Cuidado, qualquer movimento pode fazê-lo... poxa, não adianta mais tentar, o copo já espatifou todo no chão, logo o de vidro. O jeito agora é pedir desculpas.
-Caramba! Me perdoe Dorothy, eu não vi o copo na borda da cômoda.
-Está tudo bem, Ford. Sabe, é muita gentileza da sua parte vir aqui e me ajudar a arrumar toda essa bagunça.
Logo depois de ver o estado daquele lugar, a senhorita Dorothy pegou a vassoura, o pano e tratou de começar a limpeza de seu apartamento, e Ford se ofereceu para auxiliá-la nessa tarefa. A moça ficou na cozinha, preparando o que podia com os alimentos que não foram roubados. Carol ficou encarregada de tirar a poeira dos cantos do quarto e reorganizar as malas no armário. Apesar de ter acordado no meio da confusão, rapidamente começou a limpar junto com a mãe e o amigo.
-Senhor Ford! Me ajude aqui com essa estante, não alcanço!
-Claro, tampinha! - ele riu enquanto erguia a menina, para ela poder tirar a poeira da madeira. -Sabe que não precisa me chamar de senhor, não é?
-Bem, eu costumo falar assim com que eu respeito.
-E para os mais velhos, certo?
-Não, por que eu faria isso? Eu chamo pelo nome mesmo. "Senhor" é para se respeitar, e como eu vou saber se cada pessoa mais velha é respeitável? Preciso conhecê-la primeiro!
-Você e suas teorias malucas, Carol.
-Minha mãe às vezes me diz que eu tenho seguir algumas regras, para ser educada com os outros, para quê? Por isso eu resolvi criar as minhas próprias regras, e eu as conto para quem quiser saber. E ela, claro, responde com um "você um dia vai crescer e entender".
-Bem, eu aprendi que tem vezes que um "vê se cresce" é direcionado a pessoas que escolheram pensar por si próprias e adaptar os outros a elas, não o contrário. Pessoalmente, penso que essa atitude é bem madura.
-Que legal que pensa assim, senh... quer dizer, Ford.
-Sobre o que aconteceu aqui na pensão, eu e sua mãe estávamos pensando em ir até a prefeitura e alertar sobre o ocorrido.
-Que bom, alguém tem que resolver os problemas por aqui, não é?
Ela esfregou o pano por toda a pratilheira, erguendo os objetos em cima dela. Enquanto passava, percebeu que segurava uma foto do pai no jardim com as duas, no casarão azul que foi o seu lar desde que nasceu.
-Essa aqui era a casa que a gente morava - ela mostrou o retrato a Ford. -Um lugar grande e bonito, com o meu pai de companhia inseparável.
-Que bonito o jardim!
Ele percebeu a carinha triste da garota enquanto admirava aquela foto.
-O importante é que você absorveu todos esses bons momentos, que vão servir de fortaleza no futuro. Estamos tentando melhorar o presente, e com insistência vamos conseguir.
-Se depender de mim, vamos mudar esse presente e fazê-lo muito mais legal, com passeios para os campos e faxinas.
-O café está pronto, venham comer!- gritou Dorothy, lá da cozinha.
Eles se sentaram e comeram o que foi feito com o pouco que restara: três tigelas de mingau de aveia com mel, uma refeição conveniente para aquela hora da manhã.
-É, eu acho que o nosso próximo passeio vai ter que ficar para daqui a alguns dias. - notou o velho. Em seguida sussurrou no ouvido de Carol . -Até lá, tenho um plano para alegrar a sua mãe.
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Caçador de Borboletas
General FictionTalvez alguém animado e jovem possa contagiar outro, se tornando mais realizado e deixando mais leve o fardo do rabugento. Texto e arte totalmente produzidos pelo autor desta obra, e a este é garantido o direito moral de ser reconhecido como criador...