O QUE FIZ DE TÃO ERRADO?

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     Sorrio e aceno para os meninos enquanto vejo o carro sumir virando a esquina. Volto o olhar para a faxada do café onde trabalho, respiro fundo fechando os olhos, relembrando tudo o houve dentro desse lugar e agora simplesmente tenho que voltar. Como devo agir depois de tudo isso que aconteceu? Digo algo a ele quando entrar ou só entro, coloco o uniforme e faço o que sempre fiz e espero para ver se ele irá dizer alguma coisa? Acho melhor a segunda opção.
     Lá fora eu não estava tremendo tanto assim, qual é... É só seguir, colocar o uniforme e ir trabalhar, não é um bicho de sete cabeças. Vamos Park Yeon Jia, você consegue...
     Pego as coisas em meu armário e começo a me despir. Sinto um nó na garganta e a cada vez que engulo a saliva parece rasgar todo o meu esôfago e ainda sinto meu corpo tremendo por dentro. Ao que parece o dia vai ser longo.

- Achei que assim que saiu por aquela porta com seu amigo arrogante, não iria voltar mais. - Paul diz com a voz surpreendentemente calma atrás de mim, fazendo com que eu me desequilibre e caia para o lado, batendo nos armários. - Meu Deus, você está bem? Eu não queria te assustar, me desculpe. - Ele tenta me segurar mas levanto antes que consiga tocar em mim.

- O-o que faz aqui de novo? E-e se eu..

- Eu vi quando você entrou e esperei um tempo para entrar também, achei que seria o bastante para você colocar suas roupas ou pegar as coisas que deixou aqui caso fosse embora.

- Estar aqui, vai contra tudo o que acredito e sinto que estou errando comigo mesma por me submeter a esse tipo de tratamento... - Falo com a voz trêmula mas antes que possa terminar Paul me interrompe.

- Eu pensei na forma que agi com você e em tudo o que falei para você naquela noite. Me desculpe, eu não sei no que eu estava pensando, quer dizer, na verdade eu pensei que pudéssemos ter algo e quando vi que não ia rolar, isso feriu meu orgulho e me fez agir por impulso. Não irá mais acontecer, eu prometo. Você pode trabalhar normalmente essa semana e tirar o fim de semana para ficar em casa. - Paul termina de falar e antes que eu me pronuncie ele vira as costas e sai do vestiário.

     Fico boquiaberta com o que acabei de ouvir, não que isso apague o que aconteceu e faça com que eu o perdoe mas eu não esperava por essa ação de sua parte. Esperava gritos, mau tratamento ou até mesmo que ele pedisse para que eu fosse embora e não foi nada disso que acabei de ver e ouvir.
     Sento-me no banco que fica no meio do vestiário, ainda com a expressão de surpresa em meu rosto. Agora parece ainda mais difícil de sair daqui e ir trabalhar, não sei como lidar com isso. Passo as mãos pelos cabelos como se quando eu alcançasse as pontas deles toda essa frustração fosse sair por elas, o que não acontece.

(...)

     Olho para o relógio que marca 22hrs em ponto. Solto um suspiro pesado e começo a desamarrar o avental andando até o balcão. O dia passou se arrastando de segundo em segundo mas enfim acabou, irei para casa, tomar um banho gelado e deixar toda essa tensão descer pelo ralo. Minha cabeça pulsa de dor em sincronia com as batidas aceleradas do meu coração, sinto meus ouvidos tapados, todos os sons se tornam abafados, fazendo tudo parecer distante como se eu tivesse passado o dia todo em modo avião. Confiro para ver se todos os caixas estão fechados e se as coisas estão em seus lugares,que para minha felicidade, está tudo certo.
     Volto ao vestiário e parece que esse maldito lugar já está virando ponto de encontro em mim e Paul. Ele está sentado no banco e me olha assim que passo pela porta.

- É sério isso? Vai mesmo virar uma perseguição? - Falo já indignada com a situação.

- Eu juro que não. Eu quero conversar com você, olhando em seus olhos como dois adultos que somos. Posso
te levar para casa? Eu não irei fazer nada contra sua vontade, prometo.

LÓTUS // Jung Hoseok Where stories live. Discover now