IX

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Jongin uma noite invadiu meu quarto e veio com papo de mãe, ele queria muito que eu o ouvisse e assim fiz. Ele disse que desconfiava da forma que o Baekhyun agia e de como eu estava agindo com ele. Os carinhos, a forma de conversar e sobre eu sempre querer o ver. Tínhamos um plano e parecíamos dois apaixonados em fase de se conhecer antes de namorar. Ele também disse que eu nunca tinha ficado assim com garota nenhuma, seria eu um gay encubado que achou o amor da minha vida? Eu só sei que chutei ele e o mesmo disse que estava só me avisando que o vento estava indo para o lado errado e a tempestade iria ser um estrago. O cara estava drogado.



Só que olhar o Baekhyun deitado em meu ombro e fingindo que está prestando atenção na série quando sei que ele não está descansando os olhos e sim dormindo, eu percebi que a gente parecia casal. Eu jurava que ia apanhar dele no momento que o chamasse para sair, mas ele foi dócil como um gatinho e fora que eu não o vi nenhuma vez me trocar pelo celular, já que o Sehun dizia que ele mal o via sem o celular na mão. Era totalmente estranho e eu pensava sempre sobre o convite para a casa no campo. Era a última festa, já que o dono da casa era veterano e se formaria nessas férias. Seria A festa e ainda eu teria Baekhyun só pra mim naquela grama macia e uma folha só sua no meu diário.



Eu me sentia desconfortável e apenas percebi que era por pensar sobre como seria ir para cama, ou grama, com um cara. Era isso mesmo.



Olhei para Baek mais uma vez e vi que o menor suspirava baixinho e fazia um bico involuntário, estava dormindo pesado. Fiquei olhando para aquele rosto com as bochechas naturalmente rosadas e os lábios mais ainda. Era uma tentação em pessoa, eu não era de ferro e nunca disse que era hétero, e sim alguém pronto para experimentar novas experiências, e Baekhyun despertava todos os meus desejos. Era esse o problema que Jongin insistia em dizer que eu tenho, mas não era um problema me entregar para cada relacionamento que eu me envolvia. Não queria algo mais superficial do que já era, queria me envolver, me entregar, fazer a pessoa se sentir especial. Tinha que ser um relacionamento, faz parte ser um cavalheiro, ser um bom companheiro, e sempre estar perto para não o fazer pensar que não sou um bom partido.



Eu só queria entender o porquê do Jongin e Sehun estarem implicando tanto com algo que eles mesmos propuseram.



Com dificuldade consegui por Baekhyun na cama sem o acordar e o cobri, dando um beijo na sua testa e olhando ao redor. Eu estava na zona de Byun Baekhyun. O lugar onde ele deixava em cada canto uma parte sua.



O quarto era pequeno, não tinha muita coisa além da cama, roupeiro, sua mesa de estudos, e a estante cheio de livros, me aproximando percebi que era livros de romance e vários, vários jogos de PS4. Um viciado mesmo.



Olhei pela sua mesa e tudo estava devidamente em seu lugar, até às fotos em um mural quadriculado, me fazendo rir com cada foto sua e com seus amigos. Uma em questão me chamou a atenção. Era uma foto dele e do Sehun na formatura do mais novo, onde eu também estava junto de Jongin. Eu lembro de ter tirado essa foto, mas não lembro de ter Baekhyun nela. Droga de memória ruim para essas coisas.



Olhei mais uma vez para o menor e fechei a porta depois de deixar um bilhete pedindo para o mesmo me mandar mensagem quando acordar, e segui pelo corredor vendo que ali só tinha três portas. A do seu quarto, do banheiro -o qual eu já havia entrado- e mais uma que obviamente seria de sua mãe. Parei e pensei no que o Baekhyun tinha dito sobre disse morar só com sua mãe, mas no nosso primeiro encontro ele falou sobre seu pai lhe perturbando para voltar pra casa.



Eu queria muito perguntar sobre a relação da sua família, mas sabia que seria muito invasivo da minha parte. Apenas saí dali depois de arrumar tudo e desligar as luzes, indo embora pra minha casa naquela longa madrugada fria e solitária.



Cheguei em casa sem fazer barulho para não acordar às duas crianças de sono leve que vivia comigo e fui para meu quarto, parando na porta de Jongin assim que ouvi meu nome. As paredes eram finas então não era difícil ouvir, entender o que ele falava é que era o problema. Escorei meu rosto na porta e tentei ouvir aquela conversa.



- Eu sei que disse que era uma boa ideia, mas não sei mais o que fazer para tirar ele dessa. Você devia ter contado... - Era a voz de Jongin e quando ouvi a voz de Sehun, percebi que eles estavam conversando e eu era o assunto.



- Eu não vou contar nessa altura do campeonato, eu avisei que ia dar merda. Eles parecem um casal, quem vai sair mais machucado nessa? Eu já estou... - Sehun estava alterado e já imaginava a pose que ele estava fazendo de por as mãos na cintura e olhar para o lado. Típico. Ouvi uns barulhos e talvez fosse Jongin pedindo para Sehun falar baixo, o que é impossível com ele. Eu queria entender o que tanto eles falavam, e sobre o que era isso. Estão fazendo algo e eles não querem me contar.



Percebi que eles tinham ficado quietos e olhei para a o fundo da porta, a luz estava apagada e a do corredor ligada, então eles conseguiam ver minha sombra sobre a porta e ficaram quietos.



Eu estava ficando curioso, mas estava cansando demais para raciocinar, então fui para meu quarto dormir.



Eu ainda iria descobrir o que estava acontecendo.

Diário de um BabacaWhere stories live. Discover now