The Start.

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O despertador me arrancara do meu precioso sono 5h30 da manhã. sentei na cama e fiquei olhando para os meus pés, tentando digerir a situação. Faculdade, minha mente de repente lembrou. Pulei da cama, e entrei no banheiro, tomei meu banho, me vesti, fiz uma trança em meu cabelo, pus uma fita azul e desci.
Entrei na cozinha onde minha mãe terminava de pôr o café e meu pai a esperava. Minha mãe é enfermeira e meu pai é professor de matemática.

-Ah meu bem! Por que essa cara de desânimo? Faculdade de administração sempre foi seu sonho!

-Acordar a essa hora é que não é meu sonho, mamãe.

- Eu sei. Mas tudo requer sacrifício.-

Dona Madison sempre incorporando a conselheira. Comecei a comer e comecei a folhear os papéis da universidade que trouxe. Escolhi estudos internacionais como minha principal área de interesse, incluindo também história da arte.

-Bom, se eu não for agora eu me atraso. Tchau mamãe.

- Tchau querida. Boa aula.

Era oficial. Agora eu era uma universitária. Para minha sorte, as aulas na Western Oregon seriam interessantes. Meus olhos percorriam a grande universidade que eu estava. Se não fosse a bolsa, eu jamais estaria num local que a mensalidade fosse cara assim. Pensei o quanto foi bom ter feito aquele teste que a universidade disponibilizou. À frente, o futuro se delineava: a faculdade, um emprego e não me afastar tão cedo da casa dos meus pais. Fui andando só por andar pois meus olhos ainda estavam vidrados em cada detalhe.

Acabei por bater num corpo forte e por consequência disso vi o livro que estava carregando no chão.

- Opa, me descul...

-Meu livro! Você sabe quanto isso custou? Se tiver amassado essa capa eu... - Explodi enquanto pegava o livro do chão. Meu pobre bebê! Me levantei pra olhar no rosto do sujeito e ofeguei. Ele tinha lindos olhos azuis cobalto, os cabelos escuros, um porte atlético, devia ter uns vinte anos. Mas, por mais lindo que fosse eu ainda estava irritada.

- Graças! Ainda está inteirinho! - falo inspecionando o livro.

- Sinto muito mesmo. Se a ajuda, eu tenho muitos livros e sei como são importantes pra quem os lê. Me desculpe mesmo!

- Olha, tudo bem. O livro está inteiro, pelo menos eu não causei a 3° Guerra mundial, não é?

Ele abriu um grande sorriso, deu uma risada e seus olhos brilharam momentaneamente. Sorri também e continuei o encarando até me dar conta do que estava fazendo.

- Eu acho que tenho que procurar minha sala agora, mais uma vez desculpe pelo acidente, senhorita...?

- Kelsey, Kelsey Hayes. E eu me desculpo pela confusão que fiz, senhor...? - Levantei as sobrancelhas, esperando ele dizer seu nome.

- Dhiren Rajaram.- Ele estende sua mão pra mim, eu estendo a minha e nos cumprimentamos. Ele sorri mais uma vez e se vira, saindo do meu campo de visão e me deixando brutalmente aturdida, permanecendo no mesmo lugar.

-Kelsey, sua danadinha! É o primeiro dia e você já está agarrando alguém por aí? - Fala Jhennifer. Conheci ela há um ano mais ou menos, nas aulas de wushu que eu fazia no verão. Ela tem 22 anos, e é elétrica mais do que devia, às vezes.

-Jhennifer! Que saudade! E não, não estou agarrando ninguém.

- Deixa eu adivinhar, você teve mais um surto pelos livros? - perguntou enquanto caminhamos à procura da sala de aula.

*Casa da Kelsey*

- Tenho quase certeza que você deu seu ataque de novo, não é?- Anamika pergunta sorrindo com uma colher a caminho de sua boca, mais uma vez sabendo exatamente como reagi em qualquer situação.

- Sim. Em parte, se ele não fosse tão bonito eu tentaria dar na cara dele com certeza!

- Com certeza? Kelsey, você tem pena de matar uma formiga! Mas mudando de assunto, que cor você vai querer no buquê de casamento?

- Eu não tô ouvindo isso. Eu só o vi uma vez, Ana.

- E provavelmente vai o ver mais vezes, afinal vocês estudam na mesma universidade. Mas não é só você que tem novidade. Também encontrei um cara interessante hoje. Ele tinha, por mais estranho que possa parecer, olhos dourados.

- Uau. Acho que é nosso dia de sorte, Mika.- falo levantando as sobrancelhas, rindo.

Mamãe e papai entraram na sala de jantar conversando.

-Oi meninas. Como foi o dia de vocês?

- Foi bom. A universidade é bacana.

- Hoje recebemos mais voluntários no orfanato.

- Que bom! E então, sobrou sorvete pra nós?

-Papai, a Ana não tira a colher desse pote!

- Hora da fuga, vou dormir. -Ela fala se levantando.- Boa noite, tenho que levantar cedo pra ir pra instituição amanhã.

- Boa noite. Durma bem! Sonhe com o carinha de olhos dourados. - falo me levantando também, a faculdade começa cedo amanhã.

- Haha, vai dormir.

- De quem Kelsey está falando, Ana? -papai fala rindo.

- Vou dormir papai.

Fui saindo de fininho pro meu quarto. Troquei de roupa, escovei os dentes e me deitei na cama, pensando no cara dos olhos cobalto. Me ajeitei, adormecendo logo e com os olhos de Dhiren na minha mente.

*Sábado, Cafeteria do Joshua*

Eu e Anamika estávamos apoiadas no balcão de atendimento da cafeteria do papai. Me inclinei discretamente pra ver com quem ela estava conversando.

- Quem é Kishan?

- Meu Deus,Kelsey! Que susto! Não faz mais isso!

-Você não me respondeu.- falei colocando a mão no queixo a olhando.

-Kishan é o cara dos olhos dourados que te falei.

- Que rápida! Já tem o número dele.

- O caso foi que nós fomos escolhidos pra fazer uns brindes pras crianças. Vou na casa dele sábado que vem e pra nós nos planejarmos, ele me deu o número dele.

- Nossa, que bacana.

Escutei o sininho da porta anunciar a chegada de um cliente e desci do banco pra o atender. Então paralisei. Dhiren, era Dhiren que estava ali. Ele tirou o casaco e olhou pra mim, pareceu surpreso, sorriu e fui na direção dele pra o atender.

- Você é a atendente? Me desculpo por não ter nada pra derrubar dessa vez. - Ele fala sorrindo e eu sorrio de volta.

- Também me desculpo por não ter nada pra causar um chilique. E parcialmente sou a atendente, às vezes ajudo meu pai pra não ficar sem nada pra fazer. Ele é o dono da cafeteria. Qual o pedido? -falei enquanto andávamos até uma mesa vazia.

- Meu irmão disse que uma amiga indicou esse café porque dizem que tem o melhor cookie de manteiga de amendoim e gotas de chocolate. Acertei?

-Se é o que dizem.- falei rindo.- é esse o pedido? O que vai querer pra beber?

-Sim, é esse o pedido, só isso por favor.

- Claro! Já trago o pedido. - me levantei enquanto ele pegava um livro que me chamou atenção. Shakespeare. Sorri internamente, nós tínhamos o mesmo gosto literário. Fui indo na direção do balcão onde Anamika observava a cena com atenção.

- É esse o grandioso e aclamado Dhiren?

- Sim, não comece a gritar pelo amor de Deus. É esse o pedido. - falei lhe entregando um papel. Sarah, uma funcionária foi levar o pedido pra ele.

- Está falando do lanche ou de genro na imaginação da mamãe?

- Ana, por favor!

Depois de alguns minutos ele se levantou, depois de ter pagado e acenou timidamente pra mim. Acenei também e ele saiu.

E apenas um pensamento vinha na minha mente: sândalo e cachoeira.

Lotus SunriseWhere stories live. Discover now