Capítulo 3 - Teclas Negras.

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Já pararam para notar como um piano ressoa o som de suas teclas negras?

São tão pequenas, próximas das teclas brancas, dando o tom necessário para que o som soasse perfeito ao serem tocadas com delicadeza.

Ou seja, um detalhe que faz toda a diferença no final, assim como a cidade sombria de Hanville.

Todos ali viviam diariamente suas teclas negras, teclas que no meio de todo o caos camuflado como vida, davam ainda um tom bonito a tudo que acontecia.

A garota destemida, que estava com o cara que não amava, tinha dentro de si sua tecla negra, que era o garoto de cabelos cacheados, no qual ela ignorava para não ferir os sentimentos do atual namorado.

O garoto de cachos que também a amava, vivia suas teclas negras, morando agora com seu amigo, mas mantendo vivo dentro si a esperança, que era ter a sua amada novamente em seus braços e poder finalmente se sentir completo.

Agora o garoto sem família, pego pela a morte dos pais e de sua avó a um ano, finalmente tinha sua tecla negra de volta ... uma nova família, mesmo sendo com a chegada de seu melhor amigo para morar com ele, pois assim ... o garoto com sonhos de ser um grande jogador de basebol, não se via mais sozinho.

Porém, o garoto de cabelos brancos, rico e que tinha tudo o que quisesse, ainda não havia encontrado suas teclas negras, pois afinal ... elas não estavam com ele e sim com seus pais. Suas teclas negras eram os seus pais e ele sabia disso todas as vezes que se olhava ao espelho e notava a semelhanças de ambos em seu rosto.
O garoto rico, ainda era vazio e sabia que de alguma forma que esse vazio iria com ele para todo o sempre.

Mas, por fim ... chegamos a tecla negra que mudaria o rumo de toda essa história.

Para o garoto anjo era nítido que ele não tinha apenas uma tecla negra e sim duas. Duas teclas que em um ano, o consumiu de certo modo que somente ele podia descrever.

Foram essas teclas, que o fizeram tomar uma das decisões, que talvez a mais erradas de sua vida, trazendo a tona aquilo que ele não podia mudar ... a morte!

Os olhos arregalados de Harry encaravam Azrael que envolto por sua névoa também o encarava.

Não demorou muito para que o garoto se colocasse de pé e fizesse reverência ao arcanjo da morte, que movendo apenas os dedos, levantou o rosto de Harry, naquele banheiro escuro.

- Vejo que finalmente conseguiu entoar o invocação. - Disse Azrael sério, enquanto sua voz ecooava pelo o banheiro.

- Tentei algumas vezes, mas deu errado! Mas, eu preciso de sua ajuda! - Disse Harry, que ofegante encarava os olhos brancos de Azrael.

Azrael caminhava pelo o banheiro, enquanto pegadas de sangue espesso e escuro marcavam o chão.

- Não era necessário a invocação, de qualquer modo eu estaria aqui hoje, por isso não funcionou mais cedo.

- Você quer dizer ...

- Louis! O filho de Ian como você mesmo deve saber, chegou a hora dele. Caro, Harry.

- É exatamente isso que eu preciso falar com você, deve existir outra maneira, sei lá ... ele está daquele jeito por minha culpa. Eu acertei ele na batalha, eu preciso reparar esse erro.

- Não é assim que as coisas funcionam. Você sabe que eu sou apenas o comissário da morte, não é? O seu erro, não me diz nada. Nosso Pai fez as coisas para serem assim, mas confesso que ter a alma de Ian seria algo extraordinário, mas me contento com a do filho dele.

- Espera! Como você queria ter a alma do Ian? Você já o tem, eu o matei!

- Quem disse? Querido, garoto anjo. Primeiro que você não é o nefilim que destruiu a profecia e segundo que se a graça de Ian estivesse extinta, eu saberia. Assim, como guiei a alma de Corbin, seu amigo.

OSC - PERDIDO NO TEMPO//Where stories live. Discover now