O meu padrasto

05

Vitória on:

- É que só podem estar a brincar! - reviro os olhos, estou prestes a explodir.

- Estou aqui! - a minha mãe diz entrando na sala as pressas.

- Sr. Margarida? - o tal senhor pregunta.

- Sim, sou eu! - ela sorri e ambos avançam para a mesa retangular que está exposta sobre a sala.

Um trovão soa no ar, indireito as costas depois do pequeno susto.

(...)

- E aqui é a cozinha! - ouço a minha mãe dizer regressando a sala onde estou sentada no sofá, já descalça e com o meu cabelo apanhado num coque.

- Já tirava essa cara! - ela diz séria e olha para mim.

- Não tenho outra! - Levanto-me e vou para o meu quarto.

Coloco a minha música e decido estudar para física.
O meu último ano de faculdade, estou tão anciosa por terminar.

(...)

A chuva e a trovoada ficaram mais fortes e está um frio de rachar.
Troquei de roupa e voltei a estudar.
Sinto alguém tocar-me no ombro, retiro os fones.

- Venha jantar querida! - a minha mãe diz com um sorriso no rosto.

- Vou já! - digo pousando a caneta em cima do livro e pausando a música, suspiro fundo pela a milésima vez hoje e tomo coragem e vou até a cozinha onde conversam animadamente.

Eles bebem vinho em copos requintados, lembro-me do meu pai beber deles, normalmente essas noites nunca acabavam muito bem.

- Querida, o senhor da oficina ligou a dizer que amanhã poderás ir buscar o teu carro! - ela diz, dando um gole no vinho com um tom avermelhado.

- Finalmente, estou farta de andar de autocarro! - sento-me a mesa, e vejo que a comida é lasanha, finalmente alguma Boa hoje.

- Vitória, a comida preferida do Hugo também é lasanha! - ela diz servindo-me.

[Acho que preciso de mudar de comida preferida]

Dou um sorriso falso e como a minha comida com o maior silêncio possível.

- E como estão a correr-lhe os testes? - a minha mãe pergunta tirando gelado do congelador.

- Bem, faltam apenas mais três meses! - digo, cruzando os talheres, o Hugo também é bastante reservado e calado, ainda não me dirigiu uma única palavra.