7.carson

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É mesmo Lilly Avra quem está paralisada no meio da estação de metrô, usando o seu casaco peludo e segurando o que parece ser uma sacola de papel completamente rasgada

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É mesmo Lilly Avra quem está paralisada no meio da estação de metrô, usando o seu casaco peludo e segurando o que parece ser uma sacola de papel completamente rasgada. Ela desvia os olhos dos meus e disfarça, procurando algo em volta. Quando não encontra nenhum jeito de sair correndo, ela acena de forma tímida.

― Aquela gostosa está acenando para você?

Olho rapidamente para Wayne ao meu lado. Nós estudamos juntos e estamos na mesma equipe de hóquei. Eu não contei a eles sobre Felicity porque não acreditariam na minha sorte. Mas não gosto como eles olham para ela, então o empurro.

― Cala a boca.

― Ou. ― Seth bate com a mão no meu peito. ― Fica na boa, mano. E você ― seu dedo aponta para Wayne e os outros ― não mexa com a garota dele.

Fico feliz que Seth esteja na nossa equipe de hóquei, mesmo que ele odeie. Mas o cara é um líder nato. Ele sabe como nos colocar na linha e nos levar para a vitória. É bom que o time ouça o que ele tem a dizer, porque eu não quero brigar com ninguém. Deixo o grupo e me aproximo de Lilly.

Os olhos dela, mergulhados em círculos escuros, parecem exaustos. Mesmo assim, ela parece linda, com seus cabelos loiros descendo em cascatas pela escuridão do seu casaco e os tênis surrados e masculinos que ela deve ter herdado do irmão. Há uma bituca de cigarro rolando em seus dedos e ela a joga no chão sem cerimônia, pisando nele quando estou bem perto.

― Gostei do uniforme. ― Ela aponta para o meu moletom branco. ― O que vocês são? Uma equipe de enfermeiros voluntários bonitões?

― Não sei. ― Olho para a palavra Hotspurs escrita em vermelho. Impetuosos não parece muito com uma equipe da saúde. Dou de ombros. ― Se você estiver precisando de cuidados, quem sabe.

Lilly deixa um sorriso escapar. Eu não sei se estou imaginando, mas acho que ela parece quase aliviada quando me vê. Até ela balançar a cabeça e desviar os olhos.

― Nós jogamos hóquei. ― Aponto para trás. ― Pelo colégio. Você quer conhecer os caras?

― Não sei. Eu nunca me dou bem com gente da escola.

― Eles não são tão ruins. Só meio imbecis. Estamos indo comer. Quer vir?

― Eu já comi. ― Ela mostra a sacola rasgada. ― Eu até dividi a minha comida com um ataque mendigo.

― Ei, Carson! ― Um dos garotos do time grita. ― Vocês vêm ou não?

― Ouviu? Estão te incluindo. O que você vai fazer agora? Tem algum show?

Lilly considera, analisando o grupo. Ela acena para Seth e ele ergue a mão de volta. Quando volto a fitar seu rosto, ela se concentra no meu.

― Não tenho nada. Meu pai e meu irmão estão torrando o dinheiro do natal por aí. Vamos voltar a cantar só depois do ano novo. Em três dias, mas são três dias que eu não ganho nada.

― Você não pode fazer alguns solos pela cidade?

― Não. Meu pai tranca o meu violão. ― Ela dá de ombros. ― Sabe, eu vou com vocês. Acho que é a primeira vez que vejo tantos garotos juntos que tomaram banho em poucas horas.

Não consigo não rir quando me viro. Lilly me segue, caminhando diretamente para o nosso grupo penteadinho e perfumado com moletom dos Hotspurs, o time do colégio.

― Deixa eu fazer isso dessa vez. ― Ela segura o meu braço assim que a gente para. ― Ah, oi. Eu sou a Lilly.

― Avra. ― Seth completa. ― Ela é cantora.

O resto do time parece meio deslumbrado com Lilly. Eles acenam de volta e perguntam a ela sobre música e onde tem cantado. Bato no ombro de Seth em agradecimento e ele empurra o meu rosto. Ele a integrou ao grupo e Lilly fez sua mágica. Está completamente à vontade com os Hotspurs enquanto caminhamos até a estação.

Algo como alívio me atinge quando nos sentamos sozinho em um dos bancos. A noite está fria e os turistas estão voltando para o hotel. Então temos muita conversa sobre hóquei, o que queremos comer e piadas com Seth por causa da bailarina.

― Não enche Wayne. ― Ele cruza os braços. ― Você beija como um pato procurando piolho e quer falar de mim.

― Como é que você sabe como eu beijo? Você já me beijou?

Todos nós vaiamos e Seth começa a rir, entrando na brincadeira. Olho para Lilly e ela está completamente envolvida na conversa como uma criança que tem a chance de estar sentada com os pais em uma conversa madura pela primeira vez. A diferença é que nós é que parecemos ter cinco anos.

― Wayne, você está na internet. ― Seth retruca. ― Bicando aquela menina da minha sala. É a coisa mais feia que eu já vi! Todo mundo usa o seu beijo como exemplo negativo.

― Você usa o exemplo desse cara? ― Ela sussurra.

― Na verdade, eu nunca vi esse vídeo. ― Insegurança se alastra pelo meu corpo. ― Você acha que eu deveria?

― Eu acho que está perfeito.

Não sei se é muito patético ficar vermelho enquanto encaro o rosto angelical de Lilly. Eu acho que ela gosta porque sua mão toca o meu cabelo e ela sorri um pouco mais. Quando ela se aproxima, meus ouvidos ficam cobertos e não ouço mais o time. Não ouço nada além da corrente sanguínea acelerando o meu corpo assim que os lábios dela tocam os meus.

Ela tem gosto de fumaça e caramelo. E sua língua é macia contra a minha, conduzindo nossos lábios lateralmente para um encaixe perfeito. Seguro o pescoço dela e Lilly sorri, girando para o outro lado. Quando nos separamos, ela olha rapidamente para o time e abaixa o rosto de um jeito sem graça, passando o cabelo para trás da orelha.

― Acho que você é o exemplo positivo agora.

Ela cruza os braços e vira o rosto pela janela. Mas através do reflexo eu posso vê-la sorrindo. Sorrio ainda mais quando olho para os rostos invejosos à minha frente. E, pela primeira vez, me sinto o cara. Graças à mulher maravilhosa do meu lado. Meu braço escorrega por cima do ombro dela e Lilly segura minha mão, enlaçando os nossos dedos.

Parece que eu ganhei mais do que uma aposta naquele natal. Pelo modo esquisito como meu coração está batendo, acho que ganhei o presente mais incrível do mundo.

― Puta merda. Eu sou muito sortudo.

Isso a faz gargalhar. Ela tem um jeito rouco de sorrir, acho que é o cigarro. É charmoso e irresistível. Tudo nela é incrível e apaixonante. A merda maior é que me tornei um completo babaca com tudo isso. Porque eu estou apaixonado pela cantora de rua maluca e complicada. 

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GORGEOUS | Spin-off ✓Where stories live. Discover now