O meu padrasto

08

Vitória on:

As minhas pernas balançavam ao som da música alta que tocava nas colunas pretas.

Podia sentir o meu cabelo e a minha pele colantes da transpiração, perdi o meu casaco e as camisolas que trazia vestidas, estou apenas com um top de alças.

Sinto já não ter maquilhagem nenhuma, só o lápis preto esburratado.

Sento-me no sofá e tento procurar a minha mala, quando a acho no meio daquela confusão, também me deparo que é a confusão da minha mala, procuro o meu telefone onde tem 04:28 na tela.
Tenho umas mil mensagens e chamadas perdidas da minha mãe.

- Eu preciso de ir para casa! - Solto um Suspiro, ao olhar em volta e ver como há pessoas piores do que eu.

Levanto-me cambaleando, sei que não devo conduzir bêbeda, mas não tenho roupa e não me arrisco a ir de táxi e um homem qualquer  me tentar violar.

Saiu daquele lugar sem avisar ninguém, a horas que perdi a Bruna e a Lia.

O frio desperta-me quando bate na minha face que está rosada de dançar e do calor infernal dentro daquela casa que parecia uma estufa.

Demoro algum tempo a encontrar o meu carro, mas finalmente encontro.

Vou bastante devagar, meto rádio para me tentar acordar um pouco, vejo tudo atordoado e não sinto muito as minhas pernas.

Entro em casa tentando não fazer barulho.
Descalço as botas e deixo-as na entrada.

O Hugo está sentado e vê alguma coisa que passa na televisão, não consigo focar a imagem.

- A tua mãe estava preocupada! - pela primeira vez, está pessoa dirigiu-se a mim.

- Estás a falar comigo? - a minha voz arrasta-se, faço um gesto com a mão apontando para mim.

- Tu estás bêbeda? - ele levanta-se e está apenas de calções de fato de treino.

- Acho que começo a perceber o porquê de a minha mãe ter casado contigo! - riu-me ao pensar, estou tão tola. - Ela já é velha, como é possível tu estares com ela?

- Vitória! - ele diz num tom calmo.

- Eu sei, eu sei! Amor não escolhe idades! - digo rindo-me.

- Vá eu ajudo-te a ir para a cama! - ele vem até mim e agarra-me.