Invadida

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Tento me contorcer na cadeira onde fiquei sentada as últimas horas. É inútil o nó está demasiado bem apertado e a pouca força que me resta estou a guardá-la para lhe acertar em cheio no rosto mal se aproximasse.

A minha voz estava rouca de tanto gritar por ajuda e a minha pele arrepiada pelo frio. Estava praticamente nua.

A dor na cabeça estava finalmente a passar e o homem alto encapuçado que tinha entrando à pouco na pequena cabana ainda não tinha sequer dito uma palavra.

E isso irritava-me profundamente.

Quero saber quem é.

Quero saber como é que vim aqui parar.

-Não faço a mínima ideia de quem és ou porque estou aqui, mas não estava sozinha a minha família e os meus amigos vêem-me procurar.

Olhei pela janela de novo, era cedo, talvez ainda estivessem a dormir.

Brandon...

Vai achar que a culpa foi dele, como sempre.

-Não vi nada do que estavas a fazer ontem, nem vou falar sobre isto mas tens que me soltar. - argumentei miseravelmente.

A resposta não veio, de novo.

-Se não me soltares agora vai ser pior.

-Quem diz que te quero soltar? - a voz veio baixa e com um tom de deboche.

Ignorei o comentário e tentei de novo.

-Ao menos podias me explicar porque raio estou aqui. Talvez te tenhas enganado, sou só uma campista a passar o fim de semana. - fiz uma pausa, absolutamente nada. - Não quero problemas. - acrescentei à pressa.

-Claro que não queres problemas Alice, sempre foste uma pessoa calma.

Abri a boca num óbvio sinal de espanto, nem tanto assim, mas na mesma não deixava de ficar surpreendida.

Conhecia aquela voz.

Ouvi aquela voz durante anos.

O meu primeiro beijo surgiu depois de me afeiçoar à voz dele.

Queria vomitar.

-Harry? - perguntei já sabendo a resposta.

-Avisei-lhes que eras minha Alice, porquê é que me subestimam sempre. - sorriu, o típico sorriso que me enfeitiçou quando o rapaz educado me ajudou com os livros na biblioteca.

Esse rapaz era ele, tão diferente agora, ou só mais ele próprio?

-Inclusive achei que o jornal seria suficiente para assustar o Brandon.

-Então foste mesmo tu!?

-Em parte.

Aproximou-se de mim e senti o perfume que usava desde o dia em que o conheci, aquele perfume tão característico.

-Brie? - revirei os olhos, tinha a certeza que a loira estava metida nisso.

-Uma parceira quase à minha altura. Não imaginas o quão mais fácil é manipular pessoas quando estão tão apaixonadas por alguém que não as ama. Não ser correspondido magoa Alice, magoa para caralho.

-Isso não é desculpa.

Sentia repulsa pelo homem à minha frente, mas também já não era a mesma rapariga de há uns anos atrás.

Choque frontalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora