XCII. Contenção de Danos

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Alick estava parada na entrada da Gruta, indagando para onde tinham ido todas as bruxas. Era estranho ver aquele lugar tão vazio, somente com algumas sentinelas guardando a caverna e os olhares curiosos das criaturas que andavam pela floresta, cumprindo seus afazeres.

Quando ela se aproximou para perguntar onde estavam todas, uma das guardiãs informou que se preparavam para a batalha num posto avançado, de onde a Matriarca agora dava as ordens. De nada adiantava estar ali, então, pensou ela.

Sem saber quanto tempo Lyssa ainda demoraria para chegar ali, a bruxa decidiu seguir seu próprio caminho. Num dos cantos do salão, encontrou os pertences abandonados de uma bruxa - que provavelmente deixara a Gruta às pressas - e, dentro destes, tinta e papel, com os quais escreveu um recado à fada, pedindo desculpas pela forma como agira e dizendo-lhe para onde tinha ido.

Contente com o conteúdo da pequena carta, Alick a entregou nas mãos de uma das sentinelas.

- Lyssa está a caminho. Pode entregar isso para ela? - A bruxa olhou para a carta com certa desconfiança, mas aceitou o pedido.

Uma vez que esta colocara a carta em um de seus bolsos, Alick virou as costas para a Gruta e se preparava para seguir seu caminho pela Floresta, quando um som de passos apressados se fez ouvir em meio às árvores.

Uma jovem bruxa, provavelmente uma recruta ainda, passou pelo portal e foi, imediatamente, parada pelas sentinelas.

- Onde vai? Fugindo do trabalho, garota? - Perguntou uma das guardiãs da caverna. A novata balançou a cabeça, negativamente.

- Sou mensageira da Matriarca. Ela pediu que eu pegasse o livro de Azar, que deixou em seus aposentos. - A bruxa ofegava, como se tivesse corrido o mais rápido que conseguia até chegar ali. Provavelmente fora exatamente isso que fizera.

- Siga, então, mas não tire mais nada do lugar. - Foi a outra sentinela quem falou, segurando a mão da companheira, que ainda agarrava o pulso da mensageira.

Quando a jovem se preparava para correr na direção do corredor, no entanto, a preocupação rugiu no peito de Alick, fazendo com que ela parasse a mensageira com uma mão firme em seu peito, impedindo o próximo passo à frente.

- Ela pretende usá-lo? - Perguntou, temendo qual seria a reação das fadas àquilo.

- E-eu não sei. - A mais nova respondeu. - A Matriarca diz querer somente mantê-lo seguro, mas as conselheiras querem que os humanos usem.

Alick não respondeu, apenas respirou fundo e deixou que a bruxa corresse para dentro. Por pior que fosse aquela possibilidade, sabia que não podia fazer nada para dissuadir Asmin Flor-Invernal.

Menos de um minuto se passou antes da mensageira retornar ao salão com os olhos amedrontados e a respiração ainda mais acelerada que antes. Ela parecia prestes a explodir de medo e ansiedade.

- O-o... l-livro n-não está lá. - Falou, titubeante. - A M-matriarca disse que estava em sua prateleira!

- Tem certeza disso? - Alick já se preparava para o pior.

- Sim! Fiz exatamente o que ela me mandou fazer.

Imediatamente, o olhar da Ferro-Brasil cravou-se nas duas sentinelas, que olhavam uma à outra com preocupação e raiva.

- O que vocês sabem? - Alick perguntou. Elas claramente tinham feito algo extremamente imbecil.

- Três humanos vieram aqui mais cedo, procurando por Estella. Não sabíamos que ela não estava aí, então deixamos que entrassem.

- E sequer suspeitaram? - A Ferro-Brasil não conseguiu resistir ao impulso e socou o rosto de uma delas, que caiu no chão com um baque. Antes que a outra pudesse puxar sua arma, Alick já tinha as garras em seu pescoço. - Vocês merecem pior do que um soco no rosto.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Where stories live. Discover now