[ATUALIZAÇÕES LENTAS | EM ANDAMENTO] Um milhão de dólares pode comprar muitas coisas: um lince-ibérico para fazer um casaco de pele ou um terno de produção única da Gucci, mas, para Jeon Jungkook, esses dólares se resumiam a registrar o rosto do mis...
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devaneios por emmagrant
#ganguedolynx
No fundo da cabeça de Jungkook havia um bipe insistente. Mesmo desligando milhares de vezes, o barulhinho fininho continuava a soar. Esfregou as suas mãos nos olhos e, com dificuldade, viu os dígitos sujos do marrom de sua maquiagem. Quando finalmente conseguiu enxergar, teve dificuldades para ver o sol queimando do outro lado dos vidros da janela. Tateou as mãos pelo estofado do sofá-cama até encontrar o seu celular; sete chamadas perdidas e três despertadores desligados. Seus olhos se esbugalharam assim que viu o horário no topo da tela: 9:27 da manhã.
— Puta que pariu! — gritou, afoito. Jogou os lençóis no chão, o que o fez tropeçar entre os panos nos pés. Irritado, chutou tudo como se estivesse tendo um ataque epilético. Em segundos, pegou qualquer roupa que viu pela frente, nem sabia se a camisa social que estava nas costas da cadeira era a mesma que tinha deixado cair molho de tomate na semana passada. Arrancou o moletom que usava e abotoou a blusa como a dos bêbados daqueles bares de esquina. Puxou o que parecia uma perna de calça de dentro da sacola que estava há duas semanas para levar até a lavanderia, que ficava no mesmo quarteirão do seu prédio.
Mesmo atrapalhado, ele correu para o banheiro, atravessando em uns cinco passos o kitnet de dois cômodos. No caminho ainda bateu com o dedinho na quina da mesa — essa que servia tanto para apoiar a sua televisão de trinta e duas polegadas, fazer suas refeições e, às vezes, fingir que trabalhava. Quando sentou no vaso sanitário para enfiar as calças pelas pernas, tentou soltar um palavrão, porém não conseguiu por conta da escova de dentes em sua boca, já que quando olhou as suas pernas negativas de melanina, viu a marca exata de cinco dedos em sua coxa esquerda. Ao apertar a região, sentiu dor. Toda a afobação acabou naquele segundo, quando o rapaz tentou resgatar em sua mente o que havia feito na noite anterior.
— Espera... — falou com dificuldade, então arrancou a escova da boca, a espuma da pasta de dentes o deixou com a aparência de um cão com raiva, e então olhou de um lado para o outro, esfregou a mão na lateral do rosto, sentindo a pele áspera em razão da barba que começava a crescer. — Como cheguei em casa? — perguntou para os azulejos marrons do seu banheiro, ficou de pé para puxar a calça de uma vez. Logo resmungou quando teve a pressão contra as bandas de suas nádegas. Uma ardência o tomou de dentro para fora e um flash veio rápido demais em sua cabeça. — Eu não acredito... Eu dei mesmo a bunda?! — resmungou se tremelicando inteiro.
Parou assim que sentiu novamente seu interior arder. E além de ter feito tal coisa, não havia completado seu objetivo: tirar uma foto do bandidão do Lynx. Já sabia que ao chegar no escritório do jornal The Bigusan, iria direto para o RH assinar a sua demissão.
・・・
Já era sua terceira xícara de café em menos de uma hora. Jeon lutava arduamente contra os seus próprios olhos, esses que estavam quase o ganhando por conta do sono pesado que o dominava. Brincava com a sua língua pela bolinha do seu piercing no canto da boca, esquecendo de olhar para a tela do computador, uma vez que lá já não haviam mais letras. Não tinha notado que o seu dedo mindinho apertava o botão do espaço fazia alguns minutos e o documento, que ele precisava entregar naquela manhã, só tinha os caracteres vazios. Nem ao menos notou a presença do seu colega que tinha acabado de chegar. Só voltou à órbita dos assalariados quando sentiu o solavanco na sua cadeira.
