Primeiro Amor - Cophine

45 - Você não a minha amiga mesmo.

Pov Cosima

Meu coração estava quebrado, pisado, despedaçado, parece que colocaram ele no liquidificador e deixaram por muito tempo com as lâminas girando.

Como que a minha vida ficou assim?

Depois da nossa super briga, Delphine pegou suas roupas e saiu brava como se a culpa de todo fosse minha. Ela beija outra mulher e a culpa é minha?

Hoje era terça-feira e eu teria um longo dia com duas reuniões, logo hoje que eu tinha que estar bem?

Agora era umas sete horas da manhã quando ouvi um barulho na cozinha. Limpei minhas lágrimas rápido e levantei. Chegando lá, Walter estava sentado olhando para a Betina que estava já arrumada para o colégio. Ela estava catando uns cacos de vidro no chão.

-Hey, o que aconteceu? - Pergunto um pouco preocupada. - Você se machucou?

-Não, estou bem. - Levantou e colocou os vidros na pia. - Foi sem querer, desculpa.

-Tudo bem. - Fui na lavanderia e peguei uma vassoura para juntar os cacos pequenos. Coloquei o Walter na sala para ele não se machucar.

-Eu te acordei? - Ela pergunta assim que eu voltei para a cozinha.

-Não, eu já estava acordada. - Começo varrer o chão.

-Mãe... - Ela parecia não saber o que falar. - Eu ouvi a briga de vocês mais cedo. Está tudo bem?

-Eu não sei. - Fui sincera. - Mas não se preocupe.

-Eu me preocupo sim, vocês são as minhas mães e eu odeio ver vocês assim, foi tão legal ontem a gente jantando em família. - Seu semblante estava triste cortava mais o meu coração. Fiquei quieta diante as suas palavras, eu também tinha amado o nosso tempo juntas. - O que aconteceu?

-Meu bem, eu não quero que você tenha uma imagem ruim da Delphine ou minha, você só precisa saber que ela foi para casa do seu avô e vai passar uns dias lá. - Parei de varrer e encarei ela.

-O que?! Vocês realmente vão se separar? - Betina ficou notavelmente desapontada. - Mas vocês estavam se acertando.

-A gente só precisa pensar um pouco, ok?! - Ela concorda com a cabeça. - Vai ficar tudo bem.

-Eu não acho que irá. - Murmurou.

-Quando sair da escola, você vai para lá e depois eu te busco quando sair do trabalho, pode ser? - Eu estava bem receosa desse negócio da minha mãe sair então não quero que ela fique sozinha.

-Pode. - Soltou um suspiro triste.

Depois do café, Betina foi para a escola e eu fui tomar banho para me arrumar. Quando estava me olhando no espelho, vi que tinha uma marca no meu peito deixada por Delphine na tarde anterior. Meus olhos se encheram de lágrimas lembrando dos nossos momentos juntas e eu senti raiva.

Ela não podia fazer isso comigo.

Me arrumei chorando não sei se de raiva ou de tristeza, acho que um pouco dos dois. Fui para o trabalho. Não sei se vou aguentar esse dia.

...

Sexta-feira 11:00 da manhã

Três dias. Três dias que Delphine não dorme em casa. Estamos nós duas fazendo greve de silêncio mas eu perguntei para a minha filha como ela está porque Betina está passando a tarde toda lá e quando tem treino, ela vai depois. Ela me respondeu que Delphine não falou muito sobre mim, eu até prefiro assim porque não quero meter a nossa filha nisso.

Eu estou muito mal, não como direito, não estou dormindo bem também. Só penso em três coisas agora, Delphine, Betina e minha mãe. Os remédios que estão me ajudando. Mas é tudo artificial e eu sinto o peso disso o dia todo porque não consigo me concentrar em nada.