria orgulhoso em ver sua bravura. - sorriu - Servimos à Aliança juntos e, desde então, guardei isto para lhe devolver um dia. - retirou uma espada surpreendentemente reluzente de dentro do baú, em sua empunhadura, um dragão perfeitamente escultido e, em sua boca, um pequeno rubi. - Como não posso devolvê-la, nada mais justo que entregá-la a uma nobre guerreira e, por ventura, parente do grande Gaythan.
- Obrigada! Juro honrá-la, enquanto ela estiver comigo. - sorriu.

- Então quer dizer que você faz parte da família real...? - Lizzie perguntou para Gerath, brincando com o vinho na taça em que segurava - Eu devia ter te conhecido antes. Cá entre nós, o príncipe herdeiro não era a companhia mais divertida que eu poderia pedir. - soltou um riso fraco.
- Fui proclamado duque. Estarei mais perto a partir de agora. Quem sabe não colocamos esses anos em dia.
A garota não pôde conter o sorriso.
- Quem sabe... Eu pensei que você e Celine fossem um casal.
- O que te levou a pensar isso?
- Ela parecia gostar de você. - deu de ombros.
- Ela não faz o tipo de garota que me atrai.
- E quem faz?
O rapaz caminhou até a jovem, beijando lentamente seus lábios e envolvendo sua cintura com as mãos, ignorando todos ao seu redor, apenas sentindo o calor um do outro.
- Você sabe que isso não vai parar aqui, né? Digo, os cultistas. - Lizzie disse, recuperando o fôlego - Vem com a gente?
- Tenho assuntos a tratar aqui. Não pensei que você fosse continuar.
- Aprendi a não deixar algo inacabado.
- Te desejo toda a sorte do mundo. - o mais alto tentou colocar um dos cachos do cabelo da jovem no lugar, sem sucesso.
Lizzie voltou a sentar-se em uma das mesas mais afastadas no salão. Precisava por seus sentimentos no lugar.
- Então você beijou o Gerath. - Celine puxou uma cadeira para se sentar.
- Me desculpe se você pretendia fazer isso. Beijá-lo não estava nos meus planos. - não desviou o olhar da taça à sua frente, ainda deslizando os dedos sobre sua borda.
- Realmente pretendia, ele é bonito, corajoso, mas que seja, te mostro que posso fazer melhor que ele.
- Não tenho interesse. Ache outra, ou outro, não sei.
A morena se levantou e caminhou até as costas da elfa, deslizando suas mãos lentamente por seus ombros.
- O que você tem a perder?
- Eu provavelmente vou me arrepender disso. - Lizzie se levantou e entrelaçou os dedos aos de Celine, deixando que a conduzisse até um quarto.
Passaram duas horas juntas e a elfa não podia negar, Celine sabia bem o que fazia.
Saíram após trocarem de roupa e a festa acabar.
Se sentaram em uma das mesas que ainda não haviam sido retiradas.
- Boa noite. - uma mulher se aproximou. A mesma mulher loira que enviara Celine ali.
- Eu cuidei bem do Billy, ele está bem. - a azulada disparou.
- Agradeço sua preocupação com ele, mas tenho notícias mais importantes. - prosseguiu quando percebeu ter a atenção das jovens - Vocês tem uma missão em Valeryan. Segundo meus contatos, tem cultistas ameaçando a paz do reino.
- Por curiosidade, você conhece algum mago que possa curar minha mão? Isto é, me dar outra.
- Somente um, em Solaryn.
- Certo. Nós vamos para Solaryn recuperar minha mão. - se vira para Lizzie.
- Caham. Valeryan. - a mulher a cutuca.
- Enfim, vamos a Solaryn. - Celine a ignora.
- Não há tempo para essas vaidades. - Lizzie repreendeu-a.
- Vou procurar em Valeryan então. - deu de ombros.

***
Mais umm ^~^
Vocês estão empolgados igual a mim?? Pq olha KKKK 💕
Até o próximo, meus guerreiros ✨

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 15, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O Culto e a AliançaOnde histórias criam vida. Descubra agora