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 |Hendall|

Todos estavam dentro do "dormitório" improvisado. Cada um próximo do outro, os corações quase saindo pelas suas bocas e as pernas bambas feito gelatina.

Imóveis.

A bomba caíra perto de nosso quartel, talvez uns 500 metros ou 7 km, nós nunca saberíamos. O medo estava gritante, eu conseguia sentir o descontrole e os pensamentos absurdos que passavam por suas mentes.

Medo.

Apenas isso chegar e terá desestabilizado centenas ou milhares de pessoas sem pestanejar; por aproximadamente uns 20 ou 30 minutos, elas irão se tornar estátuas vivas. Nenhum movimento além de seu peito subindo e descendo por conta de seus pulmões lutando para dar vida à pessoa.

—Irei lá. —Murmuro para Liam que segurou meu pulso com força, seu olhar dizia claramente que aquela era uma péssima idéia, bom... Realmente era.

—Já se passaram 30 minutos, Liam. Não houveram mais explosões e nem tiros de alerta. Alguém precisa ir lá verificar, e se dependermos desses soldados... —Aponto para todos que estavam ali —...Estamos todos mortos!

—Deixe-a ir, Liam. —Louis sussurrou e o homem o olhou com indagação, enquanto eu olhava-o com surpresa. Na maioria das vezes o Louis só confirmava o que Liam dizia.

O que podíamos fazer, se o Payne era o mais responsável dessa merda toda?

—Vocês dois estão loucos?

—Irei voltar, eu prometo. —Me levantei e os olhares de todos vieram para cima de mim. —Vou verificar lá fora. A paz, irmãos... —Murmuro segurando a mão num aperto do mais velho e beijei as costas da mesma.

—Não lide como uma despedida, irmã. —Liam deu um sorriso caloroso e imitou meu gesto. Dei um pequeno sorriso antes de levantar e andar com cuidado até a entrada de latão, seguro a maçaneta de ferro e respiro fundo antes de empurrar a porta pesada.

Fecho levemente meus olhos para me acostumar com a claridade. O cheiro de queimado dava para ser sentido de longe, provavelmente havia um incêndio ali por perto.

—Vamos, foco.

Comento tentando abandonar os pensamentos que insistiam em inundar minha mente. Passo o olhar em todo o perímetro antes de correr até o arsenal. Minhas botam se chocavam contra as pedras com violência, entretanto não me impedia de escutar o que acontecia em minha volta; escuto vozes mais à frente e trato de me esconder atrás de caixas empilhadas de madeira que perto da porta do Arsenal.

—... Temos que ser rápidos, eles podem perceber o roubo. —Um rapaz falava com seu parceiro, sua voz continha medo e provavelmente receio. Não o culpava por sentir medo, entramos nessa por intrigas dos gigantes que estavam no poder.

Como quer ser o orgulho dessa nação, sendo que nem coragem você tem! —Um dos mais velhos resmungou enquanto colocava munições dentro de uma mochila.

Precisava pensar em algo o mais rápido possível, eles terminariam de pegar o armamento em poucos minutos. Me abaixo pegando uma das facas que guardava e suspiro pesado, aquilo deveria ajudar em algo.

Entro no lugar calmamente e sorri para os três homens que estavam ali dentro. Checo calmamente o lugar e apenas dou uma tossida pra chamar atenção.

—Roubando o exército alheio? Que feio. —Comento e logo escuto um disparo fazendo minha cabeça ricochetear, um tilintar da bala ecoou pelo salão me fazendo voltar com a posição normal. Aqueles olhares... Tive tantas saudades do medo e pavor.

—O que... O que você é? —Um sotaque pesado das palavras me fez sorrir abertamente e apenas dei outro passo para frente. Tombo minha cabeça para o lado e paro em poucos passos deles; mais novo tinha a arma empunhada em suas mãos tremulas e apontada para mim; os outros dois seguravam uma espécie de pistola, eles apenas esperavam um movimento errado para meterem bala.

—Isso não será necessário, rapazes, e vocês sabem disso, não? —Arrasto meu pé para mais perto e escuto um clique. —Tsc... Tsc... Quanta falta de classe. —Arremesso a faca acertando a garganta do mais velho e me aproximo rapidamente do mais novo, ficando atrás do mesmo como um escudo humano.

—Você está sem nenhum armamento, garoto. Se renda e prometo pedir para meus superiores terem piedade do seu exército!

—Oh, és tão nobre!— Finjo estar começando a soltar o garoto, mas apenas ajeito as mãos em sua cabeça e queixo. —Mas eu não sou.— Faço um movimento forte e apenas pude ouvir o grito e os tiros da arma a frente. Passo a língua em meus lábios e pego a arma que o garoto, agora morto, possuía.

—Então, alguma palavra final?

Encosto o cano frio na testa do soldado e observo com atenção a fisionomia do senhor; seus olhos brilhavam pelas lágrimas enquanto ele fazia uma oração silenciosa com uma convicção admirável, deixando o revólver vazio cair de suas mãos.

—Não? Humpf, que pena... —Aperto o gatilho e o corpo apenas tomba com agressividade até o chão, enquanto algumas gotas apenas foram de encontro ao meu rosto.

—Nojento. —Resmungo tentando limpar com minhas mãos.

Pego minha faca e guardo-a em minha bota novamente, me aproximo da bolsa que estava no chão e arqueio as sobrancelhas ao ver o que tinha ali. Droga!

Corro para fora do galpão com rapidez e abro minhas asas, precisava tirar aquela carga dali o quanto antes. Alcanço voo segurando a mala em minha destra, breve lançando a mochila com força, apenas escutando o ultimo clique antes de ser arremessada com brutalidade para o chão devido à explosão.

O plano não era apenas roubar, eles iam explodir o centro de armamento após a evacuação, dando a entender que tudo havia sido perdido por um ataque impremeditado. Íamos ficar sem proteção, sem meios para o ataque e começando a entrar num prejuízo em batalha, sem levar em consideração dos hangares destruídos pela explosão.

Apoio minhas mãos nas paredes do buraco e tento me levantar, meus ouvidos zumbiam e minha visão estava turva. Começo a tossir devido a quantidade absurda de areia tostada e fumaça que subia; minhas pernas começam a tremer quando me abaixo para pegar impulso para sair daquele barranco.

—Vamos, já acabou. —Murmuro para mim mesma enquanto caminhava mancando até o dormitório. Ao chegar, apenas dou alguns murros na parede de latão e grito que "estava tudo bem".

Aos poucos todos saíram com receio e me olhavam com os olhos arregalados, provavelmente pela situação das minhas roupas; as mangas estavam chamuscadas, calça cheia de rasgos e meu rosto coberto por fuligem.

Tomo um susto ao sentir um soco e em seguida um abraço, apenas retribuí sem entender o que acabara de acontecer:

Eu era incapaz de morrer, mas por qual motivo tive tanto medo que acontecesse?

This Is War {H.S}Where stories live. Discover now