8 | RED DEVIL

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É o segundo final de semana que você quer ficar dentro de casa! — Shelby Colmer me sacudiu pelos ombros.

Eu só queria ficar deitada naquele sábado. Eu tinha muita atividade para fazer e não podia ficar de saidinha. Meus professores praticamente foderam — e não no bom sentido, caso existisse — os alunos passando milhões de deveres para o final de semana. Eu não conseguia dar conta, tampouco terminaria naqueles dois dias disponíveis.

Além disso, precisava pensar em uma resposta para o suposto Frankenstein. Minha mente dizia que ele era alguém do jornal tentando me pregar uma peça para me fazer escorregar nas minhas próprias enganações. Era inegável que eu precisava de uma boa resposta para não cair no joguinho deles. Eu faria aquilo no sábado, mas primeiro precisava afastar minha colega de quarto da minha cola.

— Eu tenho muita coisa pra fazer — resmunguei, tentando me desvencilhar das mãos dela.

— Tipo o quê? — ela subiu ambas sobrancelhas. Soltou-me por um momento, dando tempo para que eu pensasse em uma boa resposta. Pelo jeito ela não confiava muito em mim.

— Trabalhos. Análise de um conto, análise de uma poesia, uma transcrição, respostas para umas questões de Geografia... — fui contando nos dedos. Não era mentira, mas Shelby não queria saber. Ela me balançou novamente. — É sério! Estou falando sério!

Um riso escapou da minha boca e ela montou sobre mim. Achei que fosse ser esbofeteada, mas a garota só cavalgou nas minhas costas mesmo. Empurrei-a para longe, rindo descaradamente da queda dela.

— Você precisa beber! Beber! Um dia sem lição de casa não vai te fazer mal. Eu tenho deveres atrasado do ano passado e nunca fiquei de recuperação — Shelby falou, os cabelos desalinhados. — Hoje tenho uma festinha. A Mabel Seymour vai, está vendo? Você podia acompanhá-la!

— Por que eu iria numa festa com um bando de veteranos? — joguei um travesseiro em cima dela.

— Para sua informação, a festa é exclusiva para calouros. Só primeiro e segundo ano estarão, porque veterano não pode entrar.

Era uma boa ideia, inclusive cogitei por um momento, mas logo meus ombros caíram em desgosto. Não precisava de muito para concluir que aquilo não daria certo.

— Quem garante que os veteranos não vão entrar?

— Se entrarem, a gente desce a porrada — Shelby socou o ar, fingindo valentia. — Além do mais, outra festa estará acontecendo no campus. A Beta Sigma Tau vai estourar os tímpanos dos veteranos naquela festa de gente doida. Ninguém vai estar interessado na nossa festinha. O Michael Gobberd alugou o Red Devil só pra gente.

— Não é o Precoce? — lembrei da sexta-feira no auditório. Charlize Hancock havia sido bem idiota, mesmo que Gobberd houvesse pedido o esporro. — Ele é rico assim?

— Ele é — Shelby Colmer mordeu os lábios. — Rico de tamanho também.

— Suja! — reclamei, mas ria da situação. Pulei sobre seu corpo despojado na minha cama e comecei a socá-la.

Nebraska Cobham surgiu na porta e entrelaçou os braços, assistindo nossa disputinha. Ela precisou bater palmas para chamar nossa atenção. Shelby me atingiu no rosto no último impacto da batalha, fazendo meu corpo tombar para trás. Cai na cama e bati os cotovelos no chão, o barulho ecoando pelo quarto.

— Parabéns, crianças — Nebraska aplaudiu. Ela me ajudou a levantar, mas seu semblante não era muito animado. Shelby, por sua vez, ria da minha cara. — Vocês vão para festa do Precoce?

O apelido havia ficado mesmo. Assenti, pois minha decisão precisava ser tomada assim, sem pensar muito. Eu recompensaria no próximo final de semana. Precisava espairecer antes de escrever uma resposta para meu amigo Frankenstein, que comia meus neurônios de tão intrigante.

Hello Darkness | Romance Lésbico (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora