Capítulo 25

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     Henrique ajeitou-se no sofá. Andriele finalmente tinha dado parte do ex-marido quanto as agressões e tinha conseguido uma medida protetora contra Rogério. Ela queria ligar para a filha, mas conseguiu convencê-la de que era arriscado agora. Primeiro teriam que comprar um outro chip de celular para ter um novo número e depois ela falaria com a filha. Falou com Roberto sobre a estadia dela ali na fazenda e o patrão o olhara torto, e por causa disso, resolveu contar o porque de Andriele estar ali. Sabia que ele tinha compreendido, mas não acreditara que ele não tinha nada com a moça. Quanto a Camila, estava cansado de suas  criancices e não ia correr atrás dela para se explicar, afinal não tinha feito nada demais. Não suportava cenas de ciúmes, nem de Patrícia, que era a mãe de sua filha e sua mulher, conseguira suportar, quem dirá de uma pessoa com a qual estava tentando um relacionamento. Fechou os olhos e mesmo não querendo, ela lhe veio a mente. Pegou o celular e entrou no aplicativo de bate papo, ela não estava online. Jogou o aparelho pro lado e tentou dormir.

     Camila desceu para o café da manhã, não estava de bom humor, e logo a mãe percebeu.
   - Bom dia pra todos.-falou Camila se sentando.
   - Seu namorado te deu os canos?- debochou Mariana.
   - Isso não é da sua conta.- rebateu Camila, se servindo de um café.
   - Não vão começar.- repreendeu a mãe.
   - Parei!- falou Mariana.
   - Camila, nós vamos para Presidente Prudente.- comunicou o pai.
   - Fazer?
   - Haverá um leilão e vou levar o quarto de milha.
     Mariana olhou para o pai.
   - Ele é meu.- murmurou ela.
   - Era para ser seu.- corrigiu o pai.- Tenho um comprador em potencial pra ele.
   - Eu não vou ficar grávida pro resto da vida.- gritou Mariana.
   - Quem toma as decisões aqui sou eu.- falou o homem, firmemente, sem se alterar.- Nem sei se você voltará a treinar. Terá seu tempo muito ocupado com seu bebê.
   - Por isso não queria essa criança.- berrou ela, se levantando.
   - Sente-se!- berrou o pai.
     Mariana se sentou.
   - Você nunca mais ouse falar isso perto de mim.- falou o homem, pausadamente, num tom, que todas ali sabiam, era ameaçador. - Eu tinha que ter cortado suas asinhas quando era mais nova, mas já que não o fiz, vou deixar você aprender pela dor da perda, que tudo tem suas consequências.
   - Do que o senhor está falando?- perguntou ela, com voz trêmula.
   - Depois que essa criança nascer, você terá que trabalhar...
   - Eu nem terminei meus estudos...
   - Vai poder estudar, desde que pague, com o seu dinheiro, uma pessoa pra olhar do seu filho.
   - Roberto, está sendo radical demais.- falou a esposa.
   - Não.- disse o homem.- Ela tem que saber dar valor as coisas. Eu sonhei o mundo pra ela.- terminou o homem, quase gritando.
   - Mentira!- desafiou Mariana.- A sua preferida sempre foi a Camila. Tudo era pra Camila. Camila pode estudar. Camila pode morar fora. Camila pode trazer um homem pra dentro de casa. Tudo é a Camila, pro senhor.- gritou Mariana.
   - Epa! Não me põe no meio disso.- falou Camila.
   - E eu e Janaína? Sempre fomos o estepe, não é mesmo?!
   - Pare de falar besteira, menina.- falou a mãe.- Amamos todas igualmente.- a mulher se levantou e foi se sentar ao lada da filha e a abraçou.- E já amamos o seu bebê, filha.
   - Não parece. Papai só está tirando as coisas de mim. Está me castigando por causa da gravidez.- chorou ela.
   - Venha, vamos conversar um pouco.- falou Márcia, levando a filha para o quarto.
   - O senhor foi radical demais.- comentou Camila.
   - Um chá de realidade às pessoas faz bem.- disse Janaína se levantando.- Vou pra aula que hoje tem prova. Tchau.- disse, dando um beijo no pai.
   - Tchau, boa prova.- falou o homem.
   - Quanto ao leilão, pai...- começou Camila.- ... vá com Henrique.
   - Por que?
   - Tenho que terminar os preparativos da festa.- isso era um bom pretexto para tirar Henrique de perto daquela mulher.
   - Tudo bem.- disse o homem, se levantando.- Não vou discutir sobre isso também.
     Camila não disse nada. Se levantou e foi para o estábulo.

     Henrique entrou no estábulo e sorriu ao ver Camila selando Joey, o que fez com maestria dessa vez. Aproximou-se.
     Camila montou no animal e sentiu o coração disparar ao ver os olhos cor de mel presos nela.
   - Sai da frente.- falou ela, mas viu ele passar a mão na cara do animal, tirar seu pé do estribo e no instante seguinte ele estava sentado na garupa do cavalo. Sentiu o coração falhar uma batida, quando sentiu as mãos grandes acariciarem sua cintura.
   - Já saí da frente, agora vamos.
     Camila fechou os olhos ante o arrepio que percorreu sua espinha, ao sentir a respiração dele em sua orelha. Sorriu pra si mesma. Incitou o cavalo a sair num trote lento.
     Não disseram nada até ela parar o cavalo na mata. Henrique desceu primeiro e esticou os braços para ajudá-la a descer, o que ela aceitou. Grudou o corpo ao dela, um braço envolta da cintura fina e a outra mão a segurando pela nuca, imobilizando-a.
     Camila viu a boca masculina se aproximar da sua e não quis fugir. A língua quente e úmida procurou a sua com lascívia, e seu corpo correspondeu a carícia excitante grudando-se ao dele. Ele terminou o beijo com uma mordidinha em seu lábio inferior.
   - Por que me beijou assim?- perguntou ela, lhe dando as costas.
     Henrique se aproximou e a abraçou, um braço envolta de sua cintura e o outro envolta dos seus ombros.
   - Porque eu te quero mais que tudo.- sussurrou ele, em seu ouvido.
   - Mas enquanto aquela mulher estiver em sua casa... não consigo conter esse ciúmes que me invade.- disse ela, sincera.
   - Voltamos a estaca zero, não é mesmo?!- ele se afastou.
   - Não posso fazer nada.- disse ela, voltando-se para ele.- Eu nunca tive esse sentimento por nenhum namorado meu, mas não suporto a idéia daquela mulher linda estar na sua casa. É mais forte que eu.
     Henrique virou-se para ela, e falou exasperado:
   - Sim Camila, ela é linda, mas é você que eu quero, é seu cheiro que está gravado em minha mente, é sua imagem que não sai da minha cabeça, é a sua pele que quero sob minhas mãos.- confessou ele, a segurando pelos braços.- É nos seus olhos que me vejo totalmente rendido.
     Camila fechou os olhos quando os lábios dele acariciaram os seus, levemente.
   - O que mais você quer, Camila?- perguntou ele, de encontro a seus lábios.
   - O que eu quero você não vai fazer.- falou ela se afastando e montou Joey. - Tudo o que você disse, eu também sinto na mesma intensidade, mas também estou sendo sincera ao dizer que não suporto e que não aceito Andriele em sua casa. Você fez a sua escolha, e vou respeita-la.- concluiu saindo a rápidos galopes.
     Henrique crispou as mãos. Por que Camila tinha que ser tão cabeça dura? Prometera que não correria atrás dela para se explicar, mas fizera pior, se declarara, e o que ela fazia? Lhe dava as costas, como se não houvesse lhe dito nada.
     Voltou para casa a pé, o pensamento num turbilhão.

Pra Sempre Em Teus BraçosWhere stories live. Discover now