Capítulo Três

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Cidade de Mellen, ano de 1980.

Os passos dos dois irmãos agora estavam acelerados. Kleber temia por alguma difamação que pudesse surgir ao seu respeito, e o pior, se lembrara da corrente que carregava em seu peito e que agora estava na residência em que todo o terror da sua vida havia começado.

Com as mãos entrelaçadas a da pequena Clara, agora estavam em frente a casa de um conhecido.

- Eu posso ficar aqui? - Kleber perguntou, com lágrimas em seus olhos. - Não temos aonde ficar. - abraçou a sua irmã.

O gramado em frente a casa do seu amigo, o céu cinzento e nublado como estava o seu coração. Os céus pareciam estar tristes com o que Kleber e a pequena estavam a passar.
Nuvens densas se formavam.

Antes, pode passar em frente a sua escola. O lugar aonde nunca frequentaria novamente após os acontecimentos ocorridos atualmente.

- O que aconteceu, meu amigo? - o garoto aparentava estar preocupado.

- Eu só preciso de algum lugar para ficar. - Kleber começou a se tremer.

Suas pernas cambaleavam, um suor surgiu de seu rosto e os seus cabelos escuros estavam sujos de manchas vermelhas.

- Que diabos aconteceu, Kleber?

Kleber puxou a sua irmã mais uma vez, tapou os seus ouvidos com as suas mãos, de modo que ela não pudesse ouvir o que falariam dali em diante.

- A mamãe está morta. - disparou agora, de um modo frenético.

- Valha - me Deus, que horrível! Entre, por favor. Papai está no trabalho. Estou sozinho em casa. - disse, abrindo o portão amarronzado para permitir a passagem do seu amigo.

Caminharam até o final da casa, um enorme local. Agora estavam no quintal da residência, sendo considerada uma área de lazer.

- Você precisa se lavar. E terá de me explicar como tudo aconteceu.

O irmão de André correra para o local, tomando impulso para abraçar a pequena Clara e assustado com o estado de Kleber.

A garota estava sentada sobre a cadeira, de forma tímida não argumentava uma sequer palavra. Mas é claro, ela estava assustada e a mistura de emoções, pensamentos e sentimentos a deixavam atordoada.

- Clara, minha amiga! Que saudades de você. - Enzo disparou, ao perceber a presença de sua amiga ao quintal.

- Oi, En..zo. - gaguejou ao avistar a sua amiga.

A garota se encolhia sobre a cadeira, mas foi puxada pelo seu amigo.

O garotinho lhe deu um beijo em sua bochecha, em seguida de um abraço, era uma coisa linda e ingênua de se ver.

Kleber sorriu ao ver tal cena, André fez um sinal com as suas mãos de forma que estivesse chamando o seu amigo e cochichou em seu ouvido.

- O que você acha de levar Clara para dentro, Enzo? Alegre - a. Ela precisa. - sugeriu o adolescente, com esperança de que pudesse ficar a sós com o seu amigo para poder entender o que havia acontecido.

Enzo pulava de alegria e agarrou a sua amiga pelo pescoço, direcionando - a para dentro de sua casa.

- Estamos a sós agora, preciso que você me conte como tudo aconteceu. Eu sou o seu amigo, você sabe que pode contar comigo. - sentou na cadeira suavemente. - Mantenha calma, conte - me o que apenas quiser e puder.

- O nosso pai assassinou mamãe durante uma discussão. Eu deixei o corpo no banheiro, a essa hora já devem ter achado. - mais uma vez, chorou, chorou e chorou.

Vidas Feridas (Repostando)Where stories live. Discover now