3 - Eu me amarrei

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Acordo e vou para o posto. Ser frentista não é o sonho de ninguém, mas pelo menos estou ganhando dinheiro.

Limpo o banheiro e ajudo as pessoas a colocar gasolina.

Pelo menos aqui o dinheiro vem na hora, não tenho que esperar o fim do mês.

Paro pra almoçar e vou para o abrigo.

Eu não gostava de vir aqui no começo, mas agora já virou uma fuga.

- Olá TaeHyung - Dong-Yul diz.

- Oi - falo indo para a cozinha.

Eu não tenho tanto contato com os idosos quanto outras pessoas, mas pelo menos aqui as pessoas me tratam bem.

- Boa tarde, filho - a Sra. Bom diz.

- Boa tarde - digo. - Como vai a senhora?

- Eu vou bem, e o senhor?

- Também - falo rindo.

- Que bom - ela diz.

Começo a limpar a cozinha e ela fala:

- Você está mais magro.

- Eu estou andando de bicicleta agora - digo.

- E a escola? - ela pergunta.

- Vai bem - minto.

- Que bom - ela diz.

...

Termino de arrumar a cozinha.

- Eu estou indo, senhora Bom.

- Tudo bem, meu filho - ela acena e faço de volta.

Vou para para a pizzaria.

As entregas são poucas e não demora muito para terminar.

Me jogo no sofá encarando o teto.

Escola...

Devia estar lá, não é? Na faculdade para ser mais exato.

Mas não adianta me lamentar agora, fiz merda porque quis e vou ter que arcar com as consequências.

Encaro na bancada uma foto minha e do NamJoon no posto, quando ele ainda trabalhava lá.

Suspiro pensando no que os garotos estão fazendo agora. Com certeza estão melhores do que eu...

Já pensei em pedir a ajuda deles outras vezes, mas já desisti dessa ideia, eles não precisam de um encosto nem nada do tipo.

Crio coragem para levantar e preparo meu jantar. Lamen.

Volto a encarar o porta retrato e isso me incomoda por algum motivo, não devia estar olhando para ele. Pego o objeto pronto para jogá-lo no lixo mas não consigo.

Então simplesmente o coloco deitado numa prateleira alta de modo que não consigo ver a foto.

Deito no sofá, novamente, mas minhas costas doem. Então desisto do sofá e deito no chão, não demoro muito para pegar no sono graças ao cansaço.

...

Toco a campainha e espero por cinco minutos. Faço novamente e o tempo passa.

Me viro para ir embora quando ouço um barulho alto lá dentro.

Giro a maçaneta e a porta está aberta, entro.

- Garota, você está bem? - pergunto.

Tem vários livros caídos, duas estantes quebradas e a garota está no chão.

Coloco a pizza em cima da mesa e vou até ela.

- Ei - bato de leve no rosto dela. - Garota.

Ela abre os olhos devagar.

- Por que você está aqui? - ela pergunta confusa.

- Você pediu pizza.

- Eu sei que pedi pizza - ela diz irritada e me empurra. - Mas não esperava que você fosse voltar.

Ajudo ela a se levantar.

- Sabe, eu estava sentindo que você ia quebrar isso mais cedo ou mais tarde.

- Por que você voltou? - ela pergunta ainda irritada. - Acabaram os integradores e tiveram que repetir?

- O quê? - pergunto.

- O garoto de ontem de manhã disse que ninguém gosta de vir aqui. Era para ter pedido de outro lugar, mas quando vi já tinha feito.

- Ah - falo. - Eu não trabalho na pizzaria de manhã.

- Mas eu sei que você acha que eu sou louca.

- Te acho estranha, mas isso não é da minha conta, eu sou só o entregador.

- Certo - ela diz e some pela porta.

Um tempo depois ela volta com o dinheiro.

- Conhece a saída - ela fala.

Saio e bato a porta.

Calma, ela disse de manhã?

Mas dois dias atrás ela disse que só come pizza à noite.

Penso em voltar, mas iria contra o que disse sobre não ser da minha conta. Então pego a bicicleta, deixo o dinheiro na pizzaria e volto para casa, mas tem uma pessoa na porta.

- E quem é você? - pergunto.

- Kum manda lembranças - ele diz com um sorriso cínico.

Mas que merda.

Respiro fundo.

- Ele sabe que eu não tenho o dinheiro - digo o mais calmo que consigo.

- Mas tem algum dinheiro - ele fala ainda sorrindo.

Respiro fundo novamente tentando me manter calmo.

- Sim, eu tenho dinheiro, para pagar o aluguel, a comida...

Me interrompo quando a porta de casa abre e outro cara sai de lá.

- A gente fez o favor de pegar pra você, assim você tem menos trabalho - ele diz me mostrando o dinheiro que ganhei esse mês na mão. - Você está precisando de uma fechadura nova.

Ele joga a maçaneta para mim. E o encaro besta.

Não consigo mais segurar a raiva e avanço no que estava do lado de fora.

- Vocês acham mesmo que...

- A gente não acha nada - ele diz me empurrando contra a parede. - Aproveite enquanto ele está te deixando pagar parcelado e sem juros.

Ele me empurra de novo e os dois saem.

- Droga - bato a porta com força.

Encaro o apartamento, o sofá fora do lugar, os armários abertos...

Me jogo no sofá e respiro fundo tentando não chorar.

Ótimo, agora só tenho os sete mil won que a garota deu de gorjeta.

Levanto e saio de casa.

Forever - KTHWhere stories live. Discover now