-Linhas Cruzadas-19

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Gretta sorriu com escárnio para Aurora, ao ver a garota parada em frente ao portão de sua casa, em cima de sua moto. — Você acha que eu vou subir nessa coisa? — A mulher questionou com indiferença.

— Essa coisa é a minha bebê... e vamos, não é você quem diz que quer viver, sair do seu mundinho? — Aurora provocou, sabendo que iria mexer no ego da mais velha.

— Ah! Mais claro, eu quero morrer mesmo, e não viver....— Gretta respondeu com ironia. — Guarde essa moto e pegue um dos meus carros.

— De forma alguma, por que será perigoso para voltar sozinha e vai que tem blitz, deixa de drama, qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?

Estava funcionando a estratégia da mais jovem, Gretta estava tentada a subir na moto, mas se prendia ao medo de está fazendo o papel de ridículo, pela idade... além de que realmente a mais velha achava muito perigoso moto.

— Você vai sentir a liberdade. Ou vamos de moto, ou ficaremos aqui plantadas até enraizar na rua. — Aurora tentou…

— Tenho outra alternativa?

Aurora balançou a cabeça negativamente, sorrindo, pegou um capacete e entregou a mulher.

Assim que Gretta pôs o objeto, Aurora ajudou a mesma a prendê-lo, colocou o seu de volta a cabeça, ligou a moto e deu sinal para a mulher subir. Gretta estava trêmula, realmente estava com medo, antes mesmo da garota acelerar a moto, a mulher já estava com os braços em volta de sua cintura, apertando forte fazendo Aurora sentir aquela ação da mulher com intensidade, porém algo diferente, gostoso... Gretta também se sentiu leve enquanto abraçava a jovem na tentativa de se proteger.

Aurora ia devagar, mas quando chegou na avenida, não resistiu e acelerou com vontade, fazendo Gretta lhe apertar com mais força e gritar para ela ir devagar, definitivamente a mais velha estava com medo, e Aurora estava se divertindo com isso. —Você nunca se arrisca, está com medo?— Aurora perguntou sorrindo, e aos gritos, para a mais velha escutar

—Para com isso, é sério, para. Ah! Meu Deus! — A mulher gritou mais uma vez.

— Confia em mim, abre teus braços e sente a liberdade.

— Você é louca, eu não vou fazer isso.

— Então eu vou empinar a moto.

Gretta arregalou os olhos e grudou mais na menina, Aurora não sabia se amedrontava a mulher por diversão ou apenas para sentir a mulher lhe apertar, a menina se sentiu confusa e murchou o sorriso, diminuindo a velocidade da moto. Às duas seguiram sem mais “gracinhas” da parte da garota, assim que chegaram de frente a casa da mais jovem, Gretta desceu da moto semicerrou os olhos encarando a garota. — Eu não subo em cima dessa coisa, nunca mais, entendeu, garota?

— Voltaremos no carro da minha mãe, pode ficar tranquila. — Aurora disse divertida.

Assim que entraram pelo portão, Gretta alinhou melhor suas vestes, e arrumou os cabelos, apesar de não demonstrar, estava nervosa, ia conhecer a família da garota pela primeira vez, estava com medo de ser antipática demais, ou grossa demais, às vezes mesmo sem intenção, ela era assim, e estava com medo de não agradar a mãe da menina.

— Chegamos! — Aurora exclamou aumentando o timbre suficientemente para ofuscar o som ambiente e chamar a atenção dos demais, deixando Gretta desconfortável, ela odiava ser o centro das atenções. — Gente, essa é Gretta, a mulher das linhas cruzadas. — Aurora ainda em voz alta, disse, deixando Gretta com as bochechas rubras.

— Esse é Bruna, meu namorado.

Aurora deixou para apresentar Bruno por último, ficou constrangida, porém, disfarçou bem. Gretta olhou com desdém para o jovem, lembrara a primeira vez que viu o jovem e achou que ele seria um meliante.— O rapaz de comportamentos primitivos.— A mulher murmurou ao dar um beijo no rosto do rapaz, fazendo o jovem olhar de um jeito confuso.

Linhas Cruzadas (Romance lésbico)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant