Todos Os Universos Ocultos De Park | jikook

o anjo caído.

"A noite cobre com seu manto escuro
Os sonhos abstratos de corpos diurnos
O vento uiva e clama com a despedida das chamas de Apólo
E cumprimenta a frieza platina de Artemis

As estrelas saúdam com cortejo
Àquele que se recusa a cair no devaneio

Uma lamentação lhe captura a atenção
E pela visão refratada
O rebelde vê o anjo
O anjo delicado, afeiçoado, amado. Rejeitado.

Porque choras, ó beleza etérea?
Mas o anjo nada respondeu
E de seus olhos
A mais cristalina e dolorosa das lágrimas desceu"

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É curiosa a forma como algumas pessoas conseguem influenciar outras.

Isso é natural do ser humano, na verdade. Sua natureza desesperada pela sobrevivência conduz os seus passos de modo que a solidão e o abandono se passem apenas por duas palavras simples. Desde os primórdios dos tempos foi assim — pelo menos é o que os livros de história afirmam. Espécies selvagens, incluindo o ser humano, costumavam, e ainda costumam, a viver em bandos como uma maneira de aumentar as chances de sobrevivência, caçando juntos, se defendendo juntos, cuidando uns dos outros... concluindo que, mantendo-se tão próximos, mesmo sendo pequenos animais, qualquer um consegue atacar diretamente uma besta maior que si mesmo.

E essa estratégia perdura até os dias atuais, seja nas mais singelas ou nas mais grosseiras aparições. Durante todo o meu caminho até o homem que sou hoje, me deparei inúmeras vezes com exemplos mais que sólidos de como a mente humana pode se tornar extrema e assustadoramente influenciável graças à essas idéias de sobrevivência. Com uma ênfase gritante na adolescência, presenciei muitas vezes o absurdo: pessoas entregando-se de corpo e alma para outros somente para coibir esse sentimento de medo da solidão.

Chego até mesmo a pensar, mesmo depois de tantos anos desde a última vez que vi algo assim, que esse temor, esse pânico, é, talvez, o pior mal da humanidade. A perspectiva de uma vida solitária adoece as pessoas de maneira que muitas se tornem zumbis cegos que consentem com tudo que seus "mestres" dizem — creio que seres assim sejam até mesmo capazes de acobertar crimes sujos; enquanto outras despencam em limbos infinitos e infernais de pensamentos destrutivos e sussurros maldosos de vozes silenciosas.

Bem, essas pessoas buscam constantemente a aprovação alheia, meros sinais de que estão trazendo a alegria e satisfação para terceiros e não para si mesmos. Atualmente as pessoas vivem e respiram apenas para agradar aos outros, oferecendo tudo de si, mesmo quando estes não tem mais energias e forças para se manterem de pé. A existência própria se tornou algo medíocre e inútil e o ser humano parece regressar na medida em que os anos passam. Daqui a pouco todos teremos a mesma mentalidade que recém nascidos: sem voz para discutir, sem forças para caminhar e sem pensamentos para criticar.

Alguns ainda lutam para destruir e destronar essa "ditadura" que a ideia de submissão impôs. São como "tordos" revolucionários, uma esperança no meio de tanto caos. Contudo, por serem uma minoria esse grupo acaba sendo afogado por uma onda avassaladora de comentários agressivos e repreendas, muitas vezes humilhado e tendo sua luta constante amordaçada e amarrada. É triste, eu sei, e pior ainda é saber que, por pensar diferente, eu acabei me tornando uma vítima dessa massa e mente única. Mas eu já apertei demais nessa mesma tecla, não me aprofundarei.

Enfim, a população atual está sempre tentando construir a melhor versão de si mesma para os outros, por puro medo do abandono e da solidão, sendo que em algum momento da vida as pessoas terão de passar sim por isso. Acredito fielmente que a vida é construída através de experiências vivenciadas pela pessoa regente dela. Acredito que naquela tela branca com filetes de água caracterizada "destino", em alguns pontos dela existam tintas de outras cores, que em algum momento irão, inevitavelmente, se misturar com a tinta preta da nossa linha do tempo. Essas misturas, mesmo que imperceptíveis, seriam as experiências marcando nosso ser e nossa vida e nos moldando de maneira que possamos aprender com as consequências desses eventuais encontros na tela.