Capítulo IX - As provações de Ícaro, pt. I

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     Todos pareciam curiosos com os sonhos de Dario e Ícaro. Mas os dois decidiram não comentar nada a respeito.

Ícaro assentiu calado o que o garoto de cabelos castanhos e ondulados ao seu lado havia dito anteriormente. Dario tinha em mente que morreria lutando ao lado dele, então aceitara seu futuro – esperava que não fosse covarde para fugir disso.

— Certo! – disse a Hespéride mais velha quando novamente um silêncio fora instalado na sala. – Precisam se preparar para descer ao Mundo Inferior.

Todas as atenções se voltaram para a mulher.

— Primeira regra: não morram. – ela deu um sorriso, mas dava pra sentir a sinceridade em suas palavras. – Recentemente, as Irmãs do Destino foram misteriosamente apagadas da nossa realidade. Dizem que o Olimpo viverá um caos por isso.

Dario mordeu o seu lábio inferior e se encolheu no estofado do sofá. Ele poderia ter explicado o que ocorrera em seu recém passado, mas se conteve.

Então ela continuou.

— Vocês não são semideuses, mas cheiram como um. – disse. – Precisarão usar um perfume de Eros se não quiserem virar o almoço dos ciclopes ou hecatônquiros.

Os Irmãos Cerberus cruzaram os braços e sorriram em conjunto.

— Qual é? – Lucano zombou. – Os ciclopes não são tão ruins assim.

— Para quem praticamente comanda o Tártaro junto ao Hades é fácil falar, não é? – a irmã do meio, Lissa, falou em tom nada amigável.

Da garganta dos gêmeos saiu um grunhido e eles a olharam com um olhar mortal. Atlas se levantou ao perceber aquilo e cerrou os punhos, ficando em frente à sua tia. Ícaro também levantou e se prontificou de acalmar as duas feras. Ele nem percebeu que seus olhos brilharam rapidamente, fazendo Tales e Luca recuarem de sua posição agressiva.

— Não estamos aqui para brigar. – Dione disse em alto e bom som. Todos a olharam mais uma vez e ela respirou fundo. – Usem essa disposição quando estiverem no Mundo Inferior.

Íris que estava esse tempo todo calada e parada próximo a entrada da sala fez um barulho com a boca para chamar atenção. Dione se virou para ela e esperou que falasse.

— Como os meninos se defenderão, caso ocorra algum problema? – sua voz saiu tão baixa e calma que quase ninguém conseguiu ouvi-la.

— Temos poderes, podemos nos defender muito bem. – Dario disse.

— A fada está certa. Vocês precisarão mais do que poderes para lutar.

— Nos leve até a mesa redonda, irmã. – disse a mais velha.

Dario revirou seus olhos e se levantou quando todos começaram a seguir a Hespéride loira. Ela seguiu para a cozinha, onde todos se reuniram próximo da mesa. Íris pôs sua mão debaixo da madeira e acionou uma alavanca. Atlas se espantou quando ouviu o barulho do objeto velho e logo após vê o local que sempre fizera suas refeições descer em um tipo de buraco no chão voltar para a superfície recheada com armas gregas de todo tipo.

— Desde quando possuímos um arsenal na nossa cozinha? – ele falou ainda com surpresa.

— Não se pode confiar mais em nada quando você está aposentada do Jardim. – Dione apertou o ombro dele e deu um sorriso.

Os outros pareciam encantados com a mesa cheia de armas. Luna olhou admirada para um arco negro com um pequeno detalhe de lua entalhado em sua madeira.

— O arco lunar feito do mesmo material que o da deusa Ártemis, com flechas infinitas. – Lissa pôs o arco em suas mãos. Ela piscou para luna e lhe entregou a arma.

A Queda de Ícaro [HIATOS]Onde histórias criam vida. Descubra agora