Lotus Sunrise

Um novo amigo.

Anamika.

Era a inauguração do novo prédio da instituição de caridade que eu era voluntária há uns quatro anos. Eu já tinha muitos conhecidos lá por ser uma das que permaneceram ajudando.

Tinham me colocado para receber os novos voluntários numa das salas, eu anotava nomes e mais nomes, a disposição das pessoas, o turno que elas poderiam estar. Eu já estava ficando meio cansada, e quando eu ia pegar um pouco de água, um homem apareceu. Ele era jovem, alto, era muito musculoso. Estava vestido de preto da cabeça aos pés, contando com os óculos escuros que impediam de ver seus olhos. Lembrei que ainda estava paralisada, com o copo de água em minhas mãos.

- Oi... - o "senhor das trevas" falou um pouco hesitante.

-Olá, veio se voluntariar? Se for, precisa de um cadastro.

Ele tirou aqueles óculos escuros e me encarou com os mais impressionantes olhos que eu já vira. Seus olhos eram dourados com pontos cor de cobre. Tentei identificar aquela cor. Nunca tinha visto nada igual. Eram como ouro de pirata - a cor de dobrões de ouro. Na verdade, pirata era um boa palavra para descrevê-lo. Parecia que todos os raios de sol, juntamente com todo o ouro do mundo tinham se concentrado no olhar dele. Ele me encarou por alguns segundos e sorriu.

-Sim, vim me voluntariar. Você também é voluntária ou só secretária temporária? Esse lugar está uma loucura.

- Sou voluntária há quatro anos. E esse emprego de um dia foi porque me voluntariei também, todos estavam ocupados demais. Nome?- falei pegando uma prancheta e a caneta.

-Sohan Kishan Rajaram.

O nome era lindo, como ele. Dei um leve menear de cabeça, eu só poderia estar ficando doida.

-Em qual turno pretende ajudar, Sohan?

Ele deu um leve sorrisinho e os olhos brilharam. - O que foi?

-A única pessoa que me chama de Sohan é minha mãe, mas você também pode.

-Que bom saber que não estou ofendendo. Qual o turno?-perguntei levantando uma sobrancelha, afiada na voz.

-Qual o seu? - Ele falou apoiando a mão no queixo, totalmente despreocupado com tudo ao redor.

-Manhã.

-Vou me voluntariar no turno da manhã, então. -Falou dando um sorriso preguiçoso.

-Ok, eu acho que já está tudo nos conformes.

-Quantos anos você tem?

-Ann... 20. -Falo um pouco desconcertada.

-Jura que você tem minha idade?

-Não tenho motivos pra mentir.

-Uh, direta.

-É um jeito de cortar conversa. Passei praticamente o dia todo aqui, e tô com sono. É bem provável eu tentar dar na sua cara se me provocar.

-Ok. Não se preocupe, amanhã vou ter bastante tempo pra te provocar. Josephine disse que você vai ser minha instrutora.

-O quê? Como assim?

-Boa noite. Também estou com sono. Até amanhã, bilauta.

-Se me chamar de gatinha de novo, eu despedaço o que te faz homem, não duvide.

Ele apenas riu escandalosamente pelo corredor.

-Ah meu Deus, onde me meti.- pensei colocando as cabeça na mesa aonde ficavam os formulários.