6 - marinette

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A azulada havia acordado alegre, era como se ela estivesse em um dia de verão ao invés de outono e seu ânimo a permitia fazer várias coisas. Era sábado, não estava frio, acordou às oito da manhã e era sua folga. A azulada colocou fones nos ouvidos e decidiu limpar todo o apartamento.

Enquanto varia, passava pano, lavava, secava ou guardava ela cantava e dançava pelos cômodos, sem se lembrar o quão barulhento isso deveria ser.

Estava tocando um de seus álbuns favoritos da boyband britânica, que era o "Take Me Home". Ela não aguentou quando "Kiss You" e cantou alto quando a voz de Harry invadiu seus ouvidos, e fez com que a vassoura que segurava fosse seu mais novo microfone:

- "Oh, tell me, tell me, tell me how to turn your love on
You can get, get anything that you want
Baby, just shout it out, shout it out
Baby, just shout it out, yeah" - ela riu de alegria e dentro de si, ela pensou quão boba a música era e quão idiota ela era por ainda escutar aquele grupo.

"Não estou sendo idiota! Isso é quase igual a minha mãe que é apaixonada nos 'The Beach Boys'! Posso continuar sendo Directioner tranquilamente!", pensou consigo mesma e continuou a dançar.

Quando "C'mon C'mon" começou a tocar, ela teve que colocar o rádio para tocar aquela música animada. Então, continuou dançando e cuidando de sua moradia.

Ao terminar, desligou o rádio e foi até o quarto reserva, onde ela chamava de "quarto de arte". Colocou uma playlist mais tranquila e continuou a pintar um quadro para sua mãe, que era uma foto que a mesma havia tirado da China.

Havia passado a tarde toda no quarto com o rádio tocando as músicas de sua playlist. Ao perceber que estava a mais de seis horas sem comer, ela foi até a cozinha, desligando o rádio, ouviu as teclas do piano e ela parou onde estava.

O vizinho estava tocando e era uma das melodias mais lindas que ela já ouvira. Ela não reconheceu, então pensou ser uma sonata ou uma banda que nunca havia escutado antes, mas se encaixava mais em música clássica.

Seus braços e pernas estavam arrepiados e pareciam moles. Ela foi até seu sofá nas pontas dos pés, como se até seus passos pudessem interromper a maravilha que Adrien tocava. Se sentou e fechou os olhos, escutando atentamente a música.

Aquilo acalmou toda a alma bagunçada de Marinette e era como se nunca mais fosse derrubar mais nada na vida e nunca mais fosse chorar novamente. Era um sentimento tão bom e puro, parecia que ela precisava daquilo.

Quando acabou, ele foi diretamente para outra, parando por somente dois segundos. Era pura obra de arte o que estava soando do andar de cima e ela poderia ouvir ele tocar por toda a eternidade.

Queria estar na frente dele, vendo os dedos dele deslizando pelas teclas e tocando elas com delicadeza. Mas, apenas ter a oportunidade de ouvi-lo era a melhor coisa de todas, vê-lo tocar parecia muita sorte para apenas uma vida.

O fim da música tinha um tom triste, mas parecia acabar tudo bem. Ao acabar de tocar a segunda música, o garoto ficou em silêncio e ela não fez diferente, ficou quieta e sentiu seu coração calmo. Ela queria abraçar o loiro apenas uma vez.

O loiro havia a feito chorar como uma criança que não ganhou o doce. A melodia e cada nota tocada nas duas músicas que ele havia tocado, a emocionou totalmente e cada centímetro de seu corpo foi comovido pela sonata.

Marinette claramente não entendia um pingo de piano. Mas, ela sabia que quando Adrien tocava ela deveria ficar quieta e escutá-lo com atenção , e tudo dentro dela, que era agitado como ondas em tempestades, era acalmado com aquela harmonia.

Aplaudiu o garoto, com lágrimas ainda escorrendo pelas bochechas, sabendo que ele ouviria.

- Tocou lindamente, Adrien! - disse, olhando para cima, com um sorriso bobo nos lábios. - Estou chorando, você é muito bom! - ela enxugou as bochechas.

- Obrigado! Desculpe ter te feito chorar. - ele a respondeu.

- Tudo bem, foi de emoção! - ela disse, ainda sorrindo, e olhando para cima.

Então, pensou no quanto ela queria sentir ele nos braços em um abraço confortavelmente apenas por um momento e era o que o coração dela queria. Não pensou duas vezes, pegou a chave e saiu porta a fora, tentando se lembrar em qual número ele morava. Era frustrante como sua mente não guardou o segundo número apenas o primeiro, era como se a unidade fosse deletada.

"Moro no vinte e..., quarto andar." Era o que ecoava na sua cabeça. "Como vou encontrar ele assim?", pensou consigo mesma, enquanto subia o lance de escadas.

Ao olhar para o andar, parecia ser o mesmo que o dela, então ele, provavelmente, deveria morar no mesmo lugar que o dela. Pensou procurar o dela ao invés do vinte e alguma coisa de Adrien. Assim, parou na frente do vinte e dois. Será que era esse? Deveria ser, claro.

Hesitou antes de bater levemente na porta. Demorou alguns segundos antes de um loiro com cabelos bagunçados e de camisa branca aparecer, com um olhar um pouco confuso e triste.

- Marinette? - disse em tom de pergunta e ela esqueceu totalmente o que iria fazer. - O que está fazendo aqui? Quer entrar?

- O-oi! - ela gaguejou de nervosismo, sentindo suas bochechas corarem. - Ér... Não precisa, obrigada... Eu só... - então, ela lembrou (como se houvesse esquecido totalmente) e pulou nos braços dele, o abraçando fortemente. Depois de um tempo, sussurrou, perto da orelha dele:

- Desculpe, eu precisava fazer isso.

Ele abraçou a cintura dela fortemente, a tirando do chão, e afundou a cabeça no ombro da azulada. Ela se sentiu melhor ao abraçar o loiro, era como se precisasse daquilo para seguir em frente.

Algum tempo depois, afroxou o abraço e ele a soltou, a devolvendo ao chão.

- Desculpe por isso e obrigada. - se virou e foi embora, sem se virar novamente, embora pensou ter ouvido o esverdeado a chamando.

Não espiou dentro do apartamento dele, pois parecia errado tentar, mas iria guardar para sempre o cheiro que ele guardava em seu pescoço e a força que ele tinha nos braços.

Por um segundo, ela soube que havia pensado que queria morar nos braços dele, mas ignorou o pensamento e fingiu que ele nunca havia passado em sua mente.

neighbors | [AU] adrinetteWhere stories live. Discover now