invisível.

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Invisível.

"A insistência humana surpreende
O amor humano aquece
O orgulho humano felicita
E a esperança humana inventiva

A ignorância humana destrói
A inveja humana envenena
O ciúme humano mata
E a ganância humana cega

E diante da negatividade
Que se sobrepõem
O ser humano percebe finalmente

Tudo é invisível e inútil
Até o ser humano perceber
Que sua própria existência
É invisível e inútil"

Meus passos pareciam ecoar enquanto caminho pela rua escura e parcialmente deserta da residência de Taehyung. Além de mim, algumas crianças brincavam sob supervisão de seus pais que conversam alheios à demais eventos na porta de uma das casas. Quando passo pelos casais, alguns acenam para mim com a cabeça enquanto outros se limitam a um sorriso fraco. Restou a mim somente murmurar um "boa noite" e rumar para meu destino não tão distante.

Sigo andando sob os olhares da lua, das árvores e de animais à espreita, provavelmente se perguntando o que eu faria ali, entrando no mesmo espaço que Kim Hyojong.

Eu também não faço ideia, respondo-os mentalmente.

Nunca precisamos formalizar isso em palavras, mas Taehyung e eu confiaríamos nossas próprias vidas ao outro. Estabelecemos, de forma silenciosa, uma relação de atenção e zelo, empenhando uma dedicação enorme para termos uma relação saudável e linear. Graças a esse contrato que firmamos sem termos necessariamente assinado alguma coisa, Taehyung já me salvou situações extremas, como divergências conflituosas, como uma briga, a situações quase insignificantes, como meramente buscar almoços largados. Eu nunca conseguiria medir meu agradecimento a ele por isso. Assim como o rapaz se diz agradecido a mim por te-lo amparado incontáveis vezes.

No entanto, mesmo tendo plena noção de meu compromisso, eu sentia como se apenas meu corpo estivesse se dirigindo a casa do mais velho, enquanto minha mente ainda gostaria de ter permanecido em casa. Somente imaginar os diversos cenários que poderiam se concretizar naquela noite eu já me senti terrivelmente exausto.

Lidar com Kim Hyojong sempre fora uma tarefa complicada. São inúmeras as vezes que ouvi Taehyung bufando o nome do irmão em sinal de um estresse acumulado do dia anterior. Inicialmente eu não consegui entender o porquê de tanta impaciência a respeito do Kim mais jovem. Sempre presenciava apenas uma reclamação de lá, um resmungo de cá, um choramingo acolá; somente esses pequenos comentários desagradáveis e cansados. No entanto, ao conhecê-lo pessoalmente e ter a comprovação de minha tese empírica, pude perceber o quão delicado é o contato com o garoto.

Hyojong não é o típico adolescente que possui o pavio curto. Ele é apenas indiferente e apenas dá atenção àquilo que realmente lhe interessa. Contudo, ainda assim ele se mostra completamente explosivo para certas situações, tornando complicada a menor interação com o mais jovem. Na maior parte do tempo, o rapaz costuma apresentar um comportamento calmo e frio assustador, casando com suas feições rígidas e sem emoções aparentes, piorando sua situação. Mas, devido a tanto tempo sem demonstrar ter um coração, quando se estressa, a explosão de raiva costuma ser até mesmo radioativa, infectando todos ao redor.

E, quem diria, eu costumo agir da mesma forma. Por isso nos rejeitamos tão abruptamente, os iguais se repelem.

Após mais alguns poucos metros de uma caminhada preguiçosa, avisto uma casa azul-bebê ao final da rua, quebrando, totalmente, o padrão branco e preto das outras residências.

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