Surrealismo | Park Jimin • 2

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Partida do Navio Alado - Salvador Dalí

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Partida do Navio Alado - Salvador Dalí

por: chromogogh

Revisora: Kesey_ecc

— Ei garoto! — Uma voz me chamou a atenção enquanto dormia perto da mesa do dia e da noite.

Levanto meus olhos sonolentos até encarar o gato que antes roncava perto de mim, ele me observava atentamente e seu rabo balançava de cá pra lá.

— Você está falando comigo? — Talvez fosse o sono, ou o fato de eu já não me surpreender mais com nada pelo fato de estar dentro de uma pintura, o gato falar não era tão chocante — Não sou nenhum garoto. O que você quer?

O gato revirou seus olhos esverdeados como se eu fosse a pessoa mais idiota do universo.

— Você quer sair daqui, não é garoto?

De algum modo, o casal na mesa não se importava com a nossa conversa, na verdade, não pareciam nem mesmo ouvir o que dizíamos.

— Sim, você sabe como?

O felino desfilou ao meu redor, esbanjando superioridade. Com certeza eu estava definitivamente louco, aquele gato parecia muito mais esperto que eu.

— É só você pegar o barco pra casa... Chegará de onde veio em questão de minutos.

Juntei minhas sobrancelhas finalmente me levantando do chão, não deixando de encarar o animal que parecia ter seus movimentos calculados com a máxima leveza.

— Que barco?

— O barco das borboletas, garoto... Não seja tão ingênuo, você deveria saber de que barco eu estava falando... — O gato pulou sobre a cadeira vazia perto da mesa e iniciou um banho discreto lambendo com maestria sua pata direita — É o barco mais veloz que existe.

— E onde eu posso embarcar? — Me aproximei do animal, esperando finalmente, a minha chave para sair dali.

Eu havia perdido a noção do tempo. Quantas horas haviam passado? Talvez dias... Dormi demais.

O gato nem me respondeu, em vez disso, interrompeu seu banho majestoso e apontou o focinho para um dos quadros pendurados na parede daquele quarto azul e claustrofóbico.

Havia uma pintura de um barco, mas não era um barco qualquer. A embarcação tinha suas velas substituídas por borboletas gigantes, era quase assustador, mas de alguma forma, me tranquilizava.

Era minha única maneira de voltar.

— Como eu entro aí?

Encarei o gato que observava meus movimentos ainda mantendo a superioridade em seus olhos grandes e esverdeados.

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